Nota de pesar do Partido Comunista Brasileiro (PCB)
É com profundo pesar que comunicamos o falecimento, no dia 29 de maio, de nossa estimada Camarada Zuleide Faria de Melo.
A Camarada Zuleide Faria de Melo é um desses personagens políticos cujo papel e presença marcaram indelevelmente a história do Partido Comunista Brasileiro, em momentos cruciais da sua existência, da luta contra a ditadura de 1964-1985 até o processo de reconstrução revolucionária que impediu a destruição do mais longevo partido político da história do Brasil.
A militância comunista de Zuleide Faria de Melo é marcada por uma generosa solidariedade de classe, por uma imensa grandeza política e por firme convicção ideológica. Foram mais de 50 anos de presença marcante nas lutas pela transformação social do Brasil na perspectiva do socialismo.
Da simples militância de base à condição de Secretária-Geral do PCB, Zuleide Faria de Melo cumpriu grande jornada em vários campos da vida política e social, passando pela resistência à ditadura no Brasil, pelo apoio às lutas populares e operárias, pelo exercício transformador do magistério na UFRJ e pela convicta solidariedade internacional para com os povos em luta, em especial o reiterado apoio à Revolução Cubana.
Entrou oficialmente para o PCB no dia 25 de março de 1965, mas iniciou de fato sua militância logo em seguida ao golpe de 1964, quando, após agir para liberar da prisão seu primo Jurandir Bóia, diretor da UNE, abrigou em sua residência alguns militantes perseguidos pela ditadura, desde membros das Ligas Camponesas a quadros dirigentes do PCB como Jayme Miranda.
Nos anos 1970, ficou responsável por datilografar e imprimir textos e jornais do Partido, como o Voz Operária. Em 1974, juntamente com José Sales e Marly Vianna, membros do Comitê Central, participou da viagem de carro a São Paulo para levar para o Rio todo o acervo do Arquivo de Astrojildo Pereira, cuja documentação foi para a Itália em 1977, passando a compor o Archivio Sociale della Memoria Operaia Brasiliana. Em 1979, Zuleide foi uma das assessoras de Luiz Carlos Prestes.
Formada em Ciências Sociais pela antiga Universidade do Brasil (atual UFRJ), por culpa da ditadura, somente começou a lecionar a partir de 1979 no IFCS. No ano anterior havia entrado para o CEBRADE (Centro Brasil Democrático), entidade criada por Oscar Niemeyer para fazer avançar a luta contra a ditadura.
Na década de 1980, ajudou a organizar a luta popular no Morro dos Macacos, em Vila Isabel. E passou a se dedicar à causa internacionalista, ocupando cargos no Instituto Cultural Brasil-União Soviética, no CONDEPAZ (Conselho Brasileiro de Defesa da Paz) e na Associação Cultural José Martí, de solidariedade a Cuba, onde exerceu a presidência por muitos anos.
Zuleide entrou para o Comitê Central do PCB em 1987, no VIII Congresso. Fez parte do Movimento em Defesa do PCB, em 1992, cedendo sua casa para reunir o comando central da resistência à tentativa de liquidar o Partido. O escritório pessoal da Camarada Zuleide passou a funcionar como o secretariado político e de organização da resistência: fax, telefone, arquivos e sua máquina de datilografia foram cedidos ao comitê nacional de resistência ao liquidacionismo.
Ela foi a principal referência do Movimento Nacional em Defesa do PCB que, em janeiro de 1992, derrotou os que queriam acabar com o Partido, dando início ao processo de reconstrução revolucionária do Partido Comunista Brasileiro. Em seguida ocupou a presidência do PCB (1996), em sucessão ao camarada Horácio Macedo, permanecendo nessa tarefa até o ano de 2009.
Foram mais de 50 anos de uma militância marcada por generosa solidariedade de classe, grandeza política e firme convicção ideológica, reconhecida nacionalmente e internacionalmente.
Entre tantas tarefas destacadas que a Camarada Zuleide cumpriu com maestria, sem sombra de dúvidas a de divulgadora do pensamento marxista foi aquela que mais sobressaiu ao longo de mais de meio século de vida dedicada à revolução. Foram inúmeras atividades de formação sobre diversos assuntos relacionados ao marxismo e à conjuntura da classe trabalhadora, nas quais a Camarada conseguiu, com linguagem simples, objetiva e abrangente, repassar os principais aspectos da compreensão materialista sobre a realidade, ao mesmo tempo que possibilitou o recrutamento de centenas de novos militantes num período crucial para a sobrevivência política do PCB e reafirmação do legado revolucionário do pensamento marxista.
Afastada há alguns anos por motivos de saúde, Zuleide nunca deixou de estar presente em nossos eventos!
Foram muitas as homenagens prestadas a uma Camarada que fez da maior parte de sua vida um exemplo para todos nós, de dedicação à causa do socialismo, com disciplina, convicção ideológica e firmeza nos princípios leninistas.
Camarada Zuleide Faria de Melo, presente!
Agora e sempre!
Comitê Central do PCB.
29 de maio de 2025
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