O Caminhão de mudança. Por Roberto Liebgott.

Foto: Reprodução/Twitter

Por Roberto Liebgott, Cimi Sul – Equipe Porto Alegre.

O Palácio estava enfeitado para as ceias de final de ano, havia no presidente muitas expectativas com os festejos, a mesa seria farta, muita comida, flores enfeitando a prataria, tudo preparado, pois proporcionaria, ao seu povo amigo, uma grandiosa euforia.

Ele desejava o ajuntamento da família, reunir todas as gentes, esposa, ex-esposas, filha e filhos, desde o zero um ao zero quatro, as amantes, ficantes, acompanhantes, o festerê prometia, seria alucinante.

Queria junto dele os de sempre, generais da ativa e da reserva, alguns cabos e soldados, já que teriam no prato principal peru recheado, como sobremesa muito leite condensado, para beber energéticos, viagras, vinhos, cervejas e whisky do estrangeiro, mas não faltaria a caipirinha do brasileiro.

Os pastores, sem as bíblias, os louvores, portariam cordões e pulseiras de ouro, acompanhados de Damares, sempre bem vestida de rosinha, dariam as boas-vindas aos amigos do centrão, mas sem deixar de prestar atenção na Michele, não poderiam faltar-lhe à maquiagem e o vestido de réveillon.

Derrepente o presidente desperta, a vida volta a ser normal, através de um som estridente, que vinha lá de fora do quintal, do lado do cercadinho – de onde a cada dia fazia apologia às armas, à cloroquina e dizia que não haveria vacina, pois faltava, na verdade, acertar os valores da propina – era a buzina do caminhão de mudança, que chegava, naquela hora, para recolher os entulhos da última governança.

Feliz 2023!

Porto Alegre, RS, 17 de dezembro de 2022.

Roberto Antônio Liebgott é Missionário do Conselho Indigenista Missionário/CIMI. Formado em Filosofia e Direito.

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