Realizado em um espaço classe A chamado Beach Club, na praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis, Santa Catarina, o casamento que, segundo a Polícia Federal, teria sido bancado com recursos desviados da Lei Rouanet, tem como protagonistas os noivos Felipe e Caroline Amorim.
Segundo inquérito da PF, Felipe teria parentesco com Antonio Carlos Bellini, dono da Bellini Cultural, cabeça do esquema de fraudes na Lei Rouanet e alvo da Operação Boca Livre da PF deflagrada nesta terça-feira. Antonio Carlos e a sua mulher foram presos em São Paulo.
Os pombinhos se conheceram há cinco anos, durante uma viagem a Bariloche, na Argentina. Lá, o irmão de Felipe teria percebido que Caroline e suas amigas eram brasileiras. O rapaz, então, teria abordado Caroline no bar e a conversa teria engatado logo de cara, no melhor estilo amor à primeira vista. A moça seguiu para Buenos Aires com as amigas. Mas na volta ao Brasil, Caroline adoeceu e passou por uma cirurgia, em São Paulo, antes de voltar a Roraima, sua terra natal. Hospitalizada, Caroline enviou um email a Felipe, que foi visitá-la.
Ao lado de sua amada durante todos os dias de recuperação da cirurgia, Felipe e Caroline se separaram quando ela teve de voltar a Boa Vista. No entanto, foi iniciada ali a maratona de viagens aéreas de um relacionamento à distância. Até a mudança dela para Florianópolis, onde se deu a maior parte da história do namoro dos dois. Após quatro anos, veio o pedido de casamento, em 2014, em Santorini, na Grécia.
Um ano e oito meses depois, foi realizada, então, a cerimônia de casamento em Jurerê Internacional, hoje apontada como foco de desvio de verbas da Lei Rouanet, com direito a megashow do sertanejo Léo Rodriguez.
Vídeo
Um vídeo obtido pela Operação Boca Livre mostra as imagens da festa de luxo de Carolina Monteiro e Felipe Amorim. Segundo a Policia Federal, tudo foi pago com dinheiro que o Ministério da Cultura liberou para custear uma apresentação pública de uma orquestra sinfônica.
O empresário do cantor Leo Rodriguez, que tocou no casamento investigado, afirmou que não sabia que apresentação foi paga com dinheiro público. No entanto, Hermann Motta disse que estranhou um pedido feito pelos contratantes do espetáculo.
A operação
A Polícia Federal, em parceria com a Controladoria Geral da União (CGU), realizou na manhã desta terça-feira, em São Paulo, Rio e Brasília, uma operação contra uma quadrilha acusada de praticar fraudes contra Lei Rouanet, que dá incentivos fiscais para empresas investirem em projetos culturais. Batizada de “Boca Livre”, a operação tem um grupo que teria desviado R$ 180 milhões dos cofres públicos.
De acordo com a PF, as investigações tiveram início em 2014, depois que a CGU repassou informações sobre irregularidades na concessão de incentivos. Foi constatado que até a tal festa de casamento foi bancada com recursos obtidos por meio da Lei Rouanet.
Ainda segundo a Polícia Federal, as fraudes ocorriam de diversas maneiras, como superfaturamento, apresentação de notas fiscais fictícias e projetos duplicados. As investigações apontaram ainda o uso de dinheiro obtido pela Lei Rouanet para realização de eventos corporativos, shows com artistas famosos em festas privadas para grandes empresas e livros institucionais.
O Grupo Bellini, que atua há 20 anos na área cultural, seria o cabeça do esquema. O dono da empresa, Antônio Carlos Bellini, foi preso junto com a mulher. O apartamento do casal, em São Paulo, foi alvo de busca e apreensão. De acordo com investigadores, o casamento bancado com dinheiro de benefícios foi de um parente de Bellini. A festa teria sido realizada na badalada praia de Jurerê Internacional, em Florianópolis. Bellini costuma dar palestras sobre como captar recursos pela Lei Rouanet.
A Lei Rouanet
A Lei Rouanet foi criada em 1991, durante o governo Fernando Collor (PTC-AL). A legislação permite a captação de recursos para projetos culturais por meio de incentivos fiscais para as empresas e pessoas físicas.
A Lei Rouanet permite, por exemplo, que uma empresa destine parte do dinheiro que iria gastar com impostos para financiar propostas aprovadas pelo Ministério da Cultura.
Até abril deste ano, cerca de 100 mil projetos obtiveram autorização para captar via Lei Rouanet, ou 83% dos que foram apresentados, segundo o Ministério da Cultura. Desses, 47 mil fizeram captação efetivamente, totalizando quase R$ 15 bilhões investidos.
Confira abaixo um vídeo dos convidados curtindo a piscina do Beach Club. A festa durou todo o fim de semana:
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Fonte: Pragmatismo Político.