ONU faz alerta assustador sobre mortes por supermicróbios

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente defende reduzir poluição provocada por setores farmacêutico, agrícola e de saúde

Poluição no setor agrícola é uma das causas do problema. Créditos: Reprodução

Por , Revista Fórum.

Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) emitiu um alerta assustador, com informações do relatório “Preparando-se para os supermicróbios: fortalecendo a ação ambiental na resposta à resistência antimicrobiana pela abordagem de saúde única”, divulgado pela entidade ligada à Organização das Nações Unidas (ONU).

Conforme os dados, até 2050, cerca de 10 milhões de mortes ao ano podem ser registradas no mundo, em consequência do surgimento e da propagação de supermicróbios, cepas de bactérias que se tornam resistentes a antibióticos conhecidos.

Com isso, o Pnuma defende a redução da poluição provocada por setores farmacêutico, agrícola e de saúde como estratégia essencial para combater a chamada resistência antimicrobiana, de acordo com reportagem de Paula Laboissière, na Agência Brasil.

O documento aponta, também, que o custo econômico da resistência antimicrobiana poderia resultar em uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) global de pelo menos US$ 3,4 trilhões de dólares até 2030, empurrando 24 milhões de pessoas para a pobreza extrema.

Os supermicróbios já causam impacto significativo na saúde humana, de animais e de plantas e a entidade quer uma resposta do setor de saúde. “Devemos permanecer focados em reverter a maré nesta crise, aumentando a conscientização e colocando este assunto de importância global na agenda das nações”, declarou Mia Amor Mottley, presidenta do Grupo de Lideranças Globais sobre Resistência Antimicrobiana.

O Pnuma acredita que o desenvolvimento e a propagação dos supermicróbios ocorre quando medicamentos antimicrobianos utilizados para prevenir e tratar infecções em humanos, animais e plantas perdem sua eficácia e a medicina moderna, consequentemente, se torna incapaz de tratar até mesmo infecções leves.

A resistência antimicrobiana aparece na lista da Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das dez principais ameaças globais à saúde. Em 2019, 1,27 milhão de mortes foram atribuídas diretamente a infecções resistentes a medicamentos em todo o mundo, enquanto 4,95 milhões foram associadas à resistência antimicrobiana.

“A tripla crise planetária implica em temperaturas mais altas e padrões climáticos extremos, mudanças no uso do solo que alteram sua diversidade microbiana, assim como poluição biológica e química. Tudo isso contribui para o desenvolvimento e a disseminação da resistência antimicrobiana”, destacou o Pnuma.

“A poluição do ar, do solo e dos cursos d’água mina o direito humano a um ambiente limpo e saudável. Os mesmos fatores que causam a degradação do meio ambiente estão agravando o problema da resistência antimicrobiana. E os impactos da resistência antimicrobiana podem destruir nossa saúde e nossos sistemas alimentares”, ressaltou Inger Andersen, diretora-executiva da entidade.

Ações para enfrentar o problema

Diante deste cenário, o relatório da entidade apresentou sugestões de medidas para o enfrentamento dos supermicróbios:

  • Multiplicar os esforços globais para melhorar a gestão integrada dos recursos hídricos, como promover o abastecimento de água, o saneamento e a higiene.
  • Estimular que países integrem um enfoque ambiental aos planos de ação ao nível nacional relacionados com o meio ambiente, como programas nacionais de gestão de resíduos e poluição por químicos e planos de ação em matéria de biodiversidade nacional e planejamento frente à mudança climática.
  • Estabelecer padrões internacionais relativos a indicadores microbiológicos adequados de resistência antimicrobiana a partir de amostras ambientais.
  • Explorar opções para redirecionar investimentos, estabelecer incentivos e esquemas financeiros inovadores, bem como justificar o investimento no sentido de garantir financiamento sustentável, incluindo a alocação de recursos internos suficientes para enfrentar os supermicróbios.
  • Reforçar o monitoramento e a vigilância ambiental, bem como priorizar a pesquisa para fornecer mais dados e evidências que fundamentem melhores intervenções.

“A resistência antimicrobiana requer uma resposta de saúde única que reconheça que a saúde das pessoas, dos animais, das plantas e do meio ambiente estão intimamente ligados e são interdependentes. A prevenção está no centro da ação necessária para deter o surgimento da resistência antimicrobiana e o meio ambiente é uma parte fundamental da solução”, completou o relatório.

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