O terremoto despertou o melhor e o pior do povo mexicano

Foto: Tamara Ramírez

Por Ana Rosa Moreno, Puebla, México, para Desacato.info.

Tradução de Elissandro Santana.

(Port./Esp.)

México é um país de sismos e parece que os mexicanos esqueceram ou fazem de conta que a terra não treme.

Apenas em um ano o Sistema Sismológico Nacional pode registar até 1000 movimentos das placas tectônicas que estão embaixo de terras do México. A maioria dos tremores ocorre em Chiapas, Guerrero e Oaxaca. Em Chiapas convergem duas das placas tectônicas mais importantes: a Placa de Cocos e a Placa do Caribe. O Sistema de Falhas Motagua-Polichic, que fica entre a Placa norte-americana e a do Caribe que atravessa Oaxaca e Guerrero, até encontrar-se com a zona do Pacífico, razão importante para que exista todo um protocolo especializado em ações em casos de um tremor de tal magnitude e para que os mexicanos tenham conhecimento do que fazer em caso de terremoto. É óbvio que os tremores não podem ser previstos, mas é necessário estar preparado. Como é México, as construtoras e os políticos são cúmplices de corrupção e de negligência.

Em 19 de setembro estava a caminho de ônibus ao meu trabalho, na rádio se escutava um especialista em terremotos e ao locutor falar sobre a simulação que se faz em âmbito nacional todo dia 19 de setembro em homenagem aos milhares de pessoas que morreram entre os escombros durante o terremoto de 85 e, sobretudo, recordar a solidariedade do povo mexicano.

No último dia 19 de setembro de 1985 foi registrado um tremor de 8.1° na Escala Richter que deixou em ruínas a Cidade do México quase na totalidade. 20.000 mortos, 2831 edifícios afetados e o custo dos danos alcançou os cinco bilhões de dólares. Foram os mesmos cidadãos que removeram os destroços para encontrar seus familiares e prestaram assistência às vítimas. A resposta do governo foi desajeitada e lenta. Foi tão lenta que o presidente, por sua vez, Miguel de la Madri Hurtado, dirigiu-se ao país somente três dias após o terremoto.

Voltando ao meu testemunho, cheguei às 12 para o trabalho e às 13:14 a terra começou a se mover abruptamente. Estava sozinha no escritório e, coincidentemente, meus chefes tinham me encarregado de ficar com o bebê enquanto enviavam recados. Quando começou a tremer, segurei a criança pelos braços e corri para fora do prédio. Eu não tinha sinal no telefone e não consegui me comunicar com minha família para ver se estava bem. Chegou meu chefe na camionhete e fomos procurar a esposa dele que estava no centro histórico da cidade de Puebla. O que vimos foram edifícios com danos estruturais enormes e algumas casas antigas pelo chão.

Os estados afetados são Guerrero, Morelos, Tlaxcala, Oaxaca (onde uma semana antes tinha ocorrido o epicentro de um terremoto de 8,2), Puebla e Cidade do México. O número de mortos chega a 300, mas não temos certeza desse número, porque, até hoje, dia 1º de outubro, o trabalho de resgate continua.

Poucos minutos depois do tremor acabar, imediatamente a sociedade em meio ao medo e à incerteza se organizou para retirar os escombros como havia feito há 32 anos. Nas redes sociais e nos jornais vimos os grupos de pessoas que já havia se organizado para começar os trabalhos de resgate, gente que, inclusive, oferecia um espaço na casa para quem havia ficado na rua. Vendedores de comida local e, inclusive, restaurantes estavam nas ruas doando comida. As empresas de telefonia abriram as linhas para que as pessoas acessassem a internet gratuitamente e para que pudessem realizar chamadas sem custo em todo o país. Táxis ofereciam serviços também sem cobrar passagem para aqueles que buscavam se deslocar para encontrar as famílias. Ciclistas e motociclistas levavam comida, medicamentos, água, pá e piquete de um lado para o outro. Hospitais particulares ofereceram serviço totalmente gratuito.

Foto: Alejandro Velázquez de Reforma

Os centros de coleta foram organizados em toda a República, inclusive em meu trabalho os lucros da semana foram usados para comprar comida para levá-la a uma cidade afetada. Estávamos com medo, mas não estávamos sozinhos, apertamos a mão e juntos começamos a criar o país com as mãos, cada um como podia e de acordo com as possibilidades.

