O deputado tucano citado no escândalo das merendas em SP pode ser investigado pela mulher dele

Por Kiko Nogueira.

DCM, via Contexto Livre.

 

Os escândalos envolvendo o PSDB têm um estilo todo próprio de ser. Tome-se o presente caso do presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, Fernando Capez.

Capez e o ex-chefe de gabinete da Casa Civil de Alckmin, Luiz Roberto dos Santos, podem estar envolvidos num esquema de fraudes em licitações de merenda escolar de 22 cidades.

Três suspeitos ouvidos na Operação Alba Branca afirmaram que Capez e o colega receberam propina por contratos entre a Secretaria de Educação e a Cooperativa Agrícola Familiar, Coaf.

Seis pessoas estão presas, entre elas o presidente da Coaf. Os valores das propinas chegariam a 25% do total dos contratos firmados e a maioria paga foi em dinheiro vivo.

Capez seria, de acordo com investigados, responsável pela liberação dos contratos junto à Secretaria e receberia uma comissão pelos negócios. Um sujeito declarou que seu assessor recebeu um cheque R$ 50 mil “e não o repassou, o que teria causado grandes problemas”.

Ele negou, obviamente — “com veemência”, registra a nota oficial. “Os 30 anos de imagem pública nos campos jurídico, acadêmico e político, bem como a presente gestão na presidência da Alesp, não serão abalados, e tudo será esclarecido em breve.”

Capez apareceu bem na fita em 1995, quando extinguiu, como promotor de justiça, a torcida Independente, do São Paulo, e a escabrosa Mancha Verde, do Palmeiras.

Entrou no PSDB em 2007. Cinco anos depois, foi investigado pelo MP de São Paulo por nepotismo. Em 2014, foi o deputado mais votado em SP.

Sabe que ser acusado de roubar comida de criança é abominável. Pior que isso é de fato roubar comida de criança. Mas aí chegamos ao modus operandi da apuração dos casos na arena pessedebista.

Por ser presidente da Assembleia, Fernando Capez só pode ser investigado pelo Procurador Geral do Estado, Márcio Elias Rosa.

E a assessora direta de Márcio, nomeada por ele, é a esposa de Fernando Capez, Valéria Palermo Capez. Em cargo de confiança, Valéria é responsável por receber as citações, notificações e intimações dirigidas ao Ministério Público e ao procurador.

Mais: em 2013, Geraldo Alckmin nomeou a mulher de Márcio, Carla Elias Rosa, para trabalhar na Casa Civil como assessora jurídica do governo. À época, Márcio se defendeu: “É uma assessoria jurídica técnica, e não política. Do estado, e não do governador.”

O salário de Carla, como mostra o Portal de Transparência, é de mais 55 mil reais (veja os documentos abaixo). Alckmin recebe 21 mil por mês.

O conflito de interesses é absolutamente claro. Mas vale aí a máxima de Jorge Pozzobom, do PSDB do Rio Grande do Sul, depois de um bate boca no Twitter: “Por não ser petista não corro o risco de ser preso”.

Tudo em casa.

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