O povo foi impedido de entrar na escola pública

Por Lidiane Ramos Leal.

Era dia 23 de agosto de 2012, dia lindo e propício para se discutir política, assim como já havia sido combinado. O povo do Norte de Florianópolis se organizou em uma belíssima passeata com vista a reivindicar seus direitos e conhecer as propostas dos candidatos ao executivo da capital. Em frente ao TICAN (Terminal de Canasvieiras) lá estavam crianças, estudantes, homens e mulheres de todas as idades. Participaram aproximadamente 150 moradores e lideranças, representando a classe trabalhadora. A passeata começou. Palavras de ordem eram ditas: “Na Ilha da Magia Queremos Moradia…”, enquanto caminhavam rumo ao debate com os candidatos a prefeito da capital, que seria realizado na escola Jacó Anderle.

Quando os manifestantes chegaram ao destino, a lamentável surpresa, o povo não poderia entrar na escola, diziam os seguranças que “o evento foi cancelado”. Algumas horas antes, sem maiores explicações a direção da escola, de maneira irresponsável, desfez o acordo com as lideranças que organizaram o ato e proibiu a entrada do povo na escola, que deveria ser pública e aberta a tais iniciativas democráticas. Nesse momento aproximadamente 10 viaturas com trabalhadores da Polícia Militar iluminavam os rostos dos manifestantes com suas sirenes, policiais à paisana registrando fotograficamente os moradores, seguidos de muitas armas e até fuzil, contrastando com as panelas, as faixas e apitos dos trabalhadores.

Como não podiam entrar na escola, decidiram realizar o debate ali mesmo, em frente ao portão da escola que lhes foi fechado. E o debate começou através do megafone, o diálogo foi sendo construído entre os candidatos e o povo, bem próximos. Os candidatos a prefeito presentes foram o Gilmar Salgado (PSTU) e Élson Pereira (Psol), participaram ainda mais de 10 candidatos a vereadores, sendo do PT, PSTU e Psol. Com o megafone em mãos o debate foi realizado. Lamentavelmente,  somente dois dos seis candidatos a prefeito participaram desse momento tão importante.

Ainda estamos no aguardo por uma resposta oficial por parte da direção da escola Jacó Anderle, acerca do impedimento da realização do debate em suas dependências. E claro, nos questionando por que os demais candidatos não deram à devida importância para o povo do Norte de Florianópolis. E entre questionamentos, finalizo com Rosangela Bion de Assis:

Até quando haverá dois tipos de mundo para uma só humanidade?
Até quando alguns serão mais seres que outros humanos?
Até quando?…

 

Fotos: Rosangela Bion de Assis  e Lívia Monte.

8 COMENTÁRIOS

  1. A atitude da policia nem sempre agrada a quem é de direito , por sobra para os policiais o resto da sociedade a que não teve direito a uma educação adequada e ainda depende da vontade daqueles que criam as leis p beneficio próprio , e dai quando a policia atu p fazer cumprir os deveres , o policial em questão nem sempre observa os seus próprios direitos !Que as vezes estão sendo debatidos naquele instante .

  2. Olá Robin e Rafael, pois então, eu não tenho muita experiencia sobre, até porque não tenho formação para tal, apenas estou falando como cidadã que busca conhecer os meus direitos e as minhas obrigações como cidadã. Bom, baseado nisso é que acredito que os policiais, acima de qualquer coisa, são indivíduos que assim, como qualquer outra pessoa, tem direitos e obrigações de cumpri-los também. As leis constitucionais, que muitas vezes são até internacionais, estão acima do que qualquer poder imposto, desde que não seja descumprida alguma lei direcionada a este poder. (não sei se poder seria a palavra certa).

    Bom, o fato é, a população pouco sabe de seus direitos. Esses policiais se estão indo de encontro as leis de direitos humanos e sociais devem ser denunciados. Quem vai denunciar? Precismos disseminar o conhecimento sobre os direitos humanos. Mas mais preocupante é àquele que dá a ordem a esses policiais, esses possuem responsabilidade dobrada!!!!