Não somente o terremoto deixou estragos no centro do país, mas também o governo que impediu o trabalho dos voluntários. O exército chegou e formou um cerco em torno dos edifícios colapsados e dos que estavam prestes a cair. O presidente se dirigiu ao país três horas após o terremoto e, basicamente, disse que declarava estado de emergência e acionou o plano DN-III (que se resume em ações de resgate e liberação de um fundo econômico para apoiar aos afetados em caso de desastre ambiental).

Os dias passaram e a solidariedade continuou a florecer, vimos estudantes, donas de casa, trabalhadores, médicos e outros que faziam cadeias humanas para passar detritos, pás, baldes, pessoal estrangeiro habilitado em resgate e uso de cães treinados que espantou a todos pela capacidade de encontrar pessoas vivas. Os novos avanços tecnológicos permitiram a localização de pessoas entre os detritos, como dispositivos que permitem detectar o calor ou detectar telefones celulares. Pessoas que ficaram presas, mas que estavam com celulares conseguiram se comunicar com a família e mandaram fotos mostrando que seguiam com vida.

 

Foto: Benjamín Anaya

O tremor mostrou o melhor do mexicano porque mais uma vez o povo estendeu a mão ao desconhecido, mas também revelou o pior, porém, isto partiu da mão do crime organizado, do exército, das autoridades e todo o aparelho do Estado.

Como no terremoto de 85, as autoridades foram responsáveis por cobrir irregularidades na construção por infrações de bens imóveis e direitos humanos.

Tal é o caso das costureiras de Chimalpopoca na Cidade do México, pois não sabemos exatamente quantas são ou como se chamam; o que sabemos é que elas morreram por causa da exploração. Aproximadamente entre 50 e 100 mulheres trabalharam em um edifício antigo que ninguém prestou atenção até que desabou, localizado no número 168 da Rua Bolívar, esquina com a Chimalpopoca. Mulheres asiáticas e latino-americanas trabalhavam lá como costureiras. Quando o edifício entrou em colapso, o exército não permitiu que tocassem em nada, as autoridades removeram tudo com maquinaria pesada para limpar a área e, assim, evitarem a lista de violações dos direitos humanos que ocorreram naquela fábrica de têxteis.

Foto: Gabriela Hipólito. Memorial das trabalhadoras mortas no local de trabalho, 19/09/2017. Ruas Chimalpopoca e Bolívar

Mas não foi o único caso. Houve áreas em que as autoridades não queriam realizar trabalhos de resgate e, de qualquer forma, procuravam colocar as máquinas para remover escombros. As pessoas presentes protestaram e evitaram a entrada da maquinaria. Também exigiram que os socorristas continuassem procurando por pessoas vivas, porque um ou dois dias do terremoto era muito cedo para dizer que não havia mais vida entre os escombros.

Foto de Pedro Mera registra o momento do drama da vida e o heroísmo das mãos anônimas que ajudam

Outro caso foi o da escola Enrique Rebsamen, na Cidade do México, onde o prédio desmoronou deixando presas dezenas de estudantes e professores. Naquela escola, 20 crianças e dois professores morreram. A maior rede de televisão do país, Televisa, queria vender a mentira do resgate de uma garota que nunca existiu, Frida Sofia, dando cobertura total ao caso até que se descobriu que esse nome não foi incluído nos registros de matrícula da escola. Este caso deixou no esquecimento outras escolas que também caíram com alunos soterrados.

O crime organizado se destacou. O roubo de alimentos, equipamentos de rastreamento, água, estupro e assaltos a voluntários foram dificuldades enfrentadas por aqueles que passaram suas últimas horas a salvar vidas em Puebla, Morelos, Guerrero e Oaxaca. Houve mortos, mas isso não parou a solidariedade dos mexicanos que seguiam lotando os centros de coleta e enviando ajuda até aos menores povoados dos estados afetados.

Em Morelos, o governador Graco Ramírez foi acusado de roubar as doações para os afetados, tanto que hoje existe uma denúncia e se exige dele que devolva as toneladas de alimento que fez sumir. Em outros municípios dos estados afetados os governantes locais fizeram a mesma coisa, mas os cidadãos ficaram espertos para evitar que quilos de ajuda humanitária fossem roubados.

