O dilema das pessoas analógicas nas redes digitais

Foto: Pixabay

Por Ricardo Almeida.

Por mais que queira, uma pessoa que permanece na cultura analógica não entende a complexidade do universo digital. Por um lado, porque ela não concebe a existência de diferentes dutos de informações que circulam por satélites e servidores espalhados pelo mundo afora, dos EUA até a China. Por outro, porque muitas delas vêem a internet apenas como um lugar capaz de preencher o seu vazio existencial… Algumas buscam respostas para perguntas que sequer foram formuladas, enquanto outras navegam por areias movediças e vivem caindo nas armadilhas criadas por diferentes algoritmos.

Nas eleições passadas, por exemplo, por desconhecimento, milhões dessas pessoas espalharam que ninguém deveria publicar a palavra Bolsonaro nas postagens e acabaram evitando que os algoritmos trabalhassem para que as críticas chegassem ao grande público. Agora, novamente eu estou preocupado, pois percebo que o documentário O Dilema das Redes está levando muita gente boa a “dar um tempo à internet” como se fosse possível voltarmos ao mundo analógico etc e tal.

Vejo que muitas dessas pessoas possuem uma capacidade de leitura crítica da realidade, mas que ainda preferem apontar “soluções” analógicas e individuais para os seus dilemas. As mais lúcidas acreditam que apenas com regulação da internet e com mais transparência, a população estaria protegida da espionagem e da manipulação internacional. Da minha parte, entendo que o buraco é bem mais profundo, pois a Deepweb e a Darkweb são verdadeiros campos minados que ainda não foram desvendados no Brasil. Como acordar as direções partidárias e a comunidade científica brasileira? Eis o meu e o teu desafio.

P.S. Apesar das denúncias de Assange, de Snowden e das espionagens reveladas durante os governos Dilma, Merkel, etc etc etc o debate no Brasil ainda é muito superficial.

A opinião do/a autor/a não necessariamente representa a opinião de Desacato.info.

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