“Se o sertão tivesse mais livros, talvez tivesse menos carro pipa”, diz Genivaldo do Nascimento, professor de língua portuguesa e análise do discurso da UPE, e um dos idealizadores do I CLISERTÃO. Fechando a mesa, na noite de ontem, com essa constatação, Genivaldo encerra o espírito da abertura oficial do evento. O livro, a leitura e a literatura como motores de transformação social foram tocados em todas as falas, assim como a valorização da identidade local e a emergência de desconstruir o esteriótipo do sertanejo.
Lucila Garcez, Secretária Executiva do Plano nacional do Livro, Leitura e Literatura, fala da situação da leitura no Brasil, onde cerca de 75% das pessoas nunca entrou em uma biblioteca, 50% simplesmente não lê, e a média de livros por habitante é insignificante. “O desenvolvimento de um país está atrelado ao nivel cultural e intelectual da sua população. Nós temos que inserir uma política muito forte de incentivo à leitura”, enfatiza a secretária.
O Plano Nacional do Livro, Leitura e Literatura foi implementado através da assinatura de um decreto em setembro de 2011 por Dilma Roussef, e tem como principal objetivo fazer com que todos os estados e municípios elaborem os seus planos locais de livro e leitura, no sentindo de formar agentes de leitura, incrementar bibliotecas e estimular o acesso ao livro e a valorização da leitura. “Se nós não fizermos uma ação muito forte para desenvolver a leitura, nosso desenvolvimento estará comprometido”, encerra Garcez.
Beto Silva, Secretário Executivo da Secult/PE, representando o Secretário de Cultura Fernando Duarte, tocou na questão também da descentralização das ações como parte essencial dessa política. “Há três questões importantes nesse congresso. Uma, evidentemente, é a realização da parte científica e da discussão cultural e artística, que envolve o livro e a literatura. Isso vai ser feito por escritores, estudiosos, pesquisadores da área e interação com o público através das oficinas, painéis, palestras. O outro momento é a questão da descentralização, pois queremos envolver toda a região em ações descentralizadas, levando as ações pras praças, pras barcas do rio São Francisco, pros bairros, pras comunidades rurais e tradicionais. E por último, a intenção da formação de uma rede do livro e leitura na região”, enumera.
Segundo o professor Genivaldo do Nascimento, Petrolina tem contradições, paradoxos. Diz que a cidade vem conhecendo um desenvolvimento economico crescente, mas que o campo cultural ainda precisa ser olhado. “O CLISERTÃO vem trazer essa discussão. É importante porque coloca isso em pauta, a questão do livro e da leitura. Porque não se conhece um país que tenha dado certo e que seu nível de leitura ou que o consumo cultural seja baixo”, reflete sobre a importancia do evento na cidade.
Na noite de ontem o auditório da UPE recebeu cerca de 1500 pessoas. Na mesma noite, por volta das 21h, Ariano Suassuna apresentou a sua célebre aula espetáculo para um público caloroso que lotava o auditório e os corredores da universidade.
Agora pela manhã está acontecendo a programação do Clisertãozinho na Biblioteca Municipal Cid Carvalho, até as 11h. Raimundo Carrero e Antônio Torres também estão na programação de hoje, na mesa redonda “Sertão: espelho, miragens – O Nordeste Mítico e o Nordeste Contemporâneo na Literatura”. Para ver a programação completa, clique aqui.
Foto: Mesa da abertura oficial do CLISERTÃO (Foto: Ricardo Moura).
Fonte: clisertao.com