O mundo inteiro entrou em estado de choque ao contemplar as imagens das atrocidades que estão sendo cometidas contra o povo palestino pelas forças militares do Estado de Israel. As cenas de horror nos mostram milhares de crianças destroçadas por poderosas bombas lançadas pelos militares israelenses, hospitais sendo invadidos e destruídos com muitos de seus médicos e pacientes selvagemente assassinados.
Não obstante a monstruosidade de tudo o que está evidente para a maioria dos seres racionais da humanidade, no Brasil, nos Estados Unidos e em alguns outros países, o maior número de apoiadores das ações de extermínio populacional praticadas pelo Estado de Israel provém de aderentes a certas instituições religiosas que se auto-classificam como cristãs. Trata-se de entidades religiosas que se orientam por uma narrativa conhecida como “Sionismo Cristão”.
Em realidade, não é possível avaliar os trágicos acontecimentos da atualidade no Oriente Médio sem levar em conta o papel do denominado Sionismo Cristão. Composto em boa medida por seguidores de igrejas evangélicas, com forte destaque para as neopentecostais, e por católicos de linhagem carismática, essa corrente teológica adere à tese de que Deus, por meio das profecias bíblicas, mantém para os judeus um plano diferente daquele reservado para o restante da humanidade quando da chegada do fim dos tempos.
Neste processo, os judeus também recuperarão o Templo do Monte e reconstruirão o seu no exato local onde atualmente se encontram os espaços sagrados para os seguidores do Islã.
Portanto, conhecer a essência do que pensam os seguidores do sionismo cristão não é apenas uma satisfação de uma curiosidade, senão que uma imperiosa necessidade. Como sabemos, não é possível interagir racionalmente diante de algo que nos é desconhecido.
Em vista disto, está sendo lançada agora a edição brasileira do livro “Sionistas Cristãos: na Rota do Armagedom”, de Stephen Sizer, um reverendo evangélico da Igreja Anglicana, que há várias décadas se dedica a estudar o envolvimento de grupos cristãos na criação e no desenvolvimento das teses que acabaram por engendrar um dos mais graves conflitos e ameaças para a paz mundial dos últimos dois séculos. Nesta obra, o autor se esforça por historicizar e apresentar uma visão crítica da ideologia que permeia essa corrente de pensamento. Trata-se de um livro importante para trazer à luz e debater sobre sua validade o grande número de crenças, preconceitos e manipulações que moldam o comportamento de milhões de evangélicos ao redor do mundo em relação às políticas do Estado de Israel, ao direito de existência do povo palestino, assim como com respeito aos seguidores do Islã.
Logicamente, este livro foi escrito por um cristão dentro do espírito que o autor considera próprio de alguém sensível e fiel aos sentimentos emanados do próprio Jesus. Por isso, é um livro que procura deixar evidente que é incompatível com tal espírito que um seguidor de Jesus assuma como sua uma política que se empenha em discriminar, expulsar e eliminar o povo palestino das terras onde, há milhares de anos, gerações e gerações de sua gente vinham vivendo.
Como comprometimento com a luta para que a justiça venha a prevalecer, a editora do livro decidiu transferir à entidade representativa do povo palestino em nosso país (FEPAL) o valor correspondente aos direitos autorais na venda dos exemplares deste livro. Portanto, ao adquiri-lo, o leitor, além de passar a dispor de informações valiosas para uma melhor compreensão da questão em si, também estará prestando uma ajuda para aliviar a dor daqueles que estão sendo vítimas de um feroz processo de genocídio. O livro está disponível no portal de Apparte Editora no link: https://bit.ly/3R6bKld
Jair de Souza é economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ.
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