“Votem, irmãos, votem. Mas pensem bem antes. Votar não é assunto indiferente, é questão pessoal, e quanto! Escolham com calma, pesem e meçam os candidatos, com muito mais paciência e desconfiança do que se estivessem escolhendo uma noiva.”
Com estas palavras, Rachel de Queirós incitava que os brasileiros votassem com consciência já em 1947, ano em que as mulheres no Brasil, também já votavam.Devemos lembrar que o voto, hoje tornado uma banalidade, foi uma conquista histórica principalmente para as mulheres que lutaram arduamente para exercer esse direito, como qualquer outro cidadão.
A luta pelo voto feminino foi sempre o primeiro passo a ser alcançado no horizonte das feministas da era pós-Revolução Industrial. As “suffragettes” (em português, sufragistas), primeiras ativistas do feminismo no século XIX, eram assim conhecidas justamente por terem iniciado um movimento no Reino Unido a favor da concessão, às mulheres, do direito ao voto. O seu início deu-se em 1897, com a fundação da União Nacional pelo Sufrágio Feminino por Millicent Fawcett (1847-1929), uma educadora britânica.
Millicent Fawcett começou a carreira escrevendo e discutindo sobre a educação e o direito de voto das mulheres, entre outras questões. Após a morte de Lydia Becker, (1827-1890) uma líder do movimento sufragista britânico no seu início, Fawcett surgiu como líder do movimento sufragista e presidiu uma comissão, que se tornou a União Nacional das Sociedades de Sufrágio das Mulheres (NUWSS) em 1897. Fawcett encontrou apoio entre as mulheres da universidade, assim como muitas mulheres da classe trabalhadora que preferiam a NUWSS de métodos pacíficos. Ela também fez campanha para a profissão de advogado ser permitido para as mulheres. Fawcett morreu em 1929.
O movimento das sufragistas, que inicialmente era pacífico, questionava o fato de as mulheres do final daquele século serem consideradas capazes de assumir postos de importância na sociedade inglesa como, por exemplo, o corpo diretivo das escolas e o trabalho de educadoras em geral, mas serem vistas com desconfiança como possíveis eleitoras. As leis do Reino Unido eram, afinal, aplicáveis às mulheres, mas elas não eram consultadas ou convidadas a participar de seu processo de elaboração.
O movimento feminino ganhou, então, as ruas e suas ativistas passaram a ser conhecidas pela sociedade em geral pelo (à época, ofensivo) epíteto de “sufragistas”, sobretudo aquelas vinculadas à União Social e Política das Mulheres (Women’s Social and Political Union – WSPU) movimento que pretendeu revelar o sexismo institucional na sociedade britânica, fundado por Emmeline Pankhurst (1858-1928).
A lei britânica de 1918 deu forças a mulheres de diversos outros países para que buscassem seus direitos ao voto, que as primeiras feministas consideravam de importância maior que outras questões referentes à situação feminina justamente por acreditarem que, pelo voto, as mulheres seriam capazes de solucionar problemas causados por leis injustas que lhes vetavam o acesso ao trabalho e à propriedade, por exemplo. Habilitando-se ao sufrágio, as mulheres passariam a ser também elegíveis e assim, pensavam as feministas, poderiam concorrer de igual para igual com os homens por cargos eletivos.
Emmeline Pankhurst, foi uma das fundadoras do movimento britânico do sufragismo. O nome da “Sra. Pankhurst”, mais do que qualquer outro, está associado com a luta pelo direito de voto para mulheres no período imediatamente antes da primeira guerra mundial.
Após ser detida repetidas vezes com base na lei “Cat and Mouse”, por infrações triviais, inspirou membros do grupo a fazer greves de fome. Ao serem alimentadas à força e ficarem doentes, chamaram a atenção da opinião pública pela brutalidade do sistema legal na época e também divulgaram a sua causa. Ela foi uma militante que imprimiu um estilo mais enérgico ao movimento, o qual culminou com situações de confronto entre sufragistas e policiais e, finalmente, com a morte de uma manifestante, Emily Wilding Davison (1872-1913), que se atirou à frente do cavalo do rei da Inglaterra no célebre Derby de 1913, tornando-se a primeira mártir do movimento.
Emily Davison (professora, 1872-1913), foi uma ativista que lutava pelos direitos da mulher de votar e concorrer a cargos políticos na Grã-Bretanha. Era um membro importante do movimento feminista no início do século XX na Grã-Bretanha. Liderou União Mulheres Social e Política (WSPU) e lutou pelo reconhecimento do direito do voto das mulheres. Presa e condenada várias vezes, realizou várias greves de fome na prisão. No dia 04 de junho de 1913 ela tentou colocar um cartaz próximo a linha de chagada do Epsom Derby, uma das corridas de cavalo mais famosas da Europa, e foi atingida pelo cavalo do rei George V. Emily não resistiu aos ferimentos e morreu três dias depois.
O Voto feminino no Brasil
Em 24 de fevereiro de 2012 completou 80 anos que as mulheres brasileiras conquistaram o direito ao voto. No dia 24 de fevereiro de 1932, o então presidente Getúlio Vargas instituiu o Código Eleitoral Brasileiro, permitindo que as mulheres pudessem votar e ser votadas.Cinco anos antes, em 1927, no estado do Rio Grande do Norte, mais precisamente na cidade de Mossoró, a professora Celina Guimarães Viana foi autorizada pelo governador Juvenal Lamartine a votar na eleição daquele ano.
Celina (1890- 1972) era filha de José Eustáquio de Amorim Guimarães e Eliza de Amorim Guimarães. Estudou na Escola Normal de Natal, onde concluiu o curso de formação de professores. Aos 29 anos de idade, Celina faz um requerimento para obter registro como eleitora na cidade de Mossoró.
Fonte: Revista Contemporartes