O franquismo do século XXI

Por Julio Rudman.

(Português/Español).

“O que um nome cifra”  – Jorge Luis Borges.

Eles têm as mesmas iniciais FF, mas um século os separa. Sou muito ruim de números e sei que não são cem anos. Pelo menos neste caso. Francisco utilizou tanques, metralhadoras, fuzis, pistolas, cavalos, canhões e trincheiras, sob a lógica da Guerra Fria. Teve a missão de “salvar” a Espanha do comunismo e contou com a inestimável colaboração do nazismo alemão para consegui-lo. Aí está Guernica, como antecipo de Auschwitz e como prova do horror eterno. A ciência moderna ao serviço do mal absoluto.

Federico foi ungido presidente sob a lógica da guerra mediática. Já não tem tanques nem tropas de assalto. Não em vão a primeira pancada do regime “sojete” (achado semântico de Vicente Muleiro em “1976-El golpe civil, Sudamericana, 2011) foi intervir a televisão pública, criada faz só seis meses. Paraguai é o sétimo produtor mundial de soja e Lugo teve a impertinente ideia de propor que os empresários do sector paguem um imposto de 2% sobre a sua rentabilidade. Resultou imperdoável.

Porém, têm em comum uma garantia ignominiosa. O Vaticano. Junto com o Canadá, a Alemanha e a Espanha do neofranquista Rajoy, são os únicos Estados que reconhecem o Franco do século XXI. A hierarquia católica de Assunção vinha pedindo a renúncia ou destituição do presidente Lugo e benzeu, com uma pressa digna de melhor causa, o novo governo.

É de esperar que o Paraguai não seja Honduras. Que o repúdio inicial generalizado diante da derrubada de Zelaya não se transforme em acordos hipócritas com o Lobo paraguaio, porque o retrocesso não será só paraguaio. Será continental.

Mas não se espantem. Se a Venezuela do presidente Hugo Chávez está construindo as bases para o que ele chama “o socialismo do século XXI”, após os fracassos do  socialismo estalinista e a fraude ideológica dos socialismos europeus ocidentais, por que a direita ia se privar de se reinventar, de experimentar métodos novos que estejam de acordo com a lógica do anarco-capitalismo financeiro, tal como o definiu Cristina? Ninguém nos disse que o caminho de mudanças na América era fácil, lineal, pavimentado e bem iluminado.

Circula uma piada pela web. Se vê o Obama com cara de “outra vez estes imbecis”, falando para si próprio: “Eu disse para os caras da CIA que que devia ser derrubado era Hugo, não Lugo”. Detrás de cada piada tem algo sério, ensinou Freud. E a nossa  experiência histórica nos ensina que atrás de cada golpe está a embaixada.

Vários amigos e companheiros me escrevem alarmados pela escalada de conflitos em nosso país. E se perguntam se não existe um plano concertado para que coincidam com os acontecimentos paraguaios e bolivianos. Não sei. Mas sei, sim, que Cristina não é Lugo, que a qualidade institucional argentina não é a do Paraguai e que o aprofundamento das medidas de redistribuição da renda e de ampliação de direitos em nosso país leva ao Paraguai vários corpos de vantagem. Fato que não me enceguece. A decomposição do outrora todo-poderoso dirigente do caminhão, movido pelo despeito e o desespero, acordou a direita vernácula de sua letargia e anomia. Será usado, como antes foi demonizado, com o mesmo desprezo e descaro até que já não lhes serva mais e que passe o seguinte.

Se um golpe de Estado é “A tomada do poder político de um modo repentino e violento, por parte de um grupo de poder”, o do Paraguai é sim, por mais que Pepe Eliaschev fique bravo. Com Cobos não deu certo porque é um pusilânime, um oportunista. Franco, Federico, digo, é um deles, enquistado no governo pela própria fraqueza política, ideológica, partidária e até pessoal, de Lugo.

Em fim, para tranquilidade e alerta de companheiros e companheiras, relembro Silvio cantando “Que não é o mesmo, mas é igual”.

Tradução: Projeto América Latina Palavra Viva

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El franquismo del siglo XXI

Por Julio Rudman.

