Por João David Jr.
A crise energética que assola o país traz consequências desastrosas a todos os brasileiros. O preço da energia chegou a patamares nunca imaginados e os reservatórios chegaram ao nível mais baixo da história, superando os níveis do apagão de 2001.
Estamos num colapso da geração de energia, bombeando lama nas hidroelétricas e contratando, há um preço exorbitante, a energia de termelétricas enferrujadas.
Mas essa era uma crise anunciada. As mudanças climáticas e a redução do regime de chuvas em decorrência do aumento das queimadas, já davam indícios, nos últimos anos, que enfrentaríamos uma situação calamitosa. Em 2020 a situação piorou e nada foi feito. Um governo que nega a ciência, esperou por chuva, mas ela não veio.
Segundo o professor Maurício Tolmasquim, professor da pós-graduação em planejamento energético da UFRJ, houve má gestão da crise e que desde o fim do ano passado “todo mundo sabia que os reservatórios estavam baixando, e as termelétricas não funcionavam a plena capacidade ou a uma capacidade maior. E o mais surpreendente: em fevereiro, se diminuiu ainda mais a geração térmica e só em maio que elas foram autorizadas a despachar”. Agora, de forma morosa, o governo prepara um leilão para comprar energia e pagará até R$ 1.000,00 por MWh (megawatt-hora) pela produção de energia das termelétricas.
Esse custo agrava ainda mais uma população já assolada pela pandemia de COVID 19 e que pagará sobrepreço na energia, pelo menos, até 2025. O último aumento na energia elevou o patamar de “bandeira vermelha” a “escassez hídrica” encarecendo a, já cara, conta de luz dos brasileiros em 7%, afetando também o setor produtivo o que contribui para elevação da inflação já pressionada pelo aumento dos juros e redução de crédito.
A solução estava dada em 2020 e passava por aumentar gradualmente a participação das termelétricas diminuindo a pressão nos reservatórios, contratando energia mais barata e dando espaço para recuperação nas hidroelétricas.
Agora a emergência está dada, a iminência de apagão é real e só nos resta esperar pela chuva e pelo crescimento de fontes alternativas de energia que nos ajudem a sair dessa crise e das que estão por vir.
Faltará luz no governo sem planejamento, sem água, sem ciência e sem rumo.
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