Por Camila Ignácio e Thiago Iessim para Desacato.info.
Na tarde dessa quinta-feira (14) ocorreu o primeiro ato contra o aumento da tarifa pela Frente de Luta pelo Transporte (FLT), encabeçado por diversos movimentos estudantis e populares. Sem grandes truculências com a polícia, a manifestação teve a duração de três horas e catraca livre para os que estiveram no Terminal Central de Florianópolis no início da noite.
A concentração para o ato iniciou no TICEN as 17h abaixo de forte chuva. E se muitos pensaram que o tempo impediria a manifestação, “nós não somos de açúcar”, disse a manifestante Eduarda Contezini, enquanto incitava outros a comparecerem. Com cantorias, batuque e muita animação o ato iniciou pela rua Álvaro de Carvalho em direção a Felipe Schmidt até dobrar na Tenente Silveira, onde fez breve parada na marquise da Secretaria da Fazenda de Florianópolis.
Através de jogral e megafones os manifestantes passaram para a cidade as suas reivindicações, conclamando os trabalhadores a aderirem também a passeata. Em seu discurso, Paula Parreiras, da Assembleia dos Estudantes Livre (ANEL), destacou que a população de Florianópolis não teme manifestar contra o aumento na tarifa e esse ato é somente o começo. “Governo e empresários juntos aumentaram a tarifa, por que eles querem que nós, juventude e trabalhadores, paguemos por uma crise que não é nossa”. A estudante terminou deferindo o que é sentido pelos milhares de trabalhadores que utilizam do transporte público diariamente: “Florianópolis tem um dos piores sistemas de mobilidade urbana, muitas filas, poucos horários e os ônibus estão capengando”, finaliza Paula.
O ato prosseguiu pela rua Arcipreste Paiva até tomar a avenida Paulo Fontes novamente e retornarem ao TICEN onde ocorreu o catracaço nos terminais A e B, com os mesmos sendo tomados pelos manifestantes e liberando as catracas gratuitamente para a população.
Houve um princípio de repressão policial contra os manifestantes com a aparição da Polícia Tática e Batalhão de Choque e muito empurra-empurra, mas logo foi contornado e aos gritos de — Não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da polícia militar – até ocorrer um recuo e consenso pacífico por parte de ambos os lados e a manifestação seguir sendo observada pela PM pelo restante do ato. “A polícia de Florianópolis trabalha muito mais com a intimidação do que com a violência, que é mais comum nos batalhões do Rio de Janeiro e São Paulo”, salienta Midiã Fraga, do Movimento Passe Livre (MPL).
Com muita euforia por parte dos manifestantes, boa aceitação por parte da população que se fez presente e até mesmo policiais do Choque pulando a catraca, o primeiro ato contra o aumento da tarifa em Florianópolis foi um ótimo prelúdio dos próximos atos que estão prestes a ocorrer.
Esperam-se mais atos e muita dor de cabeça ao Prefeito César Souza Júnior e ao empresariado do transporte público florianopolitano.