Por Viegas Fernandes da Costa.
Os melhores professores que tive, aqueles que mais me ensinaram coisas realmente importantes, nunca precisaram humilhar quem quer que fosse. Os professores cuja memória carrego comigo, nos momentos mais improváveis, sempre foram professores, dentro e fora dos muros das escolas, e jamais serviram-me como muro. Um professor muro não deveria ser professor. Meus melhores professores sempre foram pontes, não para a aprovação (meus melhores professores nunca deram muita importância para notas e diários de classe), mas para a passagem e para a dúvida.
Os melhores professores que tive, aqueles que mais me ensinaram coisas realmente importantes, estavam sempre vestidos de humildade, e me olhavam nos olhos. Eles sabiam ouvir, e não me lembro de nenhum dos meus melhores professores impondo-me certezas.
Os melhores professores que tive, aqueles que mais me ensinaram coisas realmente importantes, por vezes apareciam na sala carregados de parafernálias, um peso de dar pena, para nos fazer perceber (a mim e aos meus colegas de classe) a mágica do mundo; outras vezes, vinham apenas carregados de uma palavra que, de tão sincera, enchia-nos de comoção.
Os melhores professores que tive, aqueles que mais me ensinaram coisas realmente importantes, refletiam conosco, e nunca para nós. Sabiam que o diálogo era a chave da sensibilidade, e a sensibilidade a chave do estudo. Estes professores diziam coisas simples, e movimentavam suas mãos como que se dois pássaros sempre prontos para o voo.
Os melhores professores que tive, aqueles que mais me ensinaram coisas realmente importantes, sempre foram poetas, ainda que não o soubessem.
(Viegas Fernandes da Costa. In. Coliseu Tropical. Kotter, 2021).
Viegas Fernandes da Costa, é escritor e docente no IFSC/SC.