Ontem, 20 de agosto, a Frente de Esquerda de Florianópolis se reuniu durante 4 horas. Não conseguiu avançar nos temas que entravam a composição da chapa majoritária. Do ponto de vista cronológico, do tempo real, não seria um fato grave. As convenções são em setembro, a campanha formal não começou e as eleições são em novembro. Os eleitores e eleitoras estão abismados com outras preocupações cotidianas. O desemprego e a pandemia estão no topo das ansiedades. Até ai tudo bem.
Então temos o tempo político, uma longa estrada cheia de labirintos e com uma oferta grande de possibilidades para 2022, onde cargos estaduais e nacionais serão disputados. Aí aparece o primeiro verdadeiro entrave do processo: descobrir que jogada se corresponde com o presente e qual está determinada pelas pretensões legítimas, justas ou injustas, de cada organização que compõe a Frente.
A foto mostra partidos em situações diversas. Os coeficientes eleitorais anteriores, o empurrão para se construir, a necessidade de sobreviver, a urgência de se reconstruir depois de uma intervenção e a disputa nacional de 2022 são alguns dos ingredientes que pesam sobre cada jogada. Nesse marco aparece como salutar freio e contrapeso, um conjunto de critérios para as escolhas. Esses critérios foram acumulados durante dois anos de conversas. Mas, agora é para valer e pular os critérios pode ser uma chance de ganhar na largada, mesmo sabendo que depois, nas convenções, nem sempre se respeitam esses critérios, ou que as direções nacionais poderão não se curvar ao que os interlocutores construíram na província.
Esses tempos, o real e o político, precisariam olhar para outro tempo, o social. Florianópolis está destruída e só depois que passe o pior da pandemia, quando as pessoas não tenham mais auxílios emergenciais ou sejam demitidas definitivamente dos empregos, quando não haja mais como pagar os aluguéis numa cidade controlada pela especulação imobiliária, quando o salário rebaixado não alcance nem para pagar a tarifa do ônibus, quando seja impossível encher o botijão de gás e a barriga, quando a temporada de verão seja pífia, quando tudo isso acontecer, a população cobrará caro se a Frente deixa passar uma oportunidade ótima por ela mesma criada.
É o tempo social que exige resolver as pendências que a Frente precisa vencer na reunião deste domingo 23. Porque o programa a ser oferecido para alicerçar o apoio nas urnas precisará de tempo para ser construído com todas e todos. Porque a interlocução com a sociedade precisa ser arrancada do domínio da direita e as pessoas precisam identificar, logo, quais são os nomes que vão liderar essa construção. Porque está na hora termos a sensibilidade com o outro e a outra como principal plataforma da campanha para governar a cidade.
Há uma esperança posta nessa frente, na sua unidade, na sua idoneidade ética e política. Esperamos junto com a população que sofre que no próximo domingo se superem os entraves e a ferramenta esteja pronta para iniciar a caminhada rumo a uma mudança urgente para Florianópolis.