Por Magali Moser, para Desacato.info
“O jornalismo é criticado porque trabalha mal e favorece o poder hegemônico”. A constatação é da professora dra Gislene Silva (foto capa), do PosJor da UFSC, que abriu a discussão sobre crítica de mídia, cobertura e ética jornalísticas nesta sexta, 7 de outubro, no Auditório da Biblioteca Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis. Além da pesquisadora, o debate também contou com a participação do professor dr. Carlos Camponez, da Universidade de Coimbra – Portugal, por meio de vídeo-conferência, e do professor dr. Samuel Lima, do PosJor da UFSC. O evento marca o aniversário de sete anos do ObjEthos, observatório da ética jornalística cujo objetivo é acompanhar e monitorar a ética praticada por jornalistas e meios de informação.
As conclusões apresentadas pela professora Gislene Silva são resultado de um trabalho empírico com artigos acadêmicos em revistas da Espanha, onde ela morou durante um ano para a realização da pesquisa de seu pós-doutorado. A pesquisadora identificou três chaves de como a operação ocorre. O jornalismo atua como ator em favor do poder hegemônico, prejudicando o equilíbrio democrático. Não favorece o respeito às diversidades e as minorias sociais. Os enquadramentos adotados na formação da opinião pública pouco contribuem para reduzir as desigualdades sociais. As coberturas jornalísticas são criticadas pelo que deixam de fazer, pelo que silenciam. Daí a importância de ensinar a contextualização para os futuros profissionais, destacou a professora.
O evento foi dividido em duas sessões. Além da mesa de abertura, hoje de manhã, a segunda atividade começa às 14h. Intitulada“Olhar crítico: a cobertura jornalística e o direito de defesa no Brasil”, é uma parceria com Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI). Com a mediação do professor Rogério Christofoletti, os advogados criminais Rodrigo Dall’Acqua e Renato Boabaid, que representam o Instituto de Defesa do Direito de Defesa (IDDD), debatem com o jornalista Marcelo Träsel, da diretoria da ABRAJI.
Imagem: bapijor.ufsc.br