O indignado imolado

Página 12.

(Português / Español).

Depois de atear-se fogo durante uma manifestação pela justiça social a semana passada em Tel Aviv, Silman sucumbiu ontem no Centro Médico Sheba pois não conseguiu repor-se das queimaduras.

Moshe Silman, o ativista israelense que se incinerou durante uma manifestação por justiça social em Tel Aviv faz uma semana, sucumbiu às queimaduras ontem no Centro Médico Sheba Tel Hashomer. Silman sofria de queimaduras de segundo e terceiro graus em 94% do seu corpo. O ativista se tinha jogado gasolina e ateado fogo em meio a uma manifestação de 8 mil pessoas, comemorando o começo dos protestos do último verão. O ato de Silman instou uma série de críticas por parte de ativistas e outros que condenavam uma burocracia insensível que não tinha podido brindar apoio para manter-se economicamente.

Ontem pela manhã, os ativistas e amigos próximos de Silman foram informados pela família de que restavam poucas horas para sua morte. Sua família queria que estivesse rodeado de amigos próximos e anunciou que instalaria uma barraca na casa de sua irmã Ri-shon Letzion, onde seria velado durante os setes dias de duelo requeridos pelo judaísmo.

Filho de sobreviventes do Holocausto, de 57 anos, não teve um começo fácil. Vivia sozinho e, de acordo com seus amigos, tentava sair adiante na vida e vivia com dignidade. Mas, uma pequena dívida com o Instituto Nacional de Seguros cresceu e o remeteu a uma infinidade de problemas econômicos e burocráticos que terminaram com sua autoincineração, no sábado pela noite na rua Kaplan de Tel Aviv, enfrente das câmeras.

Dois anos atrás, Silman mudou-se de Bat Yam a Haifa. Na medida que sua situação econômica se deteriorava, se envolvia mais e mais em protestos em Haifa. Os ativistas que conheceu no protesto em Carmel no último verão se converteram nos seus melhores amigos. “Era um homem de ação. Dizia que tinha que ser político e ser eleito no lugar que fosse possível”, disse Yossi Baruch, um ativista de Haifa.

Silman morava em um apartamento de dois cômodos muito abandonados, no limite da área de Wadi Salib. A geladeira estava vazia. Os vizinhos não lhe conheciam. Nasceu em Israel e tem duas irmãs, Bat Zion Elul de Rishon Letzion e Naomi Angel, membro do kibbutz Ma’agan. Angel o visitava em Haifa às vezes, sempre levando comida. Elul disse ontem do seu irmão: “Estava desesperado, afundado em dívidas. Desde o dia em que perdeu tudo, o dia em que se levaram tudo, a casa, seus caminhões, a casa dos meus pais, foi ladeira abaixo”.

Silman nunca se casou e não teve filhos, de maneira que seu pedido para obter uma casa foi repetidamente negado. Passou alguns anos nos Estados Unidos. Na sua volta estabeleceu um serviço de encomendas e as coisas começaram a melhorar. Mas, perto do 2000, seu negócio caiu por causa da segunda Intifada. Mudou-se a um depósito menor em Jaffa. Mais tarde soube que os avisos da dívida do Instituto Nacional do Seguro nunca lhe chegaram porque eram enviados ao antigo endereço.

Em 2022, o Instituto lhe expropriou um dos 4 caminhões que usava para a empresa. O motivo: a dívida de 15.000 shekels novos (3750 dólares). Silman pagou uma terceira parte para reclamar o caminhão, mas, lhe pediram 1200 mais para cobrir as despesas. Silman não pôde reclamar o caminhão devido a uma greve do instituto e disse que isso o levou ao colapso do negócio. Em 2005 viu-se forçado a deixar seu apartamento.

Silman começou a trabalhar como condutor de táxis, mas, ganhava muito pouco segundo sua declaração e os documentos que entregou junto com sua reclamação por danos ao instituto. Enquanto isso, como sua situação financeira piorava, o banco lhe fechou a conta, e toda sua poupança e benefício do seguro foram usados para pagar suas dívidas, estimadas em centenas de milhares de shekels. A mãe de Silman, sua fiadora, também ficou sem poupança. Para poder salvar seu apartamento o transferiu às suas filhas.

Depois de perder a carteira de motorista pelas dívidas, sua saúde começou a deteriorar-se. O Instituto avaliou sua perda de habilidade para trabalhar em 50% e deram uma limitada quantia como pensão. Um companheiro ativista disse depois de que Silman se incinerasse no sábado: “Moshe elegeu fazer dano a si próprio em protesto. É terrível quando uma pessoa tem que cometer um ato dessa natureza para explicar sua situação aos outros”.

Versão em português: Raul Fitipaldi.

