Organizações de Florianópolis – SC preparam grande “Marcha da Consciência Negra: Contra o Genocídio do Povo Negro em Defesa dos Direitos” no mês de Zumbi dos Palmares

    Ato está sendo organizado por um conjunto de entidades do movimento social negro para denunciar os frequentes casos de intolerância e racismo e as políticas de estado que vêm retirando direitos sociais especificamente dessa parcela da população.

    Foto: Dhandhara Costa

    Entidades organizadas do movimento negro de Florianópolis-SC estão preparando manifestação pública prevista para acontecer no dia 23 de novembro, sábado, sem que traga prejuízos para o trânsito na capital. O evento faz parte das celebrações ao mês da consciência negra no Brasil, pretende reunir um grande número de militantes das questões sociais e políticas negras do estado e está sendo idealizado pela Frejuna – Frente da Juventude Negra Anticapitalista, com denominação de Marcha da Consciência Negra: Contra o Genocídio do Povo Negro em Defesa dos Direitos. 

    A Marcha conta com o poio de entidades de diversos setores orgânicos e independentes como estudantes, mulheres, juventude, sindicatos, povos de terreiro, quilombolas, partidários, movimentos sociais e culturais e grupos de diversidade. O trabalho de organização e planejamento vem sendo realizado desde o início do segundo semestre deste ano, buscando resultados significativos, pretendendo articular um grande número de manifestantes para o ato pacífico, conforme relata Lucas Anhaia, 24 anos, estudante de história, articulador da Frejuna – Frente da Juventude Negra Anticapitalista, integrante do Núcleo de Estudos Negros – NEN e membro da equipe de articulação da Marcha. “A atividade da Marcha de 2019 surge após um chamamento feito por militantes e ativistas que construíram a 1ª Marcha da Negritude Catarinense, realizada em julho de 2016, em Florianópolis. No decorrer das reuniões realizadas em Florianópolis e pensando na consolidação de uma unidade das organizações negras da cidade, sobretudo entre a juventude, formamos a Frente da Juventude Negra Anticapitalista – Frejuna. Enquanto grupo da juventude negra da capital, mas não restrito a ela, buscamos entender as implicações políticas que surgiram, visando à recuperação deste processo de reconstrução da 1ª Marcha da Negritude Catarinense, feita por alguns integrantes desse evento, no sentido de aprender com os seus erros e acertos, mas principalmente resgatar os elementos que deram certo e aproveitá-los, para assim nos proteger dos tempos difíceis que se colocam para o povo brasileiro”, elucida Lucas.

    “Hoje a Marcha é construída por organizações e militantes independentes da juventude negra, do povo de terreiro, da comunidade LGBT, de diversos coletivos negros, pessoas negras de partidos progressistas, ativistas que têm o intuito de colocar na rua os mais emergentes problemas que a população negra vem sofrendo com o atual governo. Como ainda não temos a determinação de feriado para o dia 20 de novembro, essa data prevista para a Marcha – manhã do dia 23 de novembro – foi pensada de forma a possibilitar a vinda das pessoas de fora da cidade de Florianópolis e dando preferência para que os trabalhadores/as estejam presentes na atividade”, salienta.

    “Considero que o movimento negro é mais que necessário dentro do nosso estado e ele é o resultado do contínuo trabalho de gerações que se dedicaram na colaboração para a conscientização política da população negra. É nesse mesmo caminho que acredito estarmos andando. É o acúmulo da 1ª Marcha da Negritude Catarinense que reivindicamos. Hoje temos uma Frente puxando a Marcha, o que resulta num número muito maior de coletivos e organizações negras, e com isso uma diversidade maior de pensamento entre as/os militantes negras/os organizadas/os e ativistas independentes. Entretanto, temos todos participando na construção de uma marcha pela consciência racial, contra a violência aos nossos corpos, em defesa de uma cidadania que sempre nos foi negada. Com essa diversidade maior de militantes negros, que, como já comentei, estão em coletivos, partidos ou atuando de forma independente, precisamos construir uma unidade a base do debate honesto e profundo, que deve acontecer por todo o estado promovendo uma unificação sólida da população negra a partir da escuta e do diálogo. Além disso, a Marcha possibilitou constituir e reforçar os laços de luta entre as cidades catarinenses, revigorar as estruturas políticas que existem e aumentar nossa atuação enquanto povo brasileiro. É nesse mesmo sentido que vamos caminhar para fortificar a Marcha da Consciência Negra: Contra o Genocídio e em Defesa dos Direitos”, reforça Lucas.

    Lucas prevê a participação de uma pluralidade de pensamentos alinhados em defesa dos direitos, contra a morte da população negra, pela consciência racial, em uma unidade objetivada de maneira que seja honesta e transparente. “Nos debates de construção já realizados, ficou pactuado que as bandeiras das organizações partidárias e dos coletivos não estão sendo vetadas o que não significa que a Marcha vá perder sua independência. Pelo contrário é através dessa transparência que pensamos mantê-la, não estando, a marcha, amarrada a uma organização ou outra, mas sim sendo levantada por múltiplas e diversas mãos”, reitera.

    “O eixo temático e a referência de ordem que adotamos para este ano foram tirados nas reuniões e debates no processo de construção da Marcha da Consciência Negra, para um nome mais longo, uma Marcha pela conscientização e o debate da população negra sobre os principais problemas que nos afeta. A violência contra nossos corpos, a defesa das nossas vidas sobretudo e a defesa de direitos mínimos como emprego, educação e aposentadoria”, conclui Lucas.

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