Por Janaína Machado, com Márcio Papa, para Desacato.info.
Conceitos moldados, cultural ou moralmente nem imaginam como é estar em um corpo no qual não há identificação, seja psicológica ou física. Com esse padrão que estabelece identidade de gênero a partir do genital que se nasce, conflitos envoltos na cis-normatividade, transexualidade, travestilidade e o não-binarismo, tornam-se uma rotina na vida de muitas pessoas, então surgem as diferenças que constrangem, intimidam e tiram vidas, pelo mundo todo.
O Brasil é o país com maior número de transexuais e travestis assassinados.
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Para problematizar estes fatos, aconteceu hoje, 24 de junho, em Florianópolis, o Primeiro Seminário de Despatologização das Transexualidades e Travestilidades: “Contribuições da Psicologia”, com abordagens importantes sobre os modos de subjetivação de pessoas que não se identificam com sua identidade de gênero. Discutindo práticas profissionais da área da psicologia, com importante foco na despatologização das transexualidades e travestilidades e valorização de identidades e suas expressões entre pessoas trans e não binárias.
Polêmicas demandas e ainda pouco debatidas, como nome de registro e uso do nome social, – pelo qual a pessoa melhor se identifica – o modo de como a psicologia é convocada para a interpretação desses cenários e como esta comparece em relações com a sociedade trans, foi o núcleo das discussões.
O transexual, João Walter, psicólogo, compartilhou sua historia e trouxe pontos importantes que somente uma pessoa que vive em um corpo transexual pode viver e sentir.
A complexidade do binarismo se da quando uma pessoa é julgada erroneamente anormal e então o questionamento de onde vem a regra que estabelece o que é `normal` em uma sociedade deve ser problematizada. Também foi ouvida a trans Lyrius K`yo Fonseca e as psicólogas Gabriela Rabelo e Mama Luiza Rovaris. Também foi aberto um espaço para debates entre todos que compareceram ao seminário com relevantes informações, relacionadas as práticas do psicólogo, incluindo os pereceres, laudos e relatórios – foram abordadas e discutidas em defesa aos direitos humanos transexuais.