Por Carmen Susana Tornquist.
Além dos levianos vereadores que aprovaram na “confiança”(!) e às cegas o conjunto de páginas denominado “plano diretor ” de Florianópolis, no apagar das luzes de 2013,- há pelo menos dois outros acólitos do capital que merecem um lugar de destaque no processo: um deles, é claro, é o atual prefeito , comandante em chefe da operação “destrua Florianópolis” e o outro, é o Sr Dalmo Viera, superintendente do IPUF e Secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano(!), arquiteto, urbanista, e professor, que se dedicou de corpo e alma a liderar o espetáculo de horrores que a cidade assiste, perplexa.
Como urbanista, o Sr Vieira ignora princípios básicos de planejamento que qualquer cidadão dotado de bom senso conhece bem:o diagnóstico da realidade. O documento que encaminhou apressadamente à câmara de vereadores ignorou solenemente a cidade real e as suas condicionantes ambientais, desconsiderou a legislação da qual deveria ser guardião e entusiasta, virou as costas para as áreas de risco,para as áreas de preservação e “esqueceu” de criar zonas de habitação popular e áreas verdes.Com isto contrariou solenemente anos e anos de debate qualificados feito pela população organizada em distritos e bairros, e que faz da cidade um exemplo de cidadania ativa e responsável, como supõe a legislação que reconhece o controle social como mecanismo de a aperfeiçoamento da democracia formal.
Como professor , outra faceta com a qual é conhecido na cidade, a situação se apresenta mais grave, pois, ao apresentar o dito “plano” nas ocasiões que ousou chamar de “ audiências públicas” recorreu a métodos didáticos sofríveis de fazer enrubescer qualquer aspirante ao cargo , ele tentou convencer a população que o Plano da Prefeitura era moderno, cosmopolita e verde(é impressionante como os poderosos usam este adjetivo!). exibindo a todo momento seu famoso conjunto de “slides” sobre a cidade a públicos que supôs convencer e até impressionar. Ao longo de 2013, ele apresentou estas peças publicitárias ad nauseum em todos os auditórios que conseguiu forjar, sempre acompanhado de bordões provincianos e colonizados (nossa cidade é a mais linda do mundo”, “iremos copiar o mesmo que as mais modernas cidades da Europa já fazem”, “teremos uma cidade mais verde do que nunca”). Requentadas a cada exibição, as centenas de slides sobre a cidade “do futuro” poderiam fazer rir os neófitos no assunto, não fosse a dimensão trágica que continham. As exibições eram apenas parte de um negócio cujo resultado já fora decidido em gabinetes e imobiliárias de plantão. E precisara do apoio decisivo da mídia local, cuja profundidade não alcança a altura de um pires e para a qual a palavra responsabilidade é uma ilustre desconhecida. Não se sabe até hoje se ele mesmo acreditava nas barbaridades que exibia, sendo “enganado pela própria enganação”, ou se, de fato, simplesmente, mentia. Como urbanista e como professor, o Sr.Vieira envergonha seus colegas de profissão, mas deve-se ter claro que sua dupla contratação pela PMF não se deve exatamente a estes ofícios, mas a outras habilidades, como a de publicitário, anunciada desde o inicio de 2013, quando o Sr. Vieira assumiu o cargo de garoto propaganda número 1 do jovem César Souza,
Com o desfecho do “Plano Diretor” dos últimos dias, uma outra vocação do Sr. Vieira veio a luz: a de mordomo. Impossível não perceber os detalhes de tão fino métier: a fala linear, as palavras elegantes, as expressões estrangeiras, a pronúncia correta, o traje impecável e a destreza de quem conhece os salões, disfarçando a frieza e crueldade necessárias para cometer o golpe mortal na cidade que agoniza faz tempo. Agora, não restam dúvidas: :ele é o mordomo de César. Neste quesito, temos que reconhecer sua eficiência. Dificilmente ele perderá o emprego.
NB: Mordomo (s.m) Chefe dos criados de uma grande casa.
Administrador dos bens de um estabelecimento. Aquele que trata dos negócios de uma irmandade ou confraria e administra seus bens.
Imagem tomada de: bicicletanarua.wordpress.com Dalmo Vieira, na foto, segundo da direita à
esquerda.