  3. Outros tempos esses… e evento isolado, o da narrativa.
    Não podemos considerar policiais meros trabalhadores. Não podemos perdoar o carrasco, com a desculpa de falta de opções de trabalho… temos sempre a opção de recusar fazer parte da opressão. Sempre. Eles/as fizeram sua escolha com conhecimento de causa, ou não?
    Tive, como professor, a oportunidade inusitada e desagradável de dar aulas a policiais, entre outros estudantes, e, em franco debate, eles/as se desresponsabilizaram de suas ações com a clássica desculpa de que apenas cumpriam ordens…
    Sob essa mesma desculpa, nazistas, torturadores, etc tentaram se desresponsabilizar… Se policiais, soldados, etc são meros trabalhadores, então, p q tentar punir os envolvidos com a ditadura militar? P q punir os torturadores? Nessa lógica, eram apenas trabalhadores… do estado…

  4. Artigo importante para acompanhar a luta dos trabalhadores.

    Robin

    Concordamos que a polícia é um “braço” armado da burguesia? Se sim, temos que ter noção que a polícia como instituição é esse “braço”. Atrás da farda e das armas existem homens e mulheres, que sim, são trabalhadores. E esses homens e mulheres precisam levar comida para casa…Entretanto, é a partir de uma crise por dentro dessa instituição que poderemos destruir essa instituição que serve como aparelho repressivo do Estado burguês. Acabar com o regime militar, unificar as policias e ter eleições diretas para comandos, com revogabilidade do cargo caso não cumpra com os deveres, com o controle dos trabalhadores. Mas essa discussão é polêmica, por isso é importante ter cuidado em não confundi os trabalhadores que usam farda com a instituição.

    “Foi no dia 8 de março. As operárias da indústria têxtil escolheram o Dia Internacional da Mulher para começar sua luta. Rapidamente a greve contagiou outras categorias e mais de 90 mil pessoas marcharam rumo ao centro da cidade. As mulheres iam à frente. Para impedir o avanço da multidão, o governo ordenou que a cavalaria formasse uma linha sólida e coesa em uma das pontes de acesso ao centro. Cerca de 1500 cavaleiros se alinharam. A multidão se aproximou e houve silêncio. Ninguém sabia ao certo como terminaria aquele encontro. As mulheres, mais corajosas, chegaram até os cavalos. De joelhos, elas seguravam as botas dos soldados e imploravam que as deixassem passar. Mas os soldados não se moviam. Então, algo inesperado aconteceu: um soldado piscou o olho para uma operária. Era um sinal, e ela logo entendeu. Ela se agachou, e passou por entre as pernas do cavalo, transpondo facilmente a temida barreira. Foi a primeira” – Henrique Canary

    http://www.pstu.org.br/teoria_materia.asp?id=13128&ida=35

  5. Lidiane, dizer “trabalhadores da polícia militar” é igualar esse bando de assassinos ao resto dos trabalhadores dessa sociedade. Eles são os caras que só tem uma posição: a dos poderosos. Isso é visível por si só no seu texto.

  6. Primeiramente queria parabenizar o pessoal que esteve presente nesta passeata, pois demostraram interesse em conhecer os seus candidatos para que possam votar na melhor opção para toda a região envolvida, no caso Florianópolis. Afinal, é melhor conhecer os candidatos antes, do que votar por votar e reclamar depois não é mesmo?

    Bom, mas esse belo ato infelizmente foi negado ao povo, cancelando o debate, que aliais, aconteceu não é? Sendo que alguns candidatos, os mais prováveis, não quiseram participar, por que será? Para não ouvir e escultar o que o povo tem a dizer? Não manchar seus belos e honrosos nomes? Deixar a imagem feita pelos atores nas propagandas eleitorais?

    Aliais, as propagandas eleitorais chegam a ser desleais, quem pode pagar mais é o que mais aparece e que são sempre os mesmos e que persistem nessa política “coronelista” disfarçada de democrática que temos nesses últimos tempos. Política esta que não faz questão nenhuma de um povo esclarecido e por isso mantém esse tipo de ação, quando o povo ameaça manifestar!!!!

    Só quem é cego não consegue enxergar e eu estou vendo tudo, mas não quero ficar de bico calado fazendo de conta que sou muda!!!!

    Parabéns pela reportagem e pela equipe de ter registrado esse momento!

  7. Opa só um esclarecimento, o diretor é mesmo que foi nomeado o Colombo mesmo tendo sendo acusado de assédio contra alunas? Que o professorado se intimida por eles ter as costas quentes no SED? Não parece novidade dentro de um quadro onde escola serve para governador colocar seus jagunços a fim de controlar os professores e funcionários.
    Não é novidade, isso quer dizer que a comunidade tem mais é que se organizar para fazer eleições diretas e botar os interventores para correr.

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