O cinismo de Macri e seu governo

milagro sala

Por Débora Mabaires, Buenos Aires, para Desacato.info.

(Port./Esp).

Nos últimos dias de maio, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) se reuniu na Argentina para tratar alguns dos assuntos que o governo de Mauricio Macri decidiu enviar pra baixo do tapete.

Uma das entrevistas que realizaram os membros da Comissão foi com Mario Volpe, dirigente do CECIM, Centro de Ex-combatentes nas Ilhas Malvinas, quem denunciou a inexplicável dilação das causas penais iniciadas por ex-soldados vítimas de torturas y vexames cometidos por membros das Forças Armadas contra soldados durante a guerra de 1982. O prontuário já leva 10 anos nos tribunais argentinos, e as vítimas precisaram recorrer à CIDH depois que a Suprema Corte declarasse que a causa estava “prescrita”, em sintonia com as sentenças  que garantem impunidade aos genocidas e as políticas de Direitos Humanos do governo de Macri.

O outro assunto pelo qual a Comissão visitou o país é pela detenção arbitrária de Milagro Sala, quem solicitou uma liminar a esse organismo para denunciar as violações a seus direitos.

O governo de Mauricio Macri, através de diferentes funcionários, tentou se desligar do tema com a desculpa de que a Justiça que a mantém presa é a da província de Jujuy, coisa que nos papéis é real, mas, na prática, todos sabemos que o governador de Jujuy Gerardo Morales faz  parte do projeto político do Presidente.

Na sexta-feira, a CIDH emitiu a sua sentença e deixou em evidência que Milagro Sala é uma presa política e que deve ser liberada imediatamente, porque o assédio e as torturas às que foi submetida causaram dano e sua vida está em perigo.

Francisco Eguiguren, presidente da Comissão, ao ser consultado sobre se era ou não uma presa política, declarou: “Independentemente de que os delitos que lhe imputem não  sejam desse tipo, sim se originam em função do exercício de sua função de liderança de uma organização cooperativa. E porque é um caso que a imprensa discute, que tem indubitável transcendência política entre o governo e a oposição. Não é um caso qualquer, e prevalece o fato de que ela tenha se causado uma lesão por este desespero e a aflição da situação que é contínua. “

Diz Eguiguren que foi constatado na detenção de Milagro Sala “…excesso de uma vigilância agoniante que não a deixa se mexer com liberdade. Muitos processos administrativos, sumários, quando ela reclamou um direito próprio ou de outras presas. Então, estas condições de detenção, assédio por excesso de vigilância, processos disciplinares, uma multidão de processos judiciais, lhe deram um quadro de aflição que atinge a sua integridade psíquica, moral, e isso lhe gera um quadro perigoso para sua vida e a sua integridade. Por isso, a Comissão chegou à conclusão, sem entrar na  análise dos processos, de que sua permanência na prisão põe a sua vida em risco severo e por isso considera que qualquer continuidade de julgamento deve acontecer fora do cárcere em prisão domiciliar ou em liberdade submetida a procedimentos de controle que existem na Argentina…”

Mas, insolitamente, quem reconheceu que Milagro Sala é uma presa política é o governo de Jujuy que, através de seu ministro, Agustín Perassi, expresou: “a situação de Sala sob prisão domiciliar lhe dará maior capacidade de ação política, um regime ilimitado de visitas, escassas restrições e a montagem de um sistema de comunicação que pode ser usado politicamente para influir nas eleições“.

Mauricio Macri evitou se referir ao relatório da CIDH e, como resposta, no dia de hoje, 2 de agosto, viaja para Jujuy, para respaldar o governador Gerardo Morales e os candidatos das próximas eleições que se realizarão em somente 11 dias.

Como amostra final de seu cinismo, como um tapa na cara adicional, o ato oficial se realizará no Bairro “El Cantri” de Alto Comedero, construído por Milagro Sala e a cooperativa Tupac Amaru.

El Cantri

Tradução: Tali Feld Gleiser, para Desacato.