“Lo que se cifra en el nombre” – Jorge Luis Borges

Tienen la mismas iniciales, FF, pero los separa un siglo. Soy muy malo para los números y sé que no son cien años. Al menos en este caso. Francisco utilizó tanques, metralla, fusiles, pistolas, caballos, cañones y trincheras, bajo la lógica de la Guerra Fría. Tuvo la misión de “salvar” a España del comunismo y contó con la inestimable colaboración del nazismo alemán para lograrlo. Ahí está Guernica, como anticipo de Auschwitz y como prueba del horror eterno. La ciencia moderna al servicio del mal absoluto.

Federico fue ungido presidente bajo la lógica de la guerra mediática. Ya no hay tanques ni tropas de asalto. No en vano el primer zarpazo del régimen “sojete” (hallazgo semántico de Vicente Muleiro en “1976-El golpe civil, Sudamericana, 2011) fue intervenir la televisión pública, creada hace sólo seis meses. Paraguay es el séptimo productor mundial del yuyo y Lugo tuvo la impertinente idea de proponer que los empresarios del sector paguen un impuesto del 2% sobre su rentabilidad. Resultó imperdonable.

Sin embargo, tienen en común un aval ignominioso. El Vaticano. Junto con Canadá, Alemania y la España  del neofranquista Rajoy, son los únicos Estados que reconocen al Franco del siglo XXI. La jerarquía católica de Asunción venía pidiendo la renuncia o destitución del presidente Lugo y bendijo, con premura digna de mejor causa, al nuevo gobierno.

Cabe esperar que Paraguay no sea Honduras. Que el repudio inicial generalizado ante el derrocamiento de Zelaya no se transforme en acuerdos hipócritas con el Lobo paraguayo, porque el retroceso no será sólo paraguayo. Será continental.

Pero a no asombrarse. Si la Venezuela del presidente Hugo Chávez está construyendo las bases para lo que él ha llamado “el socialismo del siglo XXI”, luego de los fracasos del socialismo estalinista y el fraude ideológico de los socialismos europeos occidentales, ¿por qué la derecha se iba a privar de reinventarse, de probar métodos nuevos que estén de acuerdo con la lógica del anarco-capitalismo financiero, tal como lo definió Cristina? Nadie nos dijo que el camino de cambios en Latinoamérica  era fácil, lineal, pavimentado y bien iluminado.

Circula un chiste por la web. Se lo ve a Obama con cara de “otra vez estos pelotudos”, diciendo para sí mismo: “Les dije a los de la CIA que al que había que derrocar era a Hugo, no a Lugo”. Detrás de cada chiste hay algo de serio, enseñó Freud. Y nuestra experiencia histórica nos enseña que detrás de cada golpe está la embajada.

Varios amigos y compañeros me escriben alarmados por la escalada de conflictos en nuestro país. Y se preguntan si no hay un plan concertado para que coincidan con los sucesos paraguayos y bolivianos. No sé. Pero sí sé que Cristina no es Lugo, que la calidad institucional argentina no es la de Paraguay y que la profundización de las medidas de redistribución del ingreso y de ampliación de derechos en nuestro país le lleva varios cuerpos de ventaja. Lo que no me ciega. La descomposición del otrora todopoderoso dirigente del camión, movido por el despecho y la desesperación, ha despertado a la derecha vernácula de su letargo y anomia. Será usado, como antes fue demonizado, con el mismo desprecio y desparpajo hasta que ya no les sirva más y que pase el que sigue.

Si un golpe de Estado es “La toma del poder político de un modo repentino y violento, por parte de un grupo de poder”, lo de Paraguay lo es, por más que Pepe Eliaschev se enoje. Con Cobos no resultó porque es un pusilánime, un advenedizo. Franco, Federico digo, es uno de ellos, enquistado en el gobierno por la propia debilidad política, ideológica, partidaria y hasta personal, de Lugo.

En fin, para tranquilidad y alerta de compañeros y compañeras, recuerdo a Silvio cantando “Que no es lo mismo, pero es igual”.

Viite: http://www.julio-rudman.blogspot.com

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