Foto: Ana Rosa Moreno. Centro de coleta na cidade de Puebla

Em Puebla ainda não há o seguro de 18 milhões de dólares que o ex-governador Rafael Moreno Valle pagou para enfrentar desastres.

Os partidos se negaram a doar partes do orçamento destinado às eleições, protegidos pela Lei Eleitoral dizendo que isso é desvio de dinheiro, enquanto celebridades como Katy Perry ou Cristiano Ronaldo, empresas como Uber e Facebook doaram milhões de dólares para apoiar aos afetados.

Todos os níveis de governo pediram que a população fizesse uma doação para seus centros de coleta, apesar que eles obtém o dinheiro da doação através dos impostos que pagamos por protocolos em caso de desastre. Eles também acumularam os alimentos que a população doou e os meteram em caixas com o logotipo do Sistema para o Desenvolvimento Integral da Família. Na verdade, até hoje não vimos o dinheiro que doaram do exterior para a reconstrução do país.

As irregularidades das construtoras imobiliárias surgiram após o terremoto em relação à construção de edifícios habitacionais sem aderir aos regulamentos de construção da Cidade do México dos prédios reformados após o terremoto de 85. A geografia da capital é muito peculiar porque o grande Tenochtitlan foi fundado em Chinampas (ilhas artificiais) e, além do grande Tenochtitlan, construiu a Cidade do México, em conclusão, é um chão oco. Novos edifícios tornaram-se detritos e os edifícios antigos caíram por falta de manutenção e porque alguns já não funcionavam. Agora, aqueles que compraram um apartamento exigem que o setor imobiliário responda e o governo da capital só pode apoiá-los com 514,50 reais por mês, em uma cidade onde os aluguéis são muito caros.

Aqueles que perderam tudo agora devem reconstruir suas casas e começar do zero. mmuitos ainda vivem sob as lonas e o tempo não perdoou porque as chuvas e os ventos de outono frio são impressionantes. A terra ainda está em movimento e rumores de outro forte tremor estão no ar e a torpeza do governo está no nível máximo, mas a solidariedade continua.


El terremoto sacó lo mejor y lo que peor del mexicano

Foto: Tamara Ramírez

Por Ana Rosa Moreno, Puebla, México, para Desacato.info.

México es un país de sismos y parece que a los mexicanos se les ha olvidado o hacen de cuenta que la tierra no se mueve.

Tan solo en un año el Sistema Sismológico Nacional puede registrar hasta más de mil movimientos de las placas tectónicas que están bajo la tierra mexicana. La mayoría de los sismos ocurren en Chiapas, Guerrero y Oaxaca. En Chiapas convergen dos de las placas tectónicas más importantes: La placa de Cocos y la Placa del Caribe. Y el Sistema de Fallas Motagua-Polichic, que limita entre la placa norteamericana y la del Caribe pasa por Oaxaca y Guerrero hasta unirse con la zona de Subducción del Pacífico, razón importante para que exista todo un protocolo especializado en acciones en caso de un sismo de tal magnitud y para que los mexicanos tengan conocimiento de qué hacer en caso de sismo. Es obvio que los temblores no se pueden predecir, pero es necesario estar preparados. Pero como es México, las constructoras y los políticos son cómplices de corrupción y negligencia.

El 19 de septiembre yo iba en camino en autobús hacia mi trabajo, en la radio se escuchaba a un especialista en sismos y al locutor hablar sobre el simulacro que se realiza a nivel nacional cada 19 de septiembre para conmemorar a los miles de personas que murieron entre los escombros durante el terremoto del 85 y sobre todo recordar la solidaridad del pueblo mexicano.

Ese 19 de septiembre de 1985 se registró un temblor de 8.1° Richter que dejó en ruinas a la ciudad de México en casi su totalidad. 20 mil muertos, 2831 inmuebles afectados y el costo de los daños alcanzaba los cinco mil millones de dólares. Fueron los mismos ciudadanos quienes removieron los escombros para buscar a sus familiares y dieron asistencia a los damnificados. La respuesta del gobierno fue torpe y lenta, fue tan lenta que el presidente en turno, Miguel de la Madrid Hurtado, se dirigió a su país tres días después del sismo.

