As imagens são formas de comunicação e, na contemporaneidade, estão entre aquelas que melhor falam e descrevem fatos, eventos, acontecimentos e provocam reflexões.
As pessoas se encantam e produzem arte com a própria face, com os corpos, vestes, adornos, pinturas, posturas, movimentos.
Viralizam sorrisos, lágrimas, expressões de dor, rancor e sentimentos de tristezas, alegrias, euforias, desalentos, amarguras e lamentos.
O imagético cria versões de si, dos outros, das coisas e bichos, acelera a difusão daquilo que poderia estar no anonimato, no segredo do quarto, da sala de reunião, do debate, da articulação, da aldeia, da mata, da beira de rio.
Hoje, como nunca, o menino, a menina, a moça o jovem, os velhos estão todos expostos a si mesmos, basta de um celular, uma rede de internet e acionar uns comandos para sair de seu lugar, da sua individualidade e navegar pelas redes das virtualidades transfronteiriças.
Os povos indígenas, suas lutas e causas também se expandem e tomam contornos nunca vistos, eles criam espaços e ferramentas com as quais transmitem suas verdades e necessidades, seus direitos e expectativas.
O imagético é, para além das imagens difundidas pelos indígenas, o que ajuda a transmitir os modos de ser, as culturas e as questões pelas quais se luta, se vive e também se morre no Brasil.
O imagético não expôs os povos indígenas, ajudou a difundir, através dos rostos e contornos corporais pintados, das bocas em gritos, as reivindicações pela defesa dos direitos e para que não se derrame nenhuma gota de sangue indígena a mais.
A causa indígena é de todos nós, essa é a convocação feita por aquelas e aqueles que se articulam em caravanas de mulheres, nos acampamentos terra livre, nas articulações entre povos originários e comunidades tradicionais de nosso Brasil.
Chapecó, SC, 06 de setembro de 2022.
Por Roberto Liebgott, Cimi Sul.
Dedicado ao 4º Acampamento Terra Livre da Região Sul do Brasil, realizado na Terra Toldo Chimbangue, do Povo Kaingang.