O passado recente da grande mídia e do judiciário (que os condenam). Por Francisco Fernandes Ladeira.

Por Francisco Fernandes Ladeira.

Durante todos os anos da década passada, escrevi no Observatório da Imprensa, principal site brasileiro de crítica midiática. Portanto, pude analisar de perto os discursos dos noticiários sobre acontecimentos emblemáticos de nossa história recente, como as jornadas de junho de 2013, o crescimento da chamada “polarização política”, o golpe de 2016 e primeira eleição (direta) de um presidente de extrema-direita. Nesse período, as atuações partidárias da grande mídia e de setores da justiça chamaram bastante a atenção.

Durante o mandato presidencial de Dilma Rousseff, a direita, inviabilizada eleitoralmente para chegar à presidência da República, recorreu a mecanismos extra-parlamentares para desestabilizar o governo petista e influenciar nas principais decisões políticas. Surgira, assim, a aliança mídia/judiciário. O importante era tirar o PT.

Não deixa de ser irônico o fato de essas duas instituições, atualmente, posarem de defensoras da “democracia” contra o fascismo. Mídia e judiciário foram diretamente responsáveis pelo surgimento de Bolsonaro e do bolsonarismo, espécies de efeitos colaterais do antipetismo.

Tal sentimento foi alimentado por operações fraudulentas e processos farsescos como a Lava-Jata e o “Mensalão”, pelas manipulações midiáticas, pela moralista e hipócrita bandeira anticorrupção e pela demonização da esfera política (em benefício dos interesses do mercado e das potências imperialistas).

Hoje, imprensa e judiciário produzem a (falaciosa) narrativa de que a democracia brasileira passou a ser ameaçada somente após a chegada de Bolsonaro ao poder. Nada mais distante da realidade. Em relação ao asfixiamento da democracia brasileira, Bolsonaro é “consequência”, não “causa”. Os mínimos preceitos democráticos que existiam por aqui foram solapados com o golpe de 2016, cujos principais arquitetos foram, justamente, imprensa e judiciário.

Mídia e Justiça ajudaram a criar Bolsonaro, mas, cinicamente, alegam não ter nada a ver com isso. Como diz o dito popular: “filho feio não tem pai”. Não deixemos que a história absolva os legítimos golpistas; aqueles que, primeiramente, “atentaram contra as instituições”.

Francisco Fernandes Ladeira é Doutor em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Licenciado em Geografia pela Universidade Presidente Antônio Carlos (Unipac). Especialista em Ciências Humanas: Brasil, Estado e Sociedade pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Mestre em Geografia pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).

A opinião do/a/s autor/a/s não representa necessariamente a opinião de Desacato.info.

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