Por Ricardo Guerra
Os satélites Starlink estão sendo usados pela infraestrutura militar das Forças Armadas da Ucrânia — o que faz cair por terra a balela (comprada por ingênuos e incautos analistas de todos os matizes) de que os interesses por trás do ambicioso projeto do magnata Elon Musk seria garantir acesso a internet em qualquer lugar do mundo (com segurança e independência do sistema) para qualquer pessoa:
- Desde o início da configuração desse projeto Elon Musk colaborou com os militares dos EUA;
- Sendo de conhecimento público o fato de que, em 2020, o Pentágono realizou testes gratuitos do Starlink para avaliar seu possível uso pelo Departamento de Defesa dos EUA;
- Inclusive, percebendo não apenas a estreita relação entre o Starlink e o Pentágono, mas também perspectivas de outras incógnitas quanto ao uso dessa tecnologia, países como Rússia, China, Índia e Paquistão foram incisivos ao não permitirem o seu uso — ao contrário do que aconteceu no Brasil em virtude da postura subserviente do governo Bolsonaro ao imperialismo.
Por outro lado, agora com o anúncio da compra do Twitter, as motivações por trás dos interesses “altruístas”, “democráticos” e até mesmo comerciais do bilionário vão revelando imbricadas relações e articulações com as manobras do imperialismo, orientadas para impactar diretamente os rumos da política e da economia em diversos países, bem como a configuração geopolítica do planeta.
Não é à toa a euforia com que representações da direita e ultradireita em todo o mundo receberam a notícia da aquisição da rede social feita por Musk — e a questão por trás dos “ambiciosos projetos” por ele capitaneados esconde, na verdade, uma confluência de interesses relacionados ao controle e manutenção de poder do grande capital no planeta:
- Cujo objetivo é fazer com que as pessoas mais ricas e poderosas continuem a mandar e desmandar no modo de pensar, de agir e de viver das pessoas;
- E os privilégios de poucos sejam garantidos pelo sangue e suor de todos os demais.
O golpe de estado financiado pelo próprio Elon Musk na Bolívia, por causa da concessão do lítio à Alemanha:
- Desenvolveu-se — em grande medida — a partir da organização de grupos fascistas e de setores da oficialidade das forças armadas locais (de forma semelhante ao acontecido na Ucrânia);
- E não nos deixa dúvidas quanto aos objetivos mais profundos e os métodos utilizados pela denominada elite financeira mundial, para garantir seus interesses e poder.
Portanto, não são apenas negócios, muito menos são a “democratização do acesso a internet” ou a “preocupação com a liberdade de expressão” o que motiva os movimentos perpetrados por Musk:
- Antes de tudo, são jogadas ambientadas na cúpula do capitalismo mundial para garantir o seu projeto de dominação e de perpetuação de poder;
- Jogadas que incluem, também, uma disputa por espaço interno e afirmação nessa cúpula, envolvendo Musk, Deep State/Apple/Google, e Trump e sua rede (Truth Social).
Dessa forma, diante das declarações públicas de Musk sobre priorizar a “livre expressão” no Twitter, a grande imprensa burguesa empreendeu uma forte campanha no sentido de manter tudo como está, afinal de contas, a máxima “em equipe que está ganhando não se mexe” também pode ser aplicada no jogo em que se envolvem os grandes capitalistas (ou não?):
- No atual contexto de guerra, é bem possível que as várias redes sociais estadunidenses sejam “disciplinadas” sob o esforço geral de guerra do imperialismo;
- O que levou Musk a enfrentar pressão, por exemplo da Apple e do Google — que trabalham diretamente com os serviços de inteligência norte-americanos — e ameaçaram retirar o Twitter das suas plataformas Apple Store e Google Play;
- Havendo, ainda, a questão relacionada à repartição do mercado das redes sociais com a nova rede social impulsionada por Donald Trump — que já está experimentando forte fluxo de crescimento.
Enfim, não restam dúvidas de que as questões econômicas ou de outra ordem não são os principais aspectos relacionados ao interesse na compra do Twitter — e a complexidade do tema nos leva a inferir que Elon Musk parece está querendo ser detentor de mais poder no pesado jogo do imperialismo, ao controlar um dos mais importantes amplificadores de opiniões do mundo.