Os muros ainda erguidos

Muro indo para Ramallah, Cisjordânia. Foto: Tali Feld Gleiser.
Muro indo para Ramallah, Cisjordânia. Foto: Tali Feld Gleiser.

Por Thiago Burckhart, para Desacato.info.

Neste último 9 de novembro, foi comemorado em diversos cantos do mundo os 25 anos da queda do muro de Berlim. Um evento histórico com largas dimensões geopolíticas e que proporcionou, de fato, o reencontro de famílias e amigos separados por um muro, separados por pensarem de forma diferente, por viverem em regimes políticos diferentes. A queda do muro representa uma grande conquista para a humanidade, afinal, quanto menos muros no mundo melhor será o nosso aprimoramento de conviver com o outro. Esse outro é o diferente de nós, diferente daquilo que estamos acostumados.
Entretanto, apesar de a queda do muro de Berlim ter sido uma grande vitória, há que se lembrar que ainda existem muros visíveis e invisíveis que nos apartam, nos separam da convivência, do amor e da sabedoria. Engana-se quem pensa que a queda do muro de Berlim fez cair junto consigo a ideia socialista, pois esta continua a fazer parte do imaginário e da militância de muitas pessoas. Infelizmente, o grande monopólio midiático insiste em afirmar e repetir esse discurso, esquecendo-se do fato que existem muros erguidos ainda hoje, que separam povos, como é o caso dos muros que separam os EUA do México, os muros na Cisjordânia, a Caxemira na Índia e a fronteira entre Coréia do Norte e Coréia do Sul, por exemplo.
Esses muros de nosso tempo são frutos de conflitos, alguns genocidas como ocorre na Palestina, de divergências ideológicas ainda presentes no nosso tempo ou mesmo de interesses econômicos que pesam mais que a vida de seres humanos. Apesar de a queda do muro de Berlim ter se mostrado, naquele tempo, como uma nova possibilidade para o mundo: um lugar com menos guerras e mais integração entre os povos, esses muros de hoje ainda tentam dividir o mundo. Para além desses muros concretos e visíveis, ainda existem os muros invisíveis mas que se evidenciam na desigualdade social de nosso tempo, na pobreza, na miséria e na falta de oportunidades aos que mais necessitam, frutos de nosso regime.
Há que se acabar com os muros. Sejam eles quais forem. A humanidade é uma só e habitamos um único planeta, que é nosso. Acabar com esses muros é um passo à frente na concretização do direito à paz e à convivência inter e multicultural. Demolir esses muros é construir novas possibilidades e novas perspectivas, é unir corações e vidas.

Thiago Burckhart é estudante de Direito.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.