Regresando a mi testimonio llegué a las 12 al trabajo y a las 13:14 la tierra empezó a moverse de manera brusca. Yo estaba sola en la oficina y casualmente me encargaron al bebe mientras mis jefes hacían unas diligencias. Cuando empezó a temblar, agarré al niño de los brazos y salí corriendo del inmueble. No tenía señal en el teléfono y no pude comunicarme con mi familia para saber si estaban bien. Llegó mi jefe en la camioneta y nos fuimos a buscar a mi jefa que se encontraba en el centro histórico de la ciudad de Puebla. Lo que vimos fue edificios con daños estructurales muy importantes y algunas casonas antiguas por los suelos.

Los estados afectados son Guerrero, Morelos, Tlaxcala, Oaxaca (donde una semana antes fue epicentro de un sismo de 8.2), Puebla y la Ciudad de México. Las cifras de muertos ascienden a las 300 pero no estamos seguros de ese número porque aun hoy 1 de octubre siguen las labores de rescate.

Unos minutos después de que el sismo pasara, la ciudadanía, en medio del miedo y la incertidumbre, se organizó inmediatamente para remover los escombros como hace 32 años. En las redes sociales y noticieros pudimos ver los grupos de personas que ya se habían organizado para empezar a hacer las labores de rescate; gente que aún tenía casa ofreciendo un espacio para quienes quedaron en la calle; vendedores de comida locales e incluso restaurantes estaban en las calles regalando comidas; las empresas telefónicas abriendo sus líneas para poder acceder al internet gratis y para realizar llamadas sin costo en todo el país; taxis ofrecían sus servicios también sin cobrar pasaje para aquellos que buscaban trasladarse para encontrarse con su familia; ciclistas y motociclistas llevando comida, medicamentos, agua, palas y pico de un lado a otro. Y hospitales privados ofreciendo sus servicios totalmente gratis.

Foto: Alejandro Velázquez de Reforma

Se organizaron centros de acopio por toda la república, incluso en mi trabajo las ganancias de la semana las utilizamos para comprar despensas y llevarlas a algún pueblo afectado. Tuvimos miedo pero no estábamos solos, nos dimos la mano y juntos empezamos a levantar al país con nuestras manitas, cada quien como podía y de acuerdo a sus posibilidades.

Pero no solo el sismo dejo estragos en el centro del país, también el gobierno entorpeció el trabajo de los voluntarios. El ejército llegó y acordonó los edificios colapsados y los inmuebles que estaban por caerse. El presidente se dirigió al país tres horas después del temblor y básicamente dijo que declaraba estado de emergencia y activo el plan DN-III (que se resumen en acciones de rescate y liberación de un fondo económico para apoyar a los damnificados en caso de desastre ambiental).

Los días pasaban y la solidaridad seguía a flor de piel, veíamos a estudiantes, amas de casa, trabajadores, doctores y demás haciendo cadenas humanas para pasar escombros, palas, cubetas. Llegaron los rescatistas extranjeros, el uso de perros entrenados causó furor por su capacidad de encontrar personas con vida. Los nuevos avances tecnológicos permitieron la localización de personas entre los escombros tales como aparatos que permiten detectar el calor o detectar teléfonos celulares. Incluso personas atrapadas con ayuda de sus celulares lograron comunicarse con su familia y mandar fotos para mostrar que seguían con vida.

Foto: Benjamín Anaya

El temblor sacó lo mejor del mexicano porque una vez más le tendió la mano al desconocido, pero también sacó lo peor, que este vino de la mano del crimen organizado, del mismo ejército, de las autoridades y de todo el aparato del Estado.

Igual que en el temblor del 85, las autoridades se encargaron de cubrir las irregularidades en construcción por parte de las inmobiliarias y violación de derechos humanos.

Tal es el caso de las costureras de Chimalpopoca en la ciudad de México. Nno sabemos exactamente cuántas eran o cuáles eran sus nombres. Lo que sí sabemos es que murieron a causa de la explotación. Aproximadamente entre 50 y 100 mujeres laboraban en un viejo edificio que nadie prestaba atención  hasta que se derrumbó ubicado en el número 168 de la calle Bolívar, esquina con Chimalpopoca. Mujeres asiáticas y latinoaméricanas laboraban allí como costureras. Cuando se derrumbó el edificio, el ejército no dejó que movieran nada. Las autoridades removieron todo con máquinas pesadas para limpiar la zona y evitar que se descubriera la lista de violación de derechos humanos que ocurrían en esa fábrica textil.

