Primeira medalha da Venezuela em Tóquio foi dedicada a Chávez no dia do seu aniversário
Halterofilista Julio Mayora ganhou medalha de prata depois de levantar 326kg: ” um presente para Chávez”
Por Michele de Mello, em Brasil de Fato.
A Venezuela ganhou sua primeira medalha nos Jogos Olímpicos de Tóquio com o halterofilista Julio Mayora levantando 326kg, na última quarta-feira (28). “Esse é um presente para o presidente Hugo Chávez”, declarou o jovem de 25 anos, recordando o aniversário de 67 anos do ex-chefe de Estado venezuelano. Esta é a 18ª premiação olímpica da história do país.
Mayora é morador da favela de Santa Eduviges, no bairro Catia La Mar, estado La Guaira, litoral venezuelano. Sua comunidade acompanhou por um telão instalado numa praça pública e vibrou junto com o venezuelano durante a prova.
O medalhista olímpico começou a treinar aos dez anos e reconhece que recebeu todo o apoio do Estado venezuelano, através do Ministério de Esportes, para seguir a carreira de atleta. Em 2019 foi campeão panamericano e em 2018 ganhou bronze no campeonato mundial.
Sua homenagem a Chávez, gravada durante uma ligação telefônica com o presidente Nicolás Maduro, foi criticada por opositores. Houve até quem sugerisse que o vídeo teria sido manipulado e que Julio foi obrigado a dar as declarações.
Em entrevista a rádios locais, nesta quinta-feira, Julio Mayora desmentiu as acusações e disse que sua homenagem era genuína, porque “sabe o que Chávez fez pelo esporte”. Ainda destacou que essa era uma vitória para todos os venezuelanos.
Contrastes políticos
Por outro lado, também nesta edição dos Jogos Olímpicos, o boxeador venezuelano Eldric Sella disputou a competição pela Equipe Olímpica de Refugiados (EOR), inscrita pelo Alto Comissionado de Refugiados da ONU (Acnur). Após ser derrotado pelo dominicano, Euri Cedeño Martínez, na rodada preliminar, Sella foi proibido de entrar em Trinidade e Tobago, país onde residia desde 2018.
A justificativa é de que seu passaporte está vencido e o venezuelano não teria nenhum visto vigente. A Acnur afirmou em comunicado que busca um país para “acolher o atleta”.
O chanceler venezuelano assegurou que Sella pode retornar ao país, pois não se trata de um exilado político. “Isso é o que acontece quando Acnur atua com interesses políticos. Eldric Sella não é refugiado, ninguém o persegue. Pode voltar à casa quando quiser. Emigrou a Trinidade e Tobago e não pode receber um status ao que não aplica. Acnur o utilizou ideologicamente contra a Venezuela”, escreveu o ministro Jorge Arreaza.
Assim como o medalhista de prata, Eldric Sella, de 24 anos, também é de origem humilde, cresceu na favela 23 de janeiro, em Caracas. Começou a praticar o esporte aos 9 anos, ganhou o primeiro campeonato nacional aos 16 anos e aos 18 anos entrou para a seleção de boxe venezuelana, já aos 19 anos, em 2018, deixou o país. Em dezembro de 2020 obteve uma bolsa da ONU para treinar boxe em Couva, a 35km da capital de Trinidade e Tobago.
Edição: Rebeca Cavalcante, Brasil de Fato.