Rússia: Comemorações dos 70 anos da derrota do nazismo
Por Alejandro Acosta, direto da Rússia.
A Rússia inteira vivenciou, no último dia 9 de maio, as maiores comemorações desde a queda da União Soviética, nas principais cidades do país. No sábado, foram vários desfiles, um show de tecnologia militar, concertos, danças e outras atividades culturais; de unidade do exército e da população em torno do governo Putin e contra o imperialismo. O domingo e a segunda-feira também foram feriados nacionais.
Os preparativos passaram por uma campanha maciça na imprensa, filmes e músicas patrióticas, milhões de cartazes e materiais publicitários. Os acontecimentos relacionados com a Segunda Guerra Mundial, onde a antiga União Soviética perdeu quase 30 milhões de pessoas, estiveram nos noticiários nas últimas semanas.
O objetivo da comemoração foi esbanjar o poderio militar da Federação Russa e mostrar que o país não sucumbiu às pressões do imperialismo.
Neste ano, o principal destaque foi a presença do presidente chinês Xi Jinping, que permaneceu do lado do presidente Vladimir Putin e que representa a base da aliança da política do chamado Novo Caminho da Seda. Xi Jinping foi acompanhado por equipes de alto nível dos setores de defesa, energia, economia e finanças. A visita a Moscou pela delegação chinesa foi complementada pela visita à Bielorrússia e ao Cazaquistão. A Rússia enviará uma equipe encabeçada por Vladimir Putin para participar das comemorações da derrota do fascismo japonês, em Pequim, em setembro. A China foi o segundo país que mais sofreu perdas durante a Segunda Guerra Mundial, com aproximadamente 20 milhões de mortos.
A chanceler alemã, Angela Merkel, esteve em Moscou após as comemorações, no domingo, como parte da política de representar o principal ponto de mediação entre os apoiadores do governo golpista de Kiev e a Federação Russa.
Chamou a atenção que o Brasil, como participante dos chamados BRICS, não tenha enviado a presidente Dilma.
COMEMORAÇÕES DE 2005 e 2010: A HISTÓRIA SE REPETE?
A 60o. comemoração, em 2005, foi usada pelo governo de Vladimir Putin para conter o descontentamento popular com o pântano gerado na Tchetchênia e com o aumento das pressões da OTAN com a incorporação dos países Bálticos, o que deixou a segunda cidade mais importante do país, São Petersburgo, a apenas 250 quilômetros das bases da OTAN. A pressão também aumentava sobre a Ucrânia com mais uma das “revoluções laranjas”, em 2004, que serviu como prenúncio do golpe de estado do ano passado. Em 2003, por meio de um golpe similar, foi colocado no poder o governo pró-imperialista de Mikhail Saakashvili.
Naquela época, as contradições com o imperialismo estavam distantes do que vieram a se transformar depois de 2008 e da crise na Ucrânia. O próprio George Bush esteve presente em Moscou. O governo russo apoiou a intervenção norte-americana no Afeganistão e facilitou a instalação de bases nas Repúblicas da Ásia Central.
A pressão energética sobre a Ucrânia, com o corte do fornecimento de gás natural em 2006, ajudou a romper o bloco pró-imperialista que estava no governo. Devido ao grosso do trânsito do gás destinado à Europa atravessar a Ucrânia, a pressão escalou sobre os países europeus.
A movimentação russa, facilitada pelo derrota do imperialismo no Iraque em 2007 e o enfraquecimento no Afeganistão, criou rachaduras que impediram a aprovação do ingresso da Ucrânia e da Geórgia na OTAN em abril de 2008, no contexto da ofensiva que incluiu a aprovação da instalação de mísseis balísticos na Polônia e na República Tcheca. A invasão da Geórgia realizada, no mês de agosto do mesmo ano conteve essa ofensiva, em vários dos demais estados da antiga União Soviética, como o Cazaquistão e a Ucrânia.
Em 2010, outra comemoração adquiriu um caráter gigantesco. Foi a maior desde a queda da União Soviética. Contou com a participação de tropas estrangeiras. A maior parte dos países ocidentais enviaram representantes, inclusive a Polônia e os Países Bálticos. Nas eleições de janeiro de 2010, Viktor Ianukóvich venceu as eleições na Ucrânia, no Quirquistão assumiu um governo pró-russo e na Geórgia os setores mais pró-imperialistas foram derrotados nas eleições parlamentares.
Fonte: O Homem Livre.