Por Clóvis Campêlo.
Nos anos 80, quando morava em Olinda e meus filhos eram pequenos, costumava ir com a família fazer pic-nic na praia de Pau Amarelo, ao lado do Forte. Na época, era um lugar aprazível, sem construções clandestinas. Escolhíamos uma árvore qualquer, na beira da praia, estendíamos a toalha e fazíamos a festa. As crianças adoravam aqueles momentos de lazer puro e barato. Uma verdadeira curtição.
Muitos antes de nós, porém, no dia 14 de fevereiro de 1630, segundo os historiadores, ali chegaram os holandeses da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais. Sob o comando do almirante Hendrick Corneliszoon Lonck, ancoraram naquele local, no litoral norte de Pernambuco, com um contigente de 7.280 homens e 65 embarcações. Não vieram em busca de lazer barato, mas sim atrás dos lucros do açúcar aqui produzido. Com essa intenção, marcharam por terra e conquistaram Olinda e o Recife. Mas, essa história, todos nós já sabemos.
Embora os holandeses invasores tivessem entrado em Pernambuco pelo local, só 73 anos depois, em 15 de setembro de 1703, é que foi emitida uma Carta Régia ordenando a construção de um forte que servisse de defesa e oferecesse resistência a outras invasões.
O projeto ficou a cargo do engenheiro Luís Francisco Pimentel. A planta do prédio a ser construído foi por ele desenhada em aquarela e hoje se encontra arquivada no Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa, Portugal. Em 1707, porém, o infeliz engenheiro morria afogado nas águas do Rio Doce. A fatalidade retardou o início da construção que só se iniciaria em 1719. A conclusão do Forte de Nossa senhora dos Prazeres de Pau Amarelo, seu nome oficial, só aconteceria em 1738.
Segundo a historiadora Semira Adler Vainscher, em texto publicado no sítio da Fundação Joaquim Nabuco, em 1801 a fortaleza já possuia 12 canhões de calibre10 e 40. Em 1817, esse arsenal já havia evoluído para 3 peças de bronze, 24 peças de ferro, com uma guarnição de 14 praças e um tenente no comando. Antes, porém, em 1808, quando a sua planta chegou de Lisboa devidamente projetada e calculada, o monumento passou por uma grande reconstrução.
Hoje, apesar de estar situado na cidade do Paulista, o monumento pertence a Prefeitura da Cidade de Olinda, tendo sido tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 24 de maio de 1938, sob o número 84, no Livro das Belas-Artes.
As fotografias acima, retratando detalhes dos Forte em um dos seus vértices, foram feitas por mim, em 1990.
Hoje, passados mais de vinte anos da execução das fotos, sinto a necessidade de voltar ao local para novos registros e outros pic-nics. Dessa feita, levando os meus netos.
Fotos internas: Clóvis Campelo.
Foto de capa: http://www.onordeste.com