Os noticiários internacionais são um braço simbólico das agendas geopolíticas do imperialismo

Redação Desacato.- Sofia Andrade e Marina Caixeta entrevistaram no Mural da Manhã de segunda, 20 de maio, o Doutorando em Geografia, Francisco Fernandes Ladeira, também autor do livro A ideologia dos noticiários internacionais, que terá em breve seu segundo volume publicado.

Todos os grandes jornais do Brasil se vendem como apartidários e defensores da pluralidade de opiniões. Mas o que dá para perceber é que a ideologia dos noticiários especificamente internacionais está ligada exclusivamente ao pensamento das grandes potências imperialistas. É como se fosse um braço simbólico dessas agendas geopolíticas, a começar pelas próprias fontes de informação. 80% dos noticiários que circulam pelo planeta são produzidos por mais ou menos meia dúzia de agências internacionais de notícias atreladas a essas potências hegemônicas. Então temos, não só no Brasil, na Argentina, no México ou na África do Sul, um noticiário desse mainstream midiático altamente voltado para as agendas geopolíticas imperialistas. Evidentemente, a imprensa não fala que está defendendo interesses dos Estados Unidos ou do neoliberalismo e ela usará uma série de artefatos discursivos para iludir o público: desde atalhos cognitivos até a escolha dos especialistas que vão falar na grande imprensa que Francisco Ladeira chama de especialistas em legitimação. Especialista em legitimação é aquele acadêmico, intelectual ou escritor que vai, por exemplo, na Globo, na Folha de São Paulo ou Band News falar exatamente aquilo que é a linha editorial pró-imperialista. Os jornais se escondem sobre um verniz da neutralidade. Por exemplo, a palavra “democracia” não tem nada a ver com democracia. Na realidade, a democracia na grande imprensa vai estar conforme o posicionamento de um ator geopolítico: se é pró-imperialista, vai ser “democrata”; se é contra o imperialismo, é “ditador”. Da mesma forma, as eleições vão ser “limpas” se forem realizadas num país pró-Estados Unidos, senão a eleição vai ser “manipulada”. Um caso emblemático foram as eleições para o Poder Legislativo da Palestina em 2006, para a qual o Hamas conseguiu a maioria no Parlamento. Vários observadores internacionais da União Europeia e dos Estados Unidos falaram que foi uma das eleições mais limpas que eles observaram. A partir do momento que saiu o resultado, na imprensa global começou a se dizer que foi uma eleição manipulada, fraudada e é basicamente assim que funcionam os noticiários internacionais.

Assista à entrevista completa no vídeo abaixo:

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