Os grupos opositores sírios utilizaram armas químicas em exercícios militares, afirmou a promotora suíça Carla del Ponte, integrante da comissão especial criada pela ONU para investigar crimes da guerra civil síria. Segundo ela, depoimentos colhidos entre vítimas, médicos e autoridades hospitalares em países vizinhos à Síria revelaram que a oposição usou gás sarin. Del Ponte conversou com uma rádio suiça-italiana na madrugada desta segunda-feira (06/05).
Segundo informações da Agência Efe, a ex-procuradora-geral da Suíça, que atuou no Tribunal Penal Internacional para a antiga Iugoslávia e Ruanda, ressaltou que “as investigações ainda não estão concluídas”, e que ainda será esclarecido se o governo de Bashar Al Assad também utilizou armas químicas. Estados Unidos e Israel — que no final de semana bombardeou instalações militares sírias — declararam recentemente que o governo sírio poderia usá-las, o que foi negado categoricamente por Damasco.
Del Ponte também destacou que muitos aspectos ainda vão ser investigados e que qualquer conclusão feita nesse momento pode ser prematura. “As nossas investigações deverão ainda ser aprofundadas, verificadas e confirmadas com novos depoimentos, mas segundo o que já pudemos apurar, até agora são os opositores ao regime que usaram o gás sarin”, destacou.
O sarin é um potente gás neurotóxico, considerado uma arma de destruição em massa desde 1991 pela ONU. Absorvido pela respiração ou em contato com pele e mucosas, ele entra na corrente sanguínea causando desmaios, convulsões e o bloqueio da transmissão de impulsos nervosos, levando à morte por parada cardiorrespiratória. Em março de 1995, membros da seita japonesa Aum Shinrikyo liberaram o gás em várias linhas de metrô de Tóquio, matando 12 e intoxicando gravemente 50.
Os Estados Unidos informaram na semana passada que o Departamento de Estado tem indícios “com diferentes graus de certeza”, de que forças leais ao presidente sírio teriam usado gás sarin “em pequena escala”. Barack Obama, por sua vez, afirmou que só pronunciará sobre o assunto se provas irrefutáveis forem apresentadas. A guerra na Síria causou já mais de 70 mil mortes desde março de 2011.
Fonte: Ópera Mundi
