“O Brasil real está ali, sobrevivendo, com um monte de João Grilo e Chicó”, diz Guel Arraes

Imagem: Reprodução

Remasterizado, “O Auto da Compadecida” volta à TV Aberta em janeiro com os personagens que marcaram época

Lançada em 1999, a minissérie “O Auto da Compadecida” estará de volta à TV aberta no dia 7 de janeiro. Sucesso em audiência, a trama será remasterizada com novos efeitos sonoros e uma nova abertura. A volta da série foi exaltada pelo diretor Guel Arraes, que destacou que a produção inspirada no clássico de Ariano Suassuna representa o Brasil não-oficial.

“O Ariano me falava muito, acho até que é do Machado de Assis essa história, que há o Brasil oficial e o Brasil real. A gente está vivendo muito o Brasil oficial. Só se fala em política, quem vai ganhar eleição… E o Brasil real está ali, sobrevivendo, com um monte de João Grilo e Chicó. O cara sobrevive sem nenhuma assistência…”, disse Arraes em entrevista para os jornalistas Mauricio Stycer e Cristina Padiglione, do Uol.

Ele ainda exaltou o fato da obra levar o Brasil real para a dramaturgia. “Quase que não tem mais ligação entre esses dois mundos. Acho que é muito isso que o Ariano trouxe para a dramaturgia. Você vê o Brasil real. É muito emocionante”, disse.

O diretor ainda comentou sobre a forma como a obra de Suassuna retrata a religião. “A visão que tem da religião no Auto é incrível. Ariano era protestante. Convertido. Se você for ver a religião no Auto, qual é o charme dela? É contra a religião oficial. É contra a Igreja estabelecida. Isso também é uma visão que a esquerda não está vendo hoje em dia. Ele tem uma intuição…”, disse.

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