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O México se questiona: como um líder sindical corrupto pode passar sua sentença no conforto na sua residência de luxo?
Por Ana Rosa Moreno, de Puebla, México, para Desacato.info
Versão em português: Elissandro Santana, para Desacato.info
A justiça no México se posiciona de acordo com a capacidade de de compra das pessoas. Se alguém com poucos recursos rouba uma lata de feijão em um Walt-Mart pode passar até 6 anos na prisão,mas, ao contrário, se o líder de um dos maiores sindicatos do país está envolvido em crimes como desvio de dinheiro, evasão fiscal, tráfico de influência se corrupção poderá sofrer prisão domiciliar no máximo.
É assim que funciona a justiça no México; a corrupção em todo o seu esplendore as prisões cheias de gente inocentou de indivíduos que cometeram pequenas infrações ou, em alguns casos, cumprindo penas por delitos que eles nunca cometeram.
Elba Esther Gordillo Morales, em seu passado glorioso, foi a mais poderosa sindicalista e política mexicana,já que desde 1989 até o ano 2013 dirigiu, de maneira direta e indireta,o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Educação (SNTE). Também foi por três vezes deputada federal e senadora da República pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI) no qual também foi secretária geral de 2002 a 2005. Ela ficou famosa porque não sabia quantos professores estavam registrados em seu sindicato e porque em suas aparições mostra sua total e péssima leitura de discursos que, com certeza, não foi ela quem escreveu.
Mas como ter o controle vitalício do Sindicato Nacional de Trabalhadores da Educação e se impor aos secretários gerai se ganhar milhões de pesos por quinze dias não fosse suficiente,também formou um partido político (Nova Aliança, no qual todos os professores da República são militantes e votos seguros) para seguir ganhando milhões de peso no futuro.
Porém isso não é nada, Esther Gordillo, além disso, chamou a atenção por sua forma excêntrica de vida;a professora oriunda de Chiapas (um dos Estados mais pobres e com maior atraso na educação) costumava comprar em lojas exclusivas da Polanco, na Cidade do México; suas marcas favoritas eram Louis Vuitton, Chanel, Prada, Escada, Hermés e Diane Von Fürstenberg (tão somente os acessórios das ditas lojas oscilam entre 3 e 60 mil pesos). Chegou a realizar 22 pagamentos de mais de 2 milhões de dólares no cartão de crédito por compras na exclusiva loja departamental Neiman Marcus. Também esbanjando milhões de pesos em cirurgia plástica.
Chegou a gastar um orçamento completo que seria utilizado no setor educacional em seu vestuário Cavalli, nos sapatos Jimmy Choo e nas 59 hummers que presentou em 2008 aos secretários das seções da SNTE.
Esther Gordillo, por meio da SNTE, pagou cursos com um custo de 600 mil dólares aos líderes sindicais nos Estados Unidos para aprenderem técnicas eleitorais.
Diz-se, eu não estou para contá-los e os senhores para saber, porém nossa ilustre professora viajou à África para aprender bruxaria e,desta forma, evitar que o então presidente do México Ernesto Zedillo Ponce (1994-2000) a tirasse do sindicato.
Os afetados aqui são os estudantes, já que nas escolas públicas recebem professores que nem sequer sabem técnicas de ensino e, muitas vezes,não possui os conhecimentos acadêmicos para dar uma aula de história ou de qualquer matéria. Porém, também, as escolas sofrem, já que podem passar décadas sem reformas, troca de móveis e, nas áreas rurais,simplesmente não há escolas dignas e muitos professores (com vocação de verdade) têm que dar aulas ao ar livre e sem material.
Esther Gordillo chegou a ser uma das cinquenta mulheres mais importantes do México conforme a Revista Forbes, bastava garantir seu apoio a qualquer pessoa que pudesse ganhar a Presidência da República, se não acreditam, pergunte ao nosso lindo presidente Don Enrique Peña Nieto. Graças à mão e à obra da professora Gordillo, 200 bilhões de pesos passaram para as mãos do sindicato de magistério nos últimos 17 anos.
Entretanto, o reinado de nossa líder sindical caiu em decadência quando lhe ocorreu desafiar o nosso lindo presidente (ou seja, ninguém faz isso e sobrevive para contá-lo) e rejeitando um de seus projetos brilhantes, a reforma educacional (um dos pontos importantes desta reforma era eliminar o tempo de vida dos professores e aplicar um teste para ver se eles estão aptos a dar suas aulas).
Em fevereiro de 2013, a Procuradoria Geral da República deteve a professora Esther Gordillo pelo crime de uso de recursos de procedência ilícita, por desviar fundos para dois bilhões e 600 milhões de pesos e não pagar ao Tesouro a quantia de 4 milhões 394 mil pesos devidos a título de imposto de renda (ISR).