Foto: Gabriela Hipólito. Memorial de las trabajadoras muertas en el trabajo, 19/09/2017. Calles Chimalpopoca y Bolívar

Pero no fue el único caso. Hubo zonas donde las autoridades no quisieron realizar labores de rescate y buscaban de cualquier forma meter las máquinas para remover escombros. Quienes se encontraban ahí protestaron y evitaron eficazmente la entrada de la maquinaria. Exigieron que los rescatistas siguieran  buscando personas con vida, porque a uno o dos días del sismo, era muy pronto para decir que ya no había vivos entre los escombros.

Foto de Pedro Mera atrapa el instante, el drama de la vida y el heroísmo de las manos anónimas que ayudan

Otro caso fue la escuela Enrique Rebsamen en la Ciudad de México donde el edificio colapsó atrapando a decenas de alumnos y profesores. En aquel colegio fallecieron 20 menores y dos profesores. La cadena televisiva más grande del país, Televisa, nos quiso vender la mentira del rescate de una niña que nunca existió, Frida Sofía, dando una cobertura total a su caso hasta que se descubrió que ese nombre no figuraba en las matrículas de la escuela. Este caso dejó al olvido otras escuelas que igual colapsaron y  quedaron atrapados alumnos.

El crimen organizado ha brillado por su presencia. Robos de víveres, de equipos de rastreo, agua y violación y asaltos a los voluntarios son las dificultades que tienen que sortear quienes dedican sus últimas horas a salvar vidas en Puebla, Morelos, Guerrero y Oaxaca. Hubo muertos, pero eso no paró la solidaridad de los mexicanos, quienes seguían llenando los centros de acopio y mandando la ayuda hasta el mínimo rincón de los estados afectados.

En Morelos, el gobernador Graco Ramírez fue acusado de robar las despensas de los damnificados. Hoy tiene una denuncia y se le exige que regresen las toneladas de víveres que acaparó. En otros pueblos de los estados afectados, los presidentes locales hicieron lo mismo, pero la ciudadanía se las ingenió para evitar que kilos de ayuda humanitaria fuera robada.

Foto: Ana Rosa Moreno. Centro de acopio en la ciudad de Puebla

En Puebla sigue sin aparecer el seguro de 18 millones de dólares que pagó el ex gobernador Rafael Moreno Valle para enfrentar desastres.

Los partidos se negaron a donar parte de su presupuesto para las elecciones, se escudaron con la Ley Electoral diciendo que eso es desvío de dinero, mientras que celebridades como Katy Perry o Cristiano Ronaldo, empresas como Uber y Facebook, donaban millones de dólares para apoyar a los damnificados.

Todos los niveles de gobierno le pedían a la población que donaran en sus centros de acopio, cuando ellos tienen el dinero de la recaudación por medio de impuestos que pagamos para protocolos en caso de desastre. También acapararon los víveres que la población donaba, los metían en cajas con el logotipo del Sistema para el Desarrollo Integral de la Familia. De hecho, hasta el día de hoy no hemos visto el dinero que han donado del exterior para la reconstrucción del país.

Las irregularidades de las constructoras inmobiliarias salieron al descubierto después del sismo por construir edificios habitacionales sin apegarse a las normas de construcción de la Ciudad de México para las reformas de después del sismo del 85. La geografía de la capital es muy peculiar ya que la gran Tenochtitlan se fundó sobre Chinampas (islas artificiales) y encima de la gran Tenochtitlan construyeron la Ciudad de México. En conclusión es piso hueco. Edificios nuevos se volvieron escombros y los edificios viejos cayeron por falta de mantenimiento y porque algunos ya no debían seguir funcionando. Ahora quienes compraron un departamento exigen que las inmobiliarias den respuesta y el gobierno de la capital solo les puede apoyar con tres mil pesos mensuales al mes en una ciudad donde las rentas son carísimas.

Quienes lo perdieron todo ahora deben reconstruir sus casas y empezar de cero. Muchos aún viven bajo lonas y el clima no ha perdonado porque las lluvias y los fríos vientos de otoño están pegando con todo. La tierra se sigue moviendo y los rumores de otro temblor fuerte están en el aire, la torpeza del gobierno está en su máximo esplendor pero la solidaridad sigue.

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