Os Kaiowá da Terra Kurupi sofrem novo ataque

Imagem de arquivo. Foto: Marina Oliveira/Cimi

O Conselho Indigenista Missionário, Regional Mato Grosso do Sul, vem a público denunciar que, na tarde desta quinta-feira (16), a comunidade indígena Kurupi foi agredida por polícias militares que faziam escolta de fazendeiros. De acordo com informações prestadas por liderancas, um trator e veículos advindos da fazenda Tejuy, dirigiram-se até o limite do acampamento Kurupi. Ao que parece a intenção dos invasores era de avançar com o desmatamento que numa área que, segundo os indígenas, é de preservação permanente, e de onde a comunidade extrai remédios e materiais para seus artesanatos e rituais.

Segundo os Kaiowa, um grupo de indígenas se deslocou até o local para averiguar, momento em que foram novamente surpreendidos, desta vez por policiais que encontravam-se junto aos civis e lhes garantiam escolta.

Com a aproximação dos Kaiowa, os brancos recuaram, seguidos pela própria polícia e se dirigiram à sede da fazenda. Os indígenas então se aproximaram da sede buscando, segundo liderança – que será identificada como ‘Guyra Verá Saiju: “conversar com os policias para impedir que machucassem a mata da comunidade”. A partir deste momento cenas repetidas e muito conhecidas pelos Kaiowa tomaram forma. Disparos de arma de fogo e avanço da polícia sobre os indígenas que recuaram para o acampamento.

Os disparos e o início das investidas puderam ser testemunhadas por uma equipe da vigilância sanitária que realizava a entrega de hipoclorito de sódio para a comunidade no momento.

Após estes primeiros movimentos, enquanto a noite começava a tingir o céu, cenas de guerra tomaram conta do horizonte, um helicóptero passou a sobrevoar a área indígena amedrontando as crianças e obrigando as lideranças a escodearem-se nos esparsos espaços de mata, para garantir proteção. Disparos de armas de fogo seguiam sendo ouvidos.

Enquanto isso, os policias deixaram a fazenda, acessaram a BR 163 e em poucos minutos já estavam cercando a frente da comunidade. Foi quando alguns policias, segundo a comunidade, abordaram alguns indígenas procurando nominalmente pelas lideranças, ameaçando-as de prisão.

O Conselho Indigenista Missionário, Regional MS, alerta para a gravidade desta situação de violações aos direiros humanos e conclama as autoridades federais para que atuem no sentido de assegurar proteção à Comunidade KURUPI.

Campo Grande, 16 de março de 2023.

Conselho Indigenista Missionário,  Regional MS.

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