Nesta terça-feira (10) por exemplo, o dia amanheceu com diversas ocupações de terra em todo país, dando início à Jornada Nacional de Lutas por Reforma Agrária, realizada no mês de abril com a passagem do dia 17. Sob o lema “Eldorado dos Carajás – 22 anos de impunidade: Reforma Agrária e Lula Livre já!”, os camponeses lutam por terra, engrossando também a luta pela volta da democracia golpeada, o que passa em primeiro plano pela liberdade imediata de Lula.
Desde as primeiras horas, foi ocupada a fazenda Volta, no município Tacima, região Curimataú da Paraíba. A fazenda, que pertence à família do senador golpista Zé Maranhão e do deputado Benjamin Maranhão, foi ocupada por 200 famílias. O MST defende Reforma Agrária nas terras dos corruptos, já que muitas das terras concentradas nas mãos de políticos são oriundas de grilagem, com uso de dinheiro lavado, abrigam trabalho em condições análogas à escravidão ou são áreas com registro de crimes ambientais.
“O Brasil é o segundo país no mundo que mais concentra terra. Segundo dados do último senso agropecuário, de 2006, 1% de proprietários concentram 44% das terras produtivas desse país. Esse processo de concentração só aumenta, não só em relação a terra, mas também aos outros elementos da natureza, como a água”, afirma Marina dos Santos, da direção do MST. A luta dos Sem Terra este ano traz também o elemento de embate com o golpe, com pedido de liberdade imediata para Lula.
Marina é enfática ao classificar a justiça brasileira como justiça de classe. “É uma justiça cega quando se trata dos pobres, dos que lutam, dos negros, das comunidades urbanas, mas muito ágil e célere quando se trata de defender os negócios, empresas, empresários e lucros da corja. Essa condenação e perseguição política ao Lula, significa uma condenação e perseguição de milhões de brasileiras e brasileiros pobres e lutadores. Mas nós não vamos nos calar frente a tanta injustiça”.
Ainda na Paraíba, foi ocupado por 250 famílias o latifúndio Patrocínio, terras da usina São João, no município de Santa Cruz do Espírito Santo. No Ceará foi ocupada uma área do Departamento Nacional de Obras Contra Seca (DNOCS), reivindicando, além da liberdade para Lula, a resolução do problema causado às famílias pelo lago de Fronteira. Até hoje elas não foram indenizadas ou muitas nem são reconhecidas como beneficiárias (por serem atingidos indiretos).
No Piauí, foram dois latifúndios ocupados nesta manhã: a fazenda Amparo, na Zona Rural de Teresina, e a fazenda Piquete, no município de Curralinho. Em Goiás, 150 famílias de trabalhadores rurais ocuparam a fazenda Fundão, no município de Morro Agudo, com cerca de dois mil hectares.
No Rio Grande do Sul, 300 pessoas bloquearam a ERS 324, em Pontão. A manifestação foi organizada pelo MST, PT, PCdoB e outros apoiadores de Lula. Em Curitiba, o MST continua se somando na Vigília Democrática por Lula Livre, com atividades de diálogo com a população e prestando solidariedade direta ao preso político, que está encarcerado nas proximidades do acampamento.