Assessoria de Imprensa da Frente de Luta pelo Transporte Público.
O dia 4 de julho de 2013 foi histórico na luta por direito à cidade de Florianópolis. Não tivemos uma manifestação sobre o assunto apenas, mas três! O dia começou com uma manifestação de ciclistas na rótula da UFSC, por conta de uma estudante morta por atropelamento enquanto passava por aquele local. Os trabalhadores do Sintraturb (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Urbano de Florianópolis) também fizeram uma paralisação, demonstrando sua insatisfação com as condições da categoria. Além disso, no fim da manhã desta quinta-feira, a Frente de Luta pelo Transporte Público e o Movimento Passe Livre ocuparam pacificamente o SETUF (Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo da Grande Florianópolis), um dos símbolos da famosa caixa preta do transporte de Floripa.
Os manifestantes permaneceram por lá durante todo o dia, conversando com a população, fazendo batucadas e trazendo a público as reivindicações do movimento. Dentre elas a redução imediata dos preços das passagens de ônibus na cidade, maior transparência nas contas dos transportes, bem como a criação de um grupo de trabalho para viabilizar a médio prazo a implementação do projeto de Tarifa Zero.
No meio da tarde, membros do Sintraturb paralisaram suas atividades por duas horas, das 16h às 18h, em apoio às lutas pela Tarifa Zero e em repúdio às arbitrariedades da Justiça do trabalho e da Prefeitura nas negociações salariais da categoria nesse ano.
Próximo das 18h da tarde, o movimento era grande no TICEN (Terminal Integrado do Centro) e os manifestantes começaram a organizar a liberação das catracas, para que todos pudessem retornar às suas casas sem pagar pela passagem. Este foi, sem dúvidas, o momento mais bonito do dia, quando vimos desde crianças até senhoras de 70 anos pulando as catracas e aderindo ao movimento por um transporte verdadeiramente público. A estrutura altamente centralizada do transporte urbano de Florianópolis ajudou para a grande repercussão deste ato. No entanto, nada impede que tal medida possa ser reproduzida em grande escala em outras cidades. Ao efetuar o catracaço, conquistamos a Tarifa Zero, ainda que por poucas horas – mas não apenas, conquistamos também o apoio da população. Não há dúvidas de que tal experiência não é facilmente apagada da cabeça daqueles que participaram da ação direta. Não à toa, o que se cantou neste dia foi “Ah, que bom seria… se a Tarifa Zero fosse todo dia”.
O catracaço durou cerca de duas horas. Depois disso, tivemos uma assembleia da Frente que decidiu pela desocupação do SETUF por enquanto, e convocou novo ato para amanhã (5 de julho) às 16h, mais uma vez no TICEN. Esperamos que o Prefeito Cesar Souza Jr. seja sensível às nossas pautas e dê respostas efetivas às vozes das ruas, reduzindo a tarifa imediatamente e sinalizando maior participação popular no controle da mobilidade urbana de nossa cidade. Afinal, se o Prefeito gosta tanto de afirmar que implementar a Tarifa Zero é seu sonho, está na hora de ele transformar o sonho em realidade. Até agora, o único aceno da prefeitura é na direção de uma nova licitação do transporte urbano: demanda dos empresários, enquanto o movimento reivindica uma mudança radical na maneira com a qual o transporte público é visto em nossas cidades.
Estamos nas ruas há três semanas, ocupamos as pontes, a Beira-mar, as principais ruas do Centro, o túnel, liberamos as catracas do terminal. Mostramos que não estamos aqui para cantar o hino nacional e voltar a dormir em nossos berços, mas para conquistar direitos. Sabemos, há pelo menos 10 anos, que direitos se conquistam nas ruas. E é nelas que permaneceremos, até o fim. Até o fim das catracas!
Fonte: http://tarifazero.org/2013/07/05/o-dia-que-floripa-experimentou-a-tarifa-zero/