Por Julinho Bittencourt.
O cineasta e ativista argentino Fernando “Pino” Solanas, morreu aos 84 anos em Paris, dias depois de ser internado em um hospital por coronavírus. A informação foi veiculada neste sábado (7) pelo ministério das Relações Exteriores argentino.
“Enorme dor por Pino Solanas. Faleceu enquanto cumpria suas obrigações como embaixador da Argentina na Unesco”, disse o ministério no Twitter. “Será lembrado por sua arte, por seu compromisso político e por sua ética sempre a serviço de um país melhor”, acrescentou.
Enorme dolor por Pino Solanas. Murió en cumplimiento de sus funciones como embajador de Argentina ante la UNESCO.
Será recordado por su arte, por su compromiso político y por su ética puesta siempre al servicio de un país mejor.Un abrazo a su familia y sus amigos.
— Cancillería Argentina ?? (@CancilleriaARG) November 7, 2020
Solanas anunciou pelo Twitter, em 16 de outubro, que ele e sua esposa, Ángela Correa, haviam contraído a covid-19 na capital francesa, onde se encontra a sede da Unesco, e que estava internado em observação. Na imagem que acompanhava a mensagem, o cineasta aparecia em um leito de hospital e com máscara.
Quiero contarles que junto a mi mujer, Angela Correa, dimos positivos de Covid-19, aquí en París. Por mi parte me encuentro en el hospital bajo observación médica. Mi mujer aislada en nuestra casa. Gracias por los mensajes de apoyo. Cuidémonos entre todos. pic.twitter.com/Q7hTaw85RJ
— Pino Solanas (@fernandosolanas) October 16, 2020
Cinco dias depois, o diretor premiado afirmou que o seu estado era “delicado”, mas que ainda “resistia”. Foi sua última mensagem na rede social.
Solanas estreou no cinema em 1962, com o curta “Seguir andando”. Em 1967 dirigiu o documentário “La Hora de los Hornos”, trilogia co-dirigida com Octavio Getino, com duração de mais de quatro horas, que se tornou um símbolo do cinema politicamente comprometido, de denúncia e resistência à ditadura.
Solanas dirigiu também, entre outros, “Perón: Actualización política y doctrinaria para la toma del poder”, entrevista com Juan Domingo Perón, que se tornou um documento reverenciado pelos jovens peronistas da época.
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Seu documentário “Memoria del saqueo”, sobre a precária condição social e econômica da Argentina, foi apresentado no Festival de Cinema de Berlim em 2004, mesmo ano em que Solanas recebeu o Urso de Ouro honorário em reconhecimento à sua carreira.
“El exilio de Gardel (Tangos)”, de 1985, foi premiado no Festival de Veneza, e Solanas recebeu o prêmio de melhor diretor no festival francês de Cannes por seu longa “Sur”, em 1988.
Em 1992, o cineasta foi eleito senador pela cidade de Buenos Aires e um ano depois foi deputado pela Frente Grande. Também foi candidato à presidência em 2007 pelo movimento Projeto Sul, progressista, ambientalista e de centro-esquerda, em aliança com o Partido Socialista Autêntico. Em junho de 2019, anunciou que ingressaria na Frente de Todos e endossou a chapa presidencial de Alberto Fernández e Cristina Fernández.
Com informações de A Tarde