Foi levada pela primeira vez para a prisão de mulheres de Santa Martha Acatitlae, em seguida, transferida para a prisão feminina de Tepepan; durante o tempo dela na prisão podia livremente fazer sua aula de ioga e de meditação a cada três dias, além de poder tomar banho no próprio banheiro privado. Viver na prisão não significou perder o glamour já que pode seguir utilizando as lentes Coco Chanel para fazer as leituras e caminhar comodamente com os sapatos “flats” Salvatore Ferragamo. A comida que consome é preparada na casa da filha Maricruz Montelongo, segundo o diário Reforma.
Ensinar uma lição à professora Elba Esther Gordillo com prisão serve de mensagem para os líderes sindicais que sendo corruptos em seus modus vivendi não é problema;o problema é que se oponham aos projetos presidenciais.
A professora Esther Gordillo não ficou muito tempo na prisão, pois, graças ao fato de que, atualmente, sofre 14 problemas de saúde como: insuficiência renal, hipertensão e a questão da hepatite C transferiram-na para um hospital particular na Colônia Roma (colônia caríssima na Cidade do México). Em janeiro, operou o maxilar e tem duas operações pendentes: uma hérnia e outra no calcanhar direito, conforme apresentou o jornal Reforma.
Devido à situação de saída dela, os advogados bem pagos de Elba Esther Gordillo conseguiram apresentar um recurso de amparo para que ela pudesse cumprira pena na tranquilidade da casa luxuosa e dito amparo foi aceito na sexta 17 de fevereiro deste ano por um tribunal federal. A resolução foi adotada pelo Quinto Tribunal Colegiado em Matéria Penal da Cidade do México, depois de em 2015 outra corte federal lhe recusar a medida por medo de que ela fuja. Porém, a falta de ratificação de outra corte, o Primeiro Tribunal Unitário, nesta semana,espera-se a audiência para determinar se procede ou não que Gordillo continue cumprindo suas penas por crime organizado e lavagem de dinheiro desde sua casinha.
Como falei, a eficácia da justiça no México se determina pela capacidade de compra. Não importa se o país mexicano mantém os piores níveis de educação ou se as escolas caem aos pedaços,ou se é mais perigoso sentar-se em uma mesa do que em um bote da escola enquanto os líderes sindicais podem seguir desviando os recursos monetários, andar com suas hummers blindadas e seguir legitimando as atrocidades de nossos bastiões da democracia e do líder supremo da República.
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Texto em espanhol:
La justicia en México se define de acuerdo a la capacidad de compra de las personas. Si alguien de bajos recursos se roba una lata de frijoles en un Walt-Mart puede enfrentar hasta 6 años en la cárcel, por el contrario, si la dirigente de uno de los sindicatos más grandes del país está implicada en delitos como desvío de dinero, evasión de impuestos, tráfico de influencias y corrupción simplemente puede tener arresto domiciliario.
Y es que así funciona la justicia en México, la corrupción a todo su esplendor y las cárceles llenas de gente inocente o de individuos que cometieron delitos menores, o en algunos casos, cumpliendo penas de delitos que ellos nunca cometieron.
Elba Esther Gordillo Morales, en sus gloriosos tiempos, fue la más poderosa sindicalista y política mexicana, ya que desde 1989 al año 2013 dirigió, de manera directa e indirecta, el sindicato Nacional de Trabajadores de la Educación (SNTE). También fue tres veces diputada federal y senadora de la República por parte del Partido Revolucionario Institucional (PRI) de quien también fue secretaria general del 2002 a 2005. Ella ha sido famosa por no saber cuántos maestros tiene empadronados en su sindicato y porque en sus participaciones muestra su total y pésima lectura de discursos que seguramente ella no escribió.
Pero como si tener el mando vitalicio del Sindicato Nacional de Trabajadores de la Educación donde puede imponer a los secretarios generales seccionales y ganas millones de pesos a la quincena no fuera suficiente, también formó un partido político (Nueva Alianza, donde todos los profesores de la República son militantes y votos seguros) para seguir ganando unos millones de pesos más.
Pero eso no es nada, Esther Gordillo, además, ha llamado la atención por su forma excéntrica de vida; la maestra oriunda de Chiapas (uno de los estados más pobres y con mayor rezago en educación) solía comprar en tiendas exclusivas de Polanco, en la ciudad de México, sus marcas favoritas son Louis Vuitton, Chanel, Prada, Escada, Hermés, y Diane Von Fürstenberg (tan sólo los accesorios de dichas tiendas, oscilan entre los tres mil y 60 mil pesos). Llegó a realizar 22 pagos por más de 2 millones de dólares a su tarjeta de crédito por compras en la exclusiva tienda departamental Neiman Marcus. También derrochaba millones de pesos en cirugías plásticas.
llegó a gastar un presupuesto entero que sería utilizado para el sector educación en su vestuario Cavalli, en sus zapatos Jimmy Choo y en las 59 hummers que regaló en el 2008 a los secretarios de las secciones del SNTE.
