Por Leonardo Idênio Soares, Blumenau, para Desacato.info.
Triste, porém, ele existe! Não só existe como ele sempre esteve presente ao longo da história da humanidade. Entre as demonstrações mais recentes do ódio ao “Outro”, podemos destacar a repulsa e o ódio violento que assassinou milhões de judeus em toda a Europa durante o holocausto. Os judeus foram perseguidos, torturados e mortos em um dos maiores genocídios humano de todos os tempos. Sem perdão e sem exceção. Homens, mulheres, jovens, idosos e crianças torturados e mortos.
Mesmo com os exemplos cruéis cometidos na Europa contra judeus, gays, negros, ciganos e entre tantos “Outros” que fugiam do ideal alemão, o Brasil não ficou de fora.
Na ditadura militar que se instaurou no Brasil na década de 60, os “tidos” como comunistas, líderes de movimentos sociais dos mais diversos segmentos foram vistos como os traidores da pátria, e então um-a-um torturado e morto.
Assim iniciou mais uma barbárie contra o “Outro”, contra àquele que não era visto como um ser humano, por não pensar como “eu”, então deveria ser combatido, exterminado.
Caçados como animais – por terem opiniões e visões diferentes -, foram torturados e mortos. Lembrando, com o apoio de Políticos, magistrados, Promotores, Polícia, da Sociedade e lógico, da sempre golpista à Rede Globo.
E agora, nos deparamos com esse ódio ao “Outro” novamente. O Outro a ser combatido. Logicamente, o “Outro” a ser combatido ainda não mudou muito. O negro ainda é identificado como “criminoso em potencial”, os gays ainda são vítimas de uma violência física e psíquica, as feministas devem ser combatida porque são “extremistas” na busca de seus direitos e os movimentos sociais agora – como no passado – também são vistos todos como um bando de “preguiçosos”.
O alvo continua sendo os mesmos, a esquerda brasileira continua perseguida, mas as evidências indicam que a gana e que o ódio só aumentam.
No entanto, além daqueles que no passado foram perseguidos e continuam sendo, outros “Outros” foram incluídos no cenário de perseguição atual. O Outro a ser combatido a todo custo agora são os Petistas. E detalhe, novamente magistrados, promotores, policiais e grande parte da sociedade permitindo que um futuro combate violento ao Outro seja concretizado.
O que também não mudou foi a elegância e a imparcialidade da grande mídia. Nas palavras do Jornalista Paulo Henrique Amorim hoje, a grande mídia possui um partido, o PIG, “PARTIDO DA IMPRENSA GOLPISTA”, denunciado pelo jornalista no seu livro “O Quarto Poder”. Para Amorim, o PIG sempre esteve presente – de uma forma ou de outra na “democracia” brasileira.
Esse partido, o PIG, tem sido o grande responsável pela inflamação e disseminação do ódio na sociedade brasileira, que não acompanha – por várias razões – outros meios, formas e fontes de informação, ficando a mercê da grande rede partidária o “PIG”.
As lições que podemos tirar desse cenário ríspido são, entre tantas outras:
1) O ódio ao Outro que pensa diferente deve ser excluído, oprimido e combatido até que seja totalmente dominado;
2) o opressão leva a dominação, e com a dominação chega-se ao poder;
3) dominando o Outro evito a resistência, não existindo resistência o poder é todo meu.
Essa compreensão do Outro como sujeito de direito, quem nos ensina é a Filósofa alemã Hannah Arendt, que no século XX lutou contra todas as formas de privação dos Direitos Humanos e dominação do Outro.
No entanto, pensar diferente e expressar essa construção, histórica, social e cultural do pensar, não dá o direito de excluir e oprimir ninguém. Haja vista, que a liberdade de pensar e liberdade de expressão não podem avançar sobre direitos e garantias fundamentais alheias.
O exercício do direito à liberdade de expressão jamais, nunca, poderá sobressair e passar por cima de outros diretos e garantias fundamentais para causar a exclusão e a opressão do “Outro”. O Outro, o tido como diferente por pensar diferente de você, não deve ser inferiorizado e nem mesmo dominado, porque assim como você, ele é sujeito de direitos e também é humano e digno de compreensão e respeito.
Leonardo Idênio Soares, estudande de Direito e pesquisador de justiça restaurativa, biodireito e Gênero na Universidade Regional de Blumenau – Furb.