El indignado inmolado

Página 12.

Tras prenderse fuego durante una manifestación por la justicia social la semana pasada en Tel Aviv, Silman sucumbió ayer en el Centro Médico Sheba al no poder reponerse a sus quemaduras.

Moshe Silman, el activista israelí que se incineró durante una manifestación por la justicia social en Tel Aviv hace una semana, sucumbió a sus quemaduras ayer en el Centro Médico Sheba Tel Hashomer. Silman sufría de quemaduras de segundo y tercer grado en el 94 por ciento de su cuerpo. El activista se había rociado con nafta y prendido fuego en medio de una manifestación de ocho mil personas, conmemorando el comienzo de las protestas el verano pasado. El acto de Silman instó una serie de críticas por parte de activistas y otros que condenaban una burocracia insensible que no había podido brindarle el apoyo para mantenerse económicamente.

Ayer por la mañana, los activistas y amigos cercanos de Silman fueron informados por su familia de que estaba en sus últimas horas. Su familia quería que estuviera rodeado de amigos cercanos y anunció que se instalaría una carpa en la casa de su hermana en Ri-shon Letzion, donde sería velado durante los siete días de duelo requeridos por el judaísmo.

El hijo de sobrevivientes del Holocausto, de 57 años, no tuvo un comienzo fácil. Vivía solo y, de acuerdo con sus amigos, trataba de salir adelante en la vida y la vivía con dignidad. Pero una pequeña deuda con el Instituto Nacional de Seguros creció y lo envió a un sinfín de problemas económicos y burocráticos que terminaron con su autoincineración, el sábado a la noche en la calle Kaplan de Tel Aviv, frente a las cámaras.

Dos años atrás, Silman se mudó de Bat Yam a Haifa. A medida que su situación económica se deterioraba, se involucraba más y más en las protestas en Haifa. Los activistas que conoció en la protesta en Carmel el verano pasado se convirtieron en sus mejores amigos. “Era un hombre de acción. Decía que había que ser político y ser electo en cualquier lugar posible”, dijo Yossi Baruch, un activista de Haifa.

Silman vivía en un departamento de dos ambientes muy abandonado, en el borde del área pobre de Wadi Salib. La heladera estaba vacía. Los vecinos no lo conocían para nada. Nació en Israel y tiene dos hermanas, Bat Zion Elul de Rishon Letzion y Naomi Angel, miembro del kibbutz Ma’agan Michael. Angel lo visitaba en Haifa de vez en cuando, siempre llevándole comida. Elul dijo ayer de su hermano: “Estaba desesperado, hundido en deudas. Desde el día en que perdió todo, el día en que se llevaron todo, la casa, sus camiones, el dinero, la casa de mis padres, fue cuesta abajo”.

Silman nunca se casó y no tuvo hijos, de manera que su pedido para obtener una casa fue repetidamente negado. Pasó algunos años en Estados Unidos. A su regreso, estableció un servicio de mensajería y las cosas empezaron a mejorar. Pero entonces, hacia fines de 2000, su negocio cayó por la segunda Intifada. Se mudó a un depósito más pequeño en Jaffa. Más tarde se supo que los avisos de la deuda del Instituto Nacional del Seguro nunca le llegaron, porque se mandaban a su antigua dirección.

En 2002, el instituto le expropió uno de los cuatro camiones que usaba para la empresa. El motivo: una deuda de 15.000 nis (3750 dólares). Silman pagó un tercio para reclamar el camión, pero le pidieron pagar 1200 más para cubrir los gastos. Silman no pudo reclamar el camión debido a una huelga del instituto y dijo que eso llevó al colapso a su negocio. En 2005 se vio forzado a evacuar su departamento.

Silman comenzó a trabajar como conductor de taxis, pero ganaba muy poco, según su declaración jurada y los documentos que entregó junto con su reclamo por daños al instituto. Mientras, como su situación financiera empeoraba, el banco le cerró la cuenta, y todos sus ahorros y beneficios de seguros fueron usados para pagar sus deudas, estimadas en ciento de miles de chekels. La madre de Silman, su garante, también se quedó sin ahorros. Para poder salvar su departamento, lo transfirió a sus hijas.

Después de perder su carnet de conductor por sus deudas, su salud comenzó a deteriorarse. El instituto evaluó su pérdida de habilidad para trabajar en un 50 por ciento y le dieron una limitada cantidad en concepto de pensión. Un compañero activista dijo, después de que Silman se incinerara el sábado: “Moshe eligió dañarse a sí mismo en protesta. Es terrible cuando una persona tiene que cometer un acto así para explicar su situación a los demás”.

Foto de Moshe Silman antes da imolação tomada de: encabezeta.blogspot.com

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