Por Renato Rovai.
1) O general é quem vai garantir a segurança no entorno das escolas. Se ele considerar que é conveniente colocar soldados e militares dentro das escolas ele poderá fazê-lo. Porque é ele quem manda.
2) Se o responsável pela segurança da escola for informado que um professor de história fez críticas ao regime militar e disse que a atual intervenção no Rio de Janeiro é a mesma coisa ele pode mandar prendê-lo por “associação ao tráfico de drogas”.
3) O general é quem vai garantir a segurança no entorno dos postos médicos. Se ele considerar que é conveniente colocar soldados e militares dentro dos postos médicos ele pode fazê-lo.
4) Se o responsável pela segurança do posto médico for informado que no local um dos agentes de saúde critica a ação dos militares, ele pode ser punido ou preso também pelo mesmo motivo anterior.
5) O general é quem vai garantir a segurança das pessoas na noite, se ele achar conveniente decretar toque de recolher na Lapa às 22h fechando todos os bares e restaurantes ele pode fazê-lo. Inclusive para diminuir a ação do tráfico de drogas.
6) O general é quem vai garantir a segurança nas ruas da cidade, se a CUT e o MST marcarem manifestações e ele disser que não, ele pode colocar as tropas nas ruas para prender os inimigos da ordem. Que estão fazendo o jogo dos traficantes.
7) O general é quem vai garantir a segurança nas favelas. Se ele quiser impedir a entrada e saída de pessoas em alguma comunidade por dias para fazer um pente fino no local ele pode fazê-lo. Porque muitos estão associados ao tráfico.
8) O general é quem garante a segurança das pessoas nas igrejas. Se ele estiver incomodado com o discurso de um padre ou pastor, ele pode levá-lo para depor e acusá-lo de qualquer coisa, inclusive de associação ao tráfico.
9) O general é quem garante a ordem geral e irrestrita, se ele achar que um blogueiro está infringindo leis contra essa tal ordem pode mandar prendê-lo, também por associação ao tráfico.
10) Ou seja, quando estamos sob uma intervenção militar quem manda é o general. Ou vários deles. E ele escolhe um inimigo. Pode ser a Argentina ou a associação ao tráfico. E se não funcionar ele escolhe outro inimigo. Porque as Forças Armadas precisam de inimigos para continuar mandando. Entregar o poder civil às Forças Armadas pode começar aos poucos, mas dificilmente volta aos poucos e de forma rápida.
PS: Se quiser saber mais sobre o que penso da intervenção militar no Rio de Janeiro, fiz um outro texto tratando do assunto.