El cinismo de Macri y su gobierno

Por Débora Mabaires, Buenos Aires, para Desacato.info.

En los últimos días de mayo, la Comisión Interamericana de Derechos Humanos (CIDH) sesionó en Argentina para tratar  algunos de los temas que el gobierno de Mauricio Macri decidió tapar bajo la alfombra.

Una de las entrevistas que realizaron los miembros de la Comisión, fue a Mario Volpe, dirigente del CECIM, Centro de ex combatientes de las Islas Malvinas quien denunció la inexplicable dilación de las causas penales iniciadas por ex soldados víctimas de torturas y vejámenes cometidos por miembros de las Fuerzas Armadas contra soldados durante la guerra de 1982. El expediente ya lleva 10 años en los tribunales argentinos, y las víctimas debieron recurrir a la CIDH luego de que la Corte Suprema declarara “prescripta” la causa, en sintonía con los fallos que garantizan impunidad a los genocidas y las políticas de Derechos Humanos del  gobierno de Macri.

El otro tema por el que la Comisión visitó al país, es por la detención arbitraria de Milagro Sala, quien solicitó una cautelar a ese organismo para denunciar las violaciones a sus derechos.

El gobierno de Mauricio Macri, a través de diferentes funcionarios, intentó deslindarse del tema con la excusa de que la justicia que la mantiene prisionera es la de la provincia de Jujuy, cosa que en los papeles es real, pero en la práctica, todos sabemos que el gobernador de Jujuy Gerardo Morales es parte del proyecto político del presidente.

El viernes la CIDH emitió su fallo, y dejó en evidencia que Milagro Sala es una presa política y que debe ser liberada inmediatamente, ya que el hostigamiento y las torturas a las que fue sometida ocasionaron un daño irreversible y pone en riesgo su vida.

Francisco Eguiguren, presidente de la Comisión, al ser consultado sobre si era o no una presa política, declaró: “Independientemente de que los delitos que le imputen no sean de ese tipo, sí se originan en función del ejercicio de su función de liderazgo de una organización cooperativa. Y porque es un caso que se ventila en la prensa, que tiene indudable trascendencia política entre el gobierno y la oposición. No es un caso cualquiera, y prevalece el hecho de que ella se haya autolesionado por esta desesperación y el agobio de la situación que es continua. “

Dice Eguiguren que se constató en la detención de Milagro Sala “…exceso de una vigilancia agobiante que no la deja moverse con libertad. Muchos procesos administrativos, sumarios, cuando ella ha reclamado un derecho propio o de otras internas. Entonces, estas condiciones de detención, hostigamiento por exceso de vigilancia, procesos disciplinarios, multitud de procesos judiciales, le han ido creado un cuadro de agobio que atañe su integridad psíquica, moral, y eso le genera un cuadro peligroso para su vida y su integridad. Con lo cual la Comisión llega a la conclusión, sin entrar a analizar los procesos, de que su permanencia en prisión pone en riesgo su vida severamente y por eso considera que cualquier continuidad de juicio debe darse o fuera de la cárcel en un arresto domiciliario o en libertad sometida a procedimientos de control que tienen en Argentina…”

Pero insólitamente, quien reconoció que Milagro Sala era una presa política es el gobierno de Jujuy, que a través de su ministro, Agustín Perassi expresó: “la situación de Sala bajo arresto domiciliario le dará mayor capacidad de acción política, un régimen ilimitado de visitas, escasas restricciones y el montaje de un sistema de comunicación que puede ser usado políticamente para influir en las elecciones“.

Mauricio Macri evitó referirse al informe de la CIDH y como respuesta, en el día de hoy viaja a Jujuy, a respaldar al gobernador Gerardo Morales  y a los candidatos de las próximas elecciones que se realizarán en apenas 11 días.

Como muestra final de su cinismo, como una bofetada adicional, el acto oficial se realizará en el Barrio “El Cantri” de Alto Comedero, construido por Milagro Sala y la cooperativa Tupac Amaru.

El Cantri

Foto de capa: Edição de imagem de  Leyes del Monte.

 

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