Por Ronnie Huete Salgado, de Tegucigalpa, Honduras.
A fictícia “realidade” que sempre venderam os proprietários dos meios de comunicação em Honduras teve mais ímpeto nos últimos dias, que marcaram a perseguição do suposto roubo, o maior ocorrido em Honduras.
Privar de saúde uma massa considerável de seres humanos que vivem em Honduras é imperdoável, uma vez que atenta contra suas vidas, condenando-os a uma morte lenta e dolorida; o preço atual dos remédios neste país é altíssimo, devido à precariedade com que se vive, fruto das administrações irregulares que o Estado de Honduras tem sofrido, sem mencionar os terríveis casos de fraude.
A privação da saúde é uma violação ao direito universal da vida, os mais de 330 milhões de dólares que desapareceram desta instituição de seguridade social devem aparecer, junto com quem, supostamente, foi o ator intelectual deste roubo. No entanto, o roteiro fictício em Honduras brilha em admiração pela captura do suposto ladrão.
A cidadania do país está em seu pleno direito de exigir aos representantes do Estado que o dinheiro roubado volte aos afiliados do IHSS, e que este caso não se concentre em mais uma captura do cinema hollywoodiano, visto que a vida das pessoas afetadas por este roubo não tem o tempo de um julgamento.
Um julgamento cujas penas são caracterizadas, nas últimas décadas, em uma extensa regalia de cartas de liberdade, outorgada a ex-líderes presidenciais e funcionários públicos relacionados a casos de corrupção.
Este louvor à impunidade deve culminar na exigência de aparecimento do dinheiro que os afiliados do IHSS aportaram, por anos, na instituição, e não deve se concentrar em um filme que ressalta o absurdo do sistema judiciário desta nação.
Segundo o advogado do médico Mario Zelaya, o galeno foi capturado pelas autoridades policiais da Nicarágua, que logo o entregaram ao poderes judiciais em Honduras. Porém, esta informação é desvirtuada pelos proprietários dos meios de comunicação em Honduras, que insistem em vender sua última produção midiática; “o grande roubo”.
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Ronnie Huete Salgado é fotojornalista hondurenho, esteve exilado no Brasil após o golpe de Estado de 2009 e é colaborador de veículos de mídia alternativa.
Nota do autor do texto: Qualquer atentado ou ameaça ao autor do artigo é responsabilidade de quem representa e governa o Estado de Honduras ou de seus invasores.
Traduzido por Daniela Mouro, Correio da Cidadania.
Imagem tomada de: www.elheraldo.hn