Por Maurício dos Santos.
Lindolf Bell, filho de Theodoro e Amália Bell, nasceu na cidade de Timbó em 2 de novembro de 1938. Foi de seus pais que herdou a clareza dos poemas, os quais mesmo sendo produzidos na urbanidade, conservaram elementos da vida agrária. Os pais do poeta eram lavradores, porém, com um grande sentimento e conhecimento de mundo, o que definitivamente ficou enraizado em sua vida e obras.
Ao ser líder do Movimento Catequese Poética, o qual permitiu a milhares de pessoas o acesso à poesia e à arte, Lindolf Bell foi reconhecido nacionalmente e internacionalmente. Era um homem que abrigava o mundo no coração, que amava os girassóis, que via tudo como missão, encarando a palavra como uma dádiva e fazendo dela um instrumento de comunhão e solidariedade.
Lindolf Bell é atualmente o maior, o mais constante e importante nome da poesia catarinense, assim levantou-se a bandeira “como uma palavra tribal” em prol de sua memória, transformando seu sonho em realidade, buscando cada vez mais fazer com que o Bell casou-se com Elke Hering (reconhecida artista plástica), com a qual teve 3 (três) filhos: Pedro, Rafaela e Eduardo Bell.
Após difundir seu movimento pelo Brasil e exterior, fixou moradia na cidade de Blumenau, onde, juntamente com a esposa Elke Hering e os amigos Péricles e Arminda Prade, criou a Galeria Açu-Açu (primeira do estado de Santa Catarina). Além destas atividades, Bell também foi contador, professor, crítico de artes, conselheiro estadual da cultura do estado de Santa Catarina e marchand (promotor de eventos relacionados à arte).
Foi um nome ligado à invenção lógica, à ousadia, à uma capacidade mágica. Seguindo seus impulsos rompeu as amarras que prendiam a poesia, tornando e exigindo o contato direto com o leitor. Bell também difundiu suas idéias através de painéis-poemas, corpoemas…
Se o ofício do poeta é redescobrir a palavra, como dizia o autor de As Vivências Elementares, nosso ofício é o de redescobrir o poeta, através de suas palavras, tais como aquelas presentes na Metafísica Cotidiana: procuro a palavra-palavra a palavra fóssil, a palavra antes da palavra”. Esse impulso rumo às origens nos torna mais sensíveis e profundos.
Bell amava a terra e tudo o que dela advinha. Mergulhando no drama da humanidade; a sua poesia mantinha-se vibrante. Tratava sempre da vida, da terra, da infância, do destino, da solidão, do efêmero, do transceNdente, do sonho e da esperança.
Em uma entrevista do poeta à FCC (Fundação Cultural Catarinense), quando questionado sobre algo de sua residência, o mesmo respondeu: “Todas as coisas que me rodeiam são raízes. A jabuticabeira que deve ter quase cem anos, a caramboleira, os baús, os móveis e todos os objetos antigos não são uma forma triste de memória mas uma afirmação de que, num crescimento espiritual, num crescimento humano não podemos jogar nada pela janela ou no lixo.
Não podemos jogar fora as raízes – elas nos preservam e elas se preservam conosco, na memória ou dentro da terra, seja onde for, mas elas também nos projetam porque, à medida que elas se preservam na terra, elas crescem fazem a gente crescer, como uma árvore.
O homem é uma árvore que abriga amores, lembranças, outros seres, uma árvore que dá sombra e luz, e é para isso que a gente nasceu, fundamentalmente. Isso eu aprendi, é claro convivendo com meus pais e também com os vizinhos, que tinham maneiras semelhantes de viver e conviver, maneiras simples mas definitivas”, ou seja, é isso que se pretende preservar e que busca-se vislumbrar na Casa do Poeta Lindolf Bell.
Faleceu em 10 de dezembro de 1998, em Blumenau, Santa Catarina.