ONG amplia estudos sobre impactos de operações da Cargill no Pará

Segundo a Terra de Direitos, por trás da “maquiagem verde” da Cargill estão instalação de portos em rios onde pescadores artesanais observaram a diminuição de peixes

De Santarém (PA) saem navios carregados de grãos com destino a China, Reino Unido, Holanda, França, Espanha e Itália – Pedro Alcântara/M’bóia

A continuação de um estudo sobre impactos sociais, econômicos e ambientais de um terminal da Cargill no Rio Tapajós, em Santarém (PA), foi lançada nesta quarta-feira (10). O lançamento coincide com o final da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26).

De autoria de pesquisadores da organização Terra de Direitos, o estudo intitulado “Sem licença para destruição: Cargill e as falsas soluções para crise climática” revela as atividades da multinacional, que apresenta ao mercado falsas soluções para combater a crise climática.

onforme a organização, a empresa, que opera há quase 20 anos na região, prejudica o meio ambiente e as comunidades tradicionais locais. A ponto de fazê-las se unir para cobrar do governo paraense compensações e mitigação da instalação do empreendimento.

Maquiagem verde da Cargill

Segundo os dados levantados, a Cargill, que tem o maior maior capital privado do mundo, utiliza a “maquiagem verde”, por meio da qual propaga uma imagem de empresa sustentável. Mas que não corresponde à realidade. É o caso da exigência de que seus fornecedores se inscrevam no Cadastro Ambiental Rural (CAR), ferramenta que, na verdade, auxilia o avanço do agronegócio no país. Ao mesmo tempo, a rastreabilidade da sua produção é ocultada e propagam falsa bioeconomia nas suas atividades, além de defender a Moratória da Soja.

A COP26, realizada na Escócia, tem como objetivo finalizar as regras que compõem o Acordo de Paris, assinado em 2015. O tratado contém medidas que os países signatários da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC) devem tomar para conter o aquecimento global. E assim tentar limitar o aumento da temperatura do planeta a apenas 1,5ºC. A conferência, entretanto, caminha em meio a controvérsias.

As propostas e medidas apresentadas têm se demonstrado pouco eficazes, pois na realidade contribuem para a manutenção dos modos produtivos de grande emissão de gases do efeito estufa. As discussões em torno de mecanismos como mercados de créditos de carbono e offsets florestais deixam de lado o verdadeiro papel que grandes indústrias e empresas possuem na crise climática. E dão subsídios que permitem a continuidade da degradação ambiental baseada nessas ditas verdes e sustentáveis.

Crise climática

Com anos de atuação no país, a Cargill está no centro de inúmeras denúncias. Movimentos sociais e organizações da sociedade civil apontam danos socioambientais causados pelas suas atividades, o que não condiz com o seu discurso. O debate, além dos acordos contra mudanças climáticas, precisa reconhecer o papel de indígenas, quilombolas, povos e comunidades tradicionais na proteção do meio ambiente. Assim como tensionar o posicionamento dos líderes mundiais diante da atuação das indústrias e das empresas que se dizem sustentáveis .

Entre os mecanismos acionados para maquiar ecologicamente a atuação, em 2017, a companhia mencionou um plano de ação para acelerar as reduções de gases do efeito estufa em suas operações, tendo também reiterado seu comprometimento com o Acordo de Paris. Os portos localizados na tegião do Tapajós, em Santarém e Miritituba, são mostrados como resultados positivos dentro da meta de redução.

A Cargill oculta, entretanto, os impactos socioambientais causados com a instalação dos portos. Por exemplo, nos rios onde pescadores artesanais observaram a diminuição de peixes e a necessidade de ir cada vez mais longe em busca do pescado, por conta da movimentação das grandes balsas e navios que atracam nos portos.

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