Os humoristas

Por Julio Rudman.

Português/Espanhol

Estava preocupado. Mas não até o ponto de que a preocupação me impedisse homenagear a Deusa do Cochilo ou minha dose diária de doce de leite. Falava para mim que faltava alguém na equipe de trabalho. O programa de rádio não tem um colunista de humor. Nem que seja semanal. E já é sabido, seu Arturo Jauretche vem dizendo há anos que nada se constrói se não for com alegria. Se seu Arturo diz, eu o sigo. Ou tento, pelo menos. A lista de humoristas riopratenses é extraordinária. Tato Bores, Niní Marshall, Les Luthiers, ou grande Wimpi, Enrique Pinti, Rudy, Santiago Varela, Daniel Paz, Rep, Quino e, com certeza, muitíssimos mais, adubam o terreno fértil da alegria popular.

Porém, a gente nunca sabe onde pode achar o que procura. E eu encontrei o humor na briga política na campanha para saber que ficará no segundo lugar nas eleições de outubro próximo.

O nosso conterrâneo de Mendoza, o usurpador ético do cargo vice-presidencial, acaba de declarar, bem à vontade (lembrem, é um maratonista aficionado, sem destino aparente), que ele se sente traído pelo governo nacional (como se a sua função fosse o de embaixador de a República de Idiotalândia) porque, diz sem ficar vermelho, contribui com os votos necessários para que Cristina ganhasse as eleições de 2007, no primeiro turno.

Quando consegui expulsar o pedacinho de torrada que escapulia pela orelha esquerda (estava tomando café da manhã), reli e, sim, dizia isso. Apressei o último golinho de café com leite e gritei. Gritei de felicidade. Já tinha meu ansiado colunista de humor. Ocorreram-me vários remates para a piada: a) que leve esses votos para se candidatar como presidente do Clube de Amigos dos Tênis “NP” (Não Positivas), b) que proponha a Cristina apostar esses votos no baralho e c) perguntar para Cletus se sabe contar até 15, entre outras possibilidades.

Depois, mais calmo e com os óculos limpos, fiquei preocupado de novo. Igualmente, o cara parece um ser humano que está bem da cabeça, mas, talvez, se se tivesse contagiado da paciente ambulatória loira e, puxa, então mereceria minha piedade. Que o tenha dito por twitter lhe deu um toque de humorismo posmo que subiu um ponto, apenas um pontinho, meu sentimento de ternura por aquele que, não faz muito, percorreu o país, cidade por cidade, para receber as carícias massificadas dos fazendeiros de classe alta e seus bajuladores classemedieros.

Mas a manhã tinha mais surpresas preparadas. A cabeça mais famosa de Banfield incursiona, cada vez com mais frequência, no mundo da ficção fílmica. Agora diz que este filme (se refere à média-metragem “Em outubro se acaba o mundo velhaco”) termina com Cristina passando para ele a faixa presidencial. Ao pé do ouvido, lhe falaram que tinha se enganado de remédio. Embora fique a dúvida em relação a uma questão semântica, a faixa à que se refere será a presidencial, a de música ou a armada?* Não deixa de ser humor, se se observa com indulgência. Humor negro, mas humor a final.

Por tanto, leitora sonolenta, não farei casting para colunista de humor. Será suficiente, de aqui até outubro, com um passeio pela verborragia política crioula para me providenciar material riquíssimo. Não é necessário dizer, mas o falo porque adoro escrever me “necessário”, que mudo minha preocupação a novembro, quando comece a ler os augúrios catastróficos do perigo populista, os “caipiras” aferrados ao poder e outras formas do apocalipse. Enquanto isso, tenho meus colunistas de humor. Sério.

* Trocadilho em espanhol. Banda=banda ou faixa.

Versão em português: Tali Feld Gleiser.

 

Los Humoristas

Estaba preocupado. Tampoco es que la preocupación me impedía rendirle pleitesías a la Diosa Siesta o a mi dosis diaria de dulce de leche, pero me decía a mí mismo que alguien faltaba en el equipo de trabajo. El programa de radio no tiene un columnista de humor. Aunque sea, semanal. Y, ya se sabe, don Arturo Jauretche nos viene diciendo, desde hace años, que nada se construye si no se lo hace con alegría. Si don Arturo lo dice yo le hago caso. O, por lo menos, trato.

La lista de humoristas es extraordinaria. Tato Bores, Niní Marshall, Les Luthiers, el gran Wimpi, Enrique Pinti, Rudy, Santiago Varela, Daniel Paz, Rep, Quino y seguramente muchísimos más, abonan el terreno fértil de la alegría popular.

Sin embargo, uno nunca sabe por dónde salta la liebre. La liebre saltó por el lado de la puja política de cara a la campaña por saber quién saldrá segundo en las elecciones de octubre próximo.

Nuestro comprovinciano, el usurpador ético del cargo vicepresidencial, acaba de declarar, muy suelto de cuerpo (recuerden, es un maratonista aficionado, sin destino aparente), que él se siente traicionado por el gobierno nacional (como si su función fuera el de embajador de la República de Boludilandia) porque, dice sin ponerse colorado, aportó los votos necesarios para que Cristina ganara los comicios de 2007, en primera vuelta.

Cuando logré expulsar el pedacito de tostada que me salía por la oreja izquierda ( estaba desayunando, medio adormecido como es costumbre), releí y, sí, decía eso. Apuré el último sorbito de café con leche y grité. Grité de felicidad. Ya tenía mi ansiado columnista de humor. Se me ocurrieron varios remates para el chiste, a saber: a) que se lleve esos votos para postularse como presidente del Club de Amigos de Zapatillas “NP” (No Positivas); b) que le proponga a Cristina jugarse esos votos al tute cabrero; y c) preguntarle a Cletus si sabe contar hasta 15; entre otras posibilidades.

Después, más calmado y con los anteojos limpios, volví a preocuparme. Después de todo el tipo parece un ser humano en sus cabales pero, tal vez, se hubiese contagiado de la paciente ambulatoria rubia y, caramba, entonces merecía mi piedad. Que lo haya dicho por twitter le dio un toque de humorismo posmo que levantó un punto, apenas un puntito, mi sentimiento de ternura por aquel que, no ha mucho, recorrió el país, pueblo por pueblo, para recibir las caricias masificadas del gauchaje concheto y sus aduladores clasemedieros.

Pero la mañana me tenía preparada más sorpresas. La cabeza más famosa de Banfield incursiona, cada vez más seguido, en el mundo de la ficción fílmica. Ahora dice que esta película (se refiere al mediometraje “En octubre se acaba el mundo garca”) termina con Cristina poniéndole la banda a él. Al oído le decían que se había equivocado de pastilla. Aunque me queda la duda respecto de una cuestión semántica, ¿la banda a la que se refiere será la presidencial, la de música o la armada? No deja de ser humor, si se lo observa con indulgencia. Negro, pero humor al fin.

De manera que, lectora somnolienta, no haré casting para columnista de humor. Me bastará, de aquí a octubre, con un paneo por la verborragia política criolla para surtirme de material riquísimo. Demás está decir, pero lo digo porque me encanta escribir “demás”, que mudo mi preocupación a noviembre, cuando empiece a leer los augurios catastróficos del peligro populista, el negraje encaramado en el poder y otras formas del apocalipsis.

Mientras tanto, tengo mis columnistas de humor. En serio.

 

Versão em português: Tali Feld Gleiser, de América Latina Palavra Viva.

[email protected]

 

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.