Golpes de Estado em escala internacional como o acontecido na Líbia em 2011, as invasões aos países árabes, os constantes ataques do Estado Islâmico, são parte de uma forte conspiração que é transmutada num discurso vagabundo e anti-humano. Enquanto isso a campanha política nos Estados Unidos tenta resumir estes dados a um só problema, a migração.
Por Ronnie Huete Salgado, de Washington DC, para Desacato.info
O barulho politiqueiro que emite o candidato republicano Donald Trump, é um som de uma clara advertência: os cidadãos não brancos e não nascidos nos Estados Unidos, não têm direitos, são inumanos.
Com uma maciça e midiática campanha de ódio, Trump se ganhou a simpatia de um forte setor estadunidense, que está totalmente de acordo com o que declara o candidato republicano em suas exposições.
A força deste setor estadunidense desnuda uma sociedade branca nos Estados Unidos, que vestia roupas de hipocrisia e falso pudor perante os imigrantes, que radicam nesse país do norte da América e que realizam os trabalhos que requerem uma maior força de mão de obra.
Trump é o rosto de muitos estadunidenses que esqueceram que seus antepassados também são imigrantes da Irlanda, Inglaterra, França, entre outros países da Europa do leste, onde houve uma forte emigração judia asquenaze.
Washington, junto com alguns democratas, parece dar o aval a este enredo de palavras que emite Donald Trump, e mais, existe uma hipótese de que tudo é uma conspiração para que a candidata democrata, Hillary Clinton, se observe como a perfeita candidata, frente a um racista declarado.
O ódio nos olhos e movimentos de Trump, com o que fará ou deve de fazer, um presidente dos Estados Unidos, frente à migração tem desencadeado a imigração como um problema, mais que como uma alternativa de crescimento econômico.
Mas, Clinton será sincera em seu discurso quase puritano ante o ódio racial, ou será uma estratégia mais das que os republicanos e os democratas estão acostumados a efetuar para enganar as massas ou os votantes?
A fúria do monopólio midiático dos Estados Unidos enaltece o discurso de Trump, e isto influi diretamente no pensar das massas estadunidenses, cuja maioria desconhece a realidade geopolítica mundial e a crise que esta mantém.
Certo analfabetismo político, que se respira nas ruas de Washington D.C. em alguns dos seus cidadãos, é um paliativo para que a confusão democrata-republicana, surta efeito ante as massas e votem nas próximas eleições presidenciais pelo não racista.
Hillary é a não racista, a impositiva com relação aos direitos migratórios, mas, seu pano de fundo político realmente se sincera com a realidade segregacionista que vivem milhões de pessoas imigrantes nos Estados Unidos.
Os interesses de Washington frente a estas polêmicas eleições gerais que marcam o relógio político dos Estados Unidos, tem se reduzido só ao tema migratório, criando uma islamofobia generalizada em todo o mundo, mas, os problemas reais do típico estadunidense médio, onde fica?
O sistema de saúde e educação mais caro do mundo, junto com as necessidades de moradia, endividamento hipotecário, entre outras variáveis sociais e econômicas que empurram no abismo o estadunidense médio, são tampadas com o discurso migratório.
Sem dúvida, a redução dos imigrantes e o máximo apoio em relação com as leis legislativas contra uma população não branca, cada vez mais segregada, será a agenda de quem chegar ao Executivo dos Estados Unidos.
Obviamente, sempre obedecendo o roteiro internacional dos magnatas e corporações, quem determinam os raquíticos salários dos escravos modernos que emigram do sul para serem explorados, até chegara ao aniquilamento dos seus corpos como produto do trabalho em que se desempenham.
Hillary e Trump seguirão enganando às massas mundiais, por um lado, um com seu discurso racista e, a outra, com uma postura “sóbria” ante o tema, porém, as invasões, através das guerras na Líbia, Síria, Afeganistão e demais nações árabes cuja população é aniquilada a diário, seguirão procedendo segundo o caminho escuro do petróleo.
A soma de ambos os candidatos dará igual à proporção dos interesses multimilionários que os magnatas dos Estados Unidos, “defendem” a diário pelo mundo.
Versão em português: Raul Fitipaldi, de América Latina Palavra Viva – Traduções, para Desacato.info