Esther Gordillo, por medio del SNTE, pagó cursos con un costo de 600 mil dólares a los líderes sindicales en Estados Unidos para aprender técnicas electorales.
Se dice, yo no estoy para contarlo y ustedes para saberlo, pero nuestra ilustre maestra viajo a África para aprender brujería y así evitar que el entonces presidente de México Ernesto Zedillo Ponce (1994-2000) la sacara del sindicato.
Los afectados aquí son los estudiantes ya que en las escuelas públicas reciben profesores que ni siquiera saben técnicas de enseñanza y muchas veces no tienen los conocimientos académicos para dar una clase de historia o de cualquier materia. Pero también las escuelas sufren ya que pueden pasar décadas sin remodelaciones, cambio de mobiliario y en las zonas rurales simplemente no hay escuelas dignas, muchos profesores (con vocación de verdad) tienen que dar clases al aire libre y sin material.
Esther Gordillo llegó a ser una de las 50 mujeres más poderosas de México según la revista Forbes; bastaba con garantizar su apoyo para que cualquier persona pudiera ganar la presidencia de la República, si no me creen, pregúntele a nuestro guapo presidente don Enrique Peña Nieto. Gracias a la mano y obra de la maestra Gordillo, 200 mil millones de pesos pasaron por las manos del sindicato magisterial en los últimos 17 años.
Sin embargo, el reinado de nuestra líder sindical cayó en decadencia cuando se le ocurrió retar a nuestro guapo presidente (o sea, nadie hace eso o al menos vive para contarlo) y rechazar uno de sus brillantes proyectos, la reforma educativa (uno de los puntos importantes de esta reforma era eliminar las plazas vitalicias de los docentes y aplicarles un examen para saber si son aptos para dar sus clases).
En febrero del 2013, la Procuraduría General de la República detuvo a la maestra Esther Gordillo por el delito de usos de recursos de procedencia ilícita, al malversar fondos por dos mil 600 millones de pesos y no pagar al fisco el monto por 4 millones 394 mil pesos que debía por concepto de Impuesto Sobre la Renta (ISR).
Fue recluida primero en la prisión para mujeres de Santa Martha Acatitla y después fue traslada al reclusorio femenil de Tepepan, durante su tiempo en prisión podía libremente tomar su clase de yoga y meditación cada tercer día, además de poder ducharse en su propio baño privado. Vivir en la cárcel no significó perder el glamour ya que puede seguir usando sus lentes Coco Chanel para hacer sus lecturas y caminar cómodamente con sus zapatos “flats” Salvatore Ferragamo. La comida que consume es preparada en la casa de su hija Maricruz Montelongo, según el diario Reforma.
Escarmentar a la maestra Elba Esther Gordillo con prisión ha mandado el mensaje a los líderes sindicales que siendo corruptos en sus modus vivendi no es problema, el problema es que se opongan a los proyectos presidenciales.
La maestra Esther Gordillo no duró mucho tiempo en la cárcel, pues gracias a que actualmente sufre 14 afecciones como insuficiencia renal, hipertensión y hepatitis C, fue trasladada a un hospital privado en la colonia Roma (colonia carísima en la ciudad de México). En enero, se le operó del maxilar y tiene dos operaciones pendientes: una hernia y otra en el talón derecho según reveló el periódico Reforma.
Debido a su situación de salud, los bien pagados abogados de Elba Esther Gordillo lograron meter un recurso de amparo para que ella pudiera cumplir su pena en la tranquilidad de su lujosa casa y dicho amparo fue concedido el viernes 17 de febrero de este año por un tribunal federal. La resolución fue adoptada por el Quinto Tribunal Colegiado en Materia Penal de la Ciudad de México, después de que en 2015 otra corte federal le negara la medida por temor a que se fugara. Pero, falta la ratificación de otra corte, el Primer Tribunal Unitario; en esta semana se espera la audiencia para determinar si procede o no que Gordillo continúe cumpliendo su pena por los delitos de delincuencia organizada y lavado de dinero desde su casita.
Como he dicho, la eficacia de la justicia en México se determina por la capacidad de compra. No importa si el país mexicano mantiene los peores niveles en educación o si las escuelas se caen a pedazos o si es más peligroso sentarse en un pupitre que en un bote de la escuela mientras los líderes sindicales puedan seguir desviando los recursos monetario, andar en sus hummers blindadas y seguir legitimando las atrocidades de nuestro bastión de la democracia y líder supremos de la República mexicana.