Os imigrantes, esses malandros que contribuem mais do que recebem

Foto: EFE /MIGUEL PAQUET

André Ventura trouxe para a campanha o abjeto discurso anti-imigração, tirando partido do desconhecimento de factos para agitar fantasmas, alimentar ódios e criar bodes expiatórios do mal-estar social.

População estrangeira: saldo entre contribuições e prestações sociais – Fonte: Observatório das Migrações

Como não podia deixar de ser, André Ventura trouxe para a campanha o abjeto discurso anti-imigração, tirando partido do desconhecimento de factos para agitar fantasmas, alimentar ódios e criar bodes expiatórios do mal-estar social. No encontro com Le Pen(link is external) voltou à carga com a “Europa dos europeus, de quem trabalha, de quem se integra, de quem paga impostos”, para rejeitar “a Europa daqueles que só vêm beneficiar do sistema económico e de segurança social sem aceitar a integração”.

É pois preciso lembrar, uma vez mais, que os imigrantes que vivem em Portugal são, no seu conjunto, contribuintes líquidos do tal “sistema económico e de segurança social” que alegadamente parasitam, segundo Ventura. O mais recente Relatório Estatístico Anual(link is external) do Observatório das Migrações não deixa dúvidas: “a relação entre as contribuições dos estrangeiros para a segurança social (…) e os gastos do sistema com prestações sociais de que os contribuintes estrangeiros beneficiam (…) é bastante positiva e favorável”, tendo-se atingido um saldo de +884M€ em 2019, o valor mais elevado dos últimos anos.

Mais: estes dados não só contrariam o argumento de que “a imigração tem iminentemente objetivos de maximizar apoios públicos e, assim, desgastar as contas públicas das sociedades de acolhimento”, como evidenciam que os estrangeiros, excetuando o período entre 2010 e 2014, registaram sempre proporções de prestações sociais por contribuições inferiores aos do universo de nacionais (sobretudo por se tratar, no caso dos estrangeiros, de uma população com maior peso relativo de ativos).

Por último, estes dados refutam ainda a ideia de que os imigrantes “nos vêm roubar empregos”, bastando analisar que setores detém um maior peso de imigrantes no total para sobressaírem os casos da Agricultura, pecuária, floresta, caça e pesca (18%), do Alojamento e restauração (14%), das Atividades administrativas e serviços de apoio (12%) ou da Construção (7%). Isto é, setores em alguns casos porventura menos atrativos para os ativos nacionais, à semelhança do que sucedeu em França ou na Alemanha, que acolheram milhares de portugueses no século passado, em busca de trabalho e de uma vida melhor.

Postado por Nuno Serra (link is external)em Ladrões de Bicicletas(link is external)

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