O cineasta e ativista argentino Fernando Solanas morre em decorrência da covid-19

Um dos grandes cineastas do mundo, Solanas foi senador e deputado pela Frente Grande na Argentina

Foto: Pino Solanas – divulgação

Por Julinho Bittencourt.

O cineasta e ativista argentino Fernando “Pino” Solanas, morreu aos 84 anos em Paris, dias depois de ser internado em um hospital por coronavírus. A informação foi veiculada neste sábado (7) pelo ministério das Relações Exteriores argentino.

“Enorme dor por Pino Solanas. Faleceu enquanto cumpria suas obrigações como embaixador da Argentina na Unesco”, disse o ministério no Twitter. “Será lembrado por sua arte, por seu compromisso político e por sua ética sempre a serviço de um país melhor”, acrescentou.

Solanas anunciou pelo Twitter, em 16 de outubro, que ele e sua esposa, Ángela Correa, haviam contraído a covid-19 na capital francesa, onde se encontra a sede da Unesco, e que estava internado em observação. Na imagem que acompanhava a mensagem, o cineasta aparecia em um leito de hospital e com máscara.

Cinco dias depois, o diretor premiado afirmou que o seu estado era “delicado”, mas que ainda “resistia”. Foi sua última mensagem na rede social.

Solanas estreou no cinema em 1962, com o curta “Seguir andando”. Em 1967 dirigiu o documentário “La Hora de los Hornos”, trilogia co-dirigida com Octavio Getino, com duração de mais de quatro horas, que se tornou um símbolo do cinema politicamente comprometido, de denúncia e resistência à ditadura.

Solanas dirigiu também, entre outros, “Perón: Actualización política y doctrinaria para la toma del poder”, entrevista com Juan Domingo Perón, que se tornou um documento reverenciado pelos jovens peronistas da época.

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Seu documentário “Memoria del saqueo”, sobre a precária condição social e econômica da Argentina, foi apresentado no Festival de Cinema de Berlim em 2004, mesmo ano em que Solanas recebeu o Urso de Ouro honorário em reconhecimento à sua carreira.

“El exilio de Gardel (Tangos)”, de 1985, foi premiado no Festival de Veneza, e Solanas recebeu o prêmio de melhor diretor no festival francês de Cannes por seu longa “Sur”, em 1988.

Em 1992, o cineasta foi eleito senador pela cidade de Buenos Aires e um ano depois foi deputado pela Frente Grande. Também foi candidato à presidência em 2007 pelo movimento Projeto Sul, progressista, ambientalista e de centro-esquerda, em aliança com o Partido Socialista Autêntico. Em junho de 2019, anunciou que ingressaria na Frente de Todos e endossou a chapa presidencial de Alberto Fernández e Cristina Fernández.

Com informações de A Tarde

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