Por Lautaro Rivara.
Pela primeira vez na história da Argentina, e talvez do mundo, um presidente em exercício promove publicamente um golpe financeiro. Após horas de especulação sobre um possível hackeio, o próprio Milei negou o fato. Sua própria comitiva participou da disseminação da criptomoeda Libra. Perante a confissão de uma parte, não é necessário apresentar provas.
-Aqui também, Milei é uma cópia ruim de Donald Trump. A principal diferença é que a moeda meme do presidente dos EUA foi lançada ANTES de sua posse e não durante o exercício de uma função pública incompatível com a promoção de negócios privados, mesmo que fosse lícita.
-Não é preciso dizer que esse fato grave é motivo de impeachment e é legalmente punível. Veremos se o desacreditado judiciário argentino age com energia ou se a corrupção só interessa quando ocorre no campo daqueles que lutam contra os interesses mais concentrados.
-Em relação ao acima exposto, e para medir o tamanho do golpe, a criptomoeda promovida sob o nome do selo do próprio partido de Milei rendeu 87 milhões de dólares em apenas seis horas aos responsáveis. Nas infames “bolsas de López” havia 9 milhões. A Milei participou do roubo de exatamente 9,66 bolsas.
-Veremos agora se a mídia corporativa dará a esse crime a mesma cobertura de outros escândalos, se optará por uma rápida amnésia ou se tirará algum coelho da cartola para se esquivar de uma questão tão espinhosa. Hoje será um dia de operações cruzadas.
-Isso deveria terminar com a renúncia imediata do presidente liberal-libertário ou com um rápido julgamento de impeachment no Congresso. Todo o arco político e midiático e quem quer que tenha visibilidade ou responsabilidade pública deve se manifestar sobre o assunto.
-Se não, pelo menos isso prejudicará irremediavelmente o mito viril dos “cripto-brothers”, do “Messi das finanças”, dos xamãs da especulação e do dinheiro fácil. A “ciência” econômica do governo nunca foi nada além de bobagem. Se é assim que eles administram o mundo das criptomoedas, o que estão fazendo com os ativos do Estado argentino, os impostos da população e os recursos estratégicos da nação? Talvez isso acabe sendo como o menino da fábula que acordou todo mundo gritando que o rei estava nu.
-Por fim, o Libragate é uma metáfora trágica de um governo que nunca passou de um calote (eleitoral) piramidal.
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Tradução: TFG, para Desacato.info.
