Os golpistas, agora suspeitos ladravazes da República, vão à luta

os-golpistas-da-lista-da-odebrechtPor Arnaldo Cesar.

A consistência dos nomes e a robustez das evidências que emergiram da primeira rodada de delação da Odebrecht são mais do que suficientes para provarem e comprovarem que o Brasil passou a ser governador, nos últimos meses, por uma suspeita camarilha de grandes ladravazes. Bastou o pintassilgo Cláudio Melo Filho, chefe dos lobistas da maior empreiteira do País, abrir o bico para que viessem à tona nomes e suas respectivas alcunhas como os dos golpistas: Michel Temer, Renan Calheiros (Justiça), Rodrigo Maia (Botafogo), Eliseu Padilha (Primo), Moreira Franco (Angorá), Romero Jucá (Caju), Aécio Neves (Mineirinho), Geraldo Alckmin (Santo), José Serra (qual seria seu apelido?) e “ad caterva”.

Enganam-se, contudo, os que acreditam que eles estão acuados pelo chamado “Tsunami Odebrecht”.  Desde quando a Procuradoria Geral da República permitiu que as revelações de Melo Filho chegassem às páginas dos principais jornais, revistas e às câmeras e microfones do “Jornal Nacional”, os políticos e governantes atingidos estão se movimentando com ligeireza pelos bastidores de Brasília.

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Dalcídio Jurandir, em setembro de 1950, na Voz Operária, jornal do Partido Comunista Brasileiro (PCB) (veja ao lado).

Falam em salvar as instituições e salvar o governo. Para tanto, Temer convocou reunião de emergência na noite de domingo (11/12). Acham que se safam e, consequentemente o governo, atraindo os tucanos – via nomeaçãao de Antonio Imbassahy (PSDB-BA), e anuncio de medidas econômicas, como a aprovação  da PEC do Fim do Mundo, apesar da grande oposição à  mesma. Não percebem que a crise é bem maior. Mas, na verdade, estão de olho mais adiante do que falam no discurso. Querem salvar a própria pele. A propósito vem a calhar uma máxima exposta pelo romancista e jornalista

Afinal, a ministra que preside o Supremo Tribunal, Carmen Lúcia – e seus “Toffolinhos Amestrados” – abriram as porteiras da Justiça para toda e qualquer forma de transgressão, na sessão da quarta-feira passada (07/12). Ao criar uma torpe interpretação da Constituição, alegando que Renan Calheiros serve para a presidência do Senado, mas não serve para ocupar interinamente a Presidência da República, deram sinal verde à trupe. Agora, basta alegar que agem em nome da estabilidade econômica e política do Brasil que vale tudo. Até receber de um notório corruptor R$ 10 milhões em dinheiro vivo no caixa 2 e depois usurpar a cadeira de presidente no Palácio do Planalto.

A foto do casal assusta seus companheiros de peripécias na política. Reprodução

Já imaginaram como ficariam as faces de Temer e suas mesóclises ou de José Serra e Aécio Neves, ao serem  transportados para alguma dessas masmorras – Curitiba? Brasília? Rio de Janeiro? –  com algemas atando seus punhos? Por isso, todo o esforço do bando de golpistas, agora também acusados de corrupção, é para evitar cenas fortes desse quilate.

Na sexta-feira (dia 10), tão logo as denúncias da Odebrecht se espraiaram pelo Brasil, os líderes da chamada “base aliada” começaram a trocar ideias. O primeiro movimento é no sentido de fortalecer Temer. Pretendem – sabe-se lá como! – montar um escudo de proteção ao presidente usurpador. Toda força será dada a ele para a aprovação da “PEC do Fim do Mundo”. De preferência, logo nos primeiros meses do ano que vem.

Pressão no STF – Feito isso, passarão para um trabalho coordenado de pressão ao ministro Teori Zavascki, o relator dos processos da “Lava Jato”, no STF. Forçarão a mão para que ele anule as delações do lobista chefe da Odebrecht. Exatamente, como feito quando do vazamento do empreiteiro Leo Pinheiro, da OAS.

Zavascki foi um dos que piscou no duelo com Renan Calheiros, juntamente com Carmen Lúcia e seus “Toffolinhos Amestrados”. Talvez, se Fernando Henrique Cardoso, José Sarney e Temer pegarem o telefone e ligarem para pressionar o ministro-relator ele acabe cedendo outra vez.

Após o Supremo fazer o jogo político de liberar Renan Calheiros, a pressão será para anular a deleção da Odebrecht por conta do "vazamento".
Após o Supremo fazer o jogo político de liberar Renan Calheiros, a pressão será para anular a deleção da Odebrecht por conta do “vazamento”.

Uma das grandes aliadas da camarilha golpista é a resignação com que o povo brasileiro vem assistindo esse festival de roubalheira. As manifestações violentas dos últimos dias no Rio têm motivos próprios. São servidores públicos estaduais enfurecidos com atrasos de pagamentos de salários e com um plano estapafúrdio de recuperação das finanças do governo fluminense.

Por ora, PMs encastelados numa catedral, agentes da Força Nacional e até das Forças Armadas estão dando conta de segurar a turba de revoltosos. Por isso, os aliados do governo espúrio têm pressa de se defenderem. Não sabem até quando isso será possível.

Sonho da esquerda – Articulações como as que foram engendradas no STF para proteger o réu Renan Calheiros, se repetidas, indefinidamente,  podem acordar o povo. E aí, só Deus sabe o que poderá acontecer.

Enquanto as coisas continuam sendo tramadas no escurinho do cinema, as esquerdas brasileiras passaram a torcer para que Michel Temer tenha uma crise de consciência e peça o boné para ir embora. E, que isso tudo aconteça antes do Natal, como se a renúncia do usurpador fosse um presente aos brasileiros.

Esperar isso de um traidor convicto como Michel Temer é o mesmo que acreditar em Papai Noel. O ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, nos seus diálogos telefônicos com o poderoso senador Romero Jucá e, mais recentemente, o ministro Marco Aurélio Melo esclareceram com todas as letras e desenhos possíveis que a camarilha que está aí não pensa noutra coisa a não ser  tomar o poder para poderem continuar se locupletando.

O quadro é de desolação. Sem líderes capazes para indicar alternativas e saídas deste imbróglio resta-nos esperar por 2018. Até lá, preparem seus corações para uma sucessão intermináveis de vilanias.

Arnaldo César é jornalista.

Fonte: Marcelo Auler.

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