Por Clarissa Peixoto
O futuro é hoje e, se me contassem, eu não saberia dizer que choveria tanto nessa manhã de primavera. Preveria uma manhã solar, com flores sorridentes e pés saltitantes correndo ao encontro das certezas ideais. O futuro é hoje e eu não supus que estaria sentada sobre uma cadeira de balanço antes mesmo dos quarenta. por certo, seria um dia de viagem. Mas, o futuro chega sem bater, senta-se à mesa do café e come as migalhas da expectativa. amanhã ele vai voltar. O futuro é hoje e, como se não bastasse, a cara no espelho reflete as rugas que se empilham uma a uma em slow motion. as mãos se apegam às manias e os movimentos se repetem. O futuro nunca se cristaliza como o passado que deixa para trás; o futuro é hoje e, se me perguntassem, eu jamais saberia dizer.
Fonte: Para não desaprender