ONU: A cada 10 minutos nasce uma criança sem nacionalidade no mundo

Após coletar centenas de depoimentos de apátridas, agência de refugiados diz que condição gera sentimentos de discriminação e frustração nas crianças.

Atualmente, cerca 10 milhões de pessoas são consideradas apátridas em todo o mundo. Segundo dados revelados nesta terça-feira (03/11) pelo Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados), estima-se que uma criança nasça a cada dez minutos sem qualquer nacionalidade.

Este fenômeno ocorre sobretudo porque as mulheres dão à luz ao longo de suas jornadas em busca de refúgio, de modo que muitos nascimentos acabam não sendo registrados em meio aos conflitos.

Crianças refugiadas na fronteira entre Áustria e Alemanha: muitas nascem no trajeto e acabam não sendo registradas

De acordo com os dados da agência da ONU, Mianmar, Costa do Marfim e Tailândia são alguns dos principais países onde vivem as populações apátridas mais numerosas.

Para o Acnur, contudo, a condição de apátrida gera efeitos nocivos nas crianças, já que provoca sentimentos de discriminação, frustração e desesperança que muitas vezes persistem na idade adulta.

Após coletar depoimentos de 250 pessoas, a agência explica que os menores se descrevem como “invisíveis”, “extraterrestres”, “vivendo nas sombras”, “cachorros de rua” e “sem valor”.

Além disso, a condição de marginalidade social faz com que muitos apátridas tenham direitos fundamentais negados, como  a obtenção de diplomas acadêmicos e o acesso ao trabalho digno.

Esses testemunhos fazem parte de um novo relatório publicado pelo Acnur que é lançado nesta semana junto à campanha “#IBelong” (“Eu pertenço”), que tem como intuito o fim da condição de apátridas até 2024.

“Nenhuma criança deveria ser apátrida. Todos deveriam pertencer a algum lugar”, afirmou o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres, em comunicado.

Segundo Gueterres, a resolução desta questão é “relativamente fácil de resolver e prevenir”: os Estados devem assegurar que todas as crianças sejam oficialmente registradas ao nascer e também devem colocar fim às leis e práticas que negam a filiação a um país por motivos de raça, etnia e religião.

Foto: EFE

Fonte: Opera Mundi

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