Em entrevista exclusiva à NSC, publicada em 26 de fevereiro, o governador Moisés admitiu que é possível que em junho/julho o estado não tenha dinheiro para fazer os devidos pagamentos salariais de forma integral aos servidores, alegando difícil situação financeira um mês após o governo comemorar arrecadação de R$ 26,1 bilhões em 2018, o que significa 13,3% a mais que em 2017. Detalhe que o mesmo Secretário da Fazenda, herança do curto governo Eduardo Pinho Moreira, rechaçou a informação dada, em 30 janeiro por colunista do SC em Pauta, de que era possível atraso de salários dos servidores. Ao rebater a informação, o Secretário enviou ao colunista até as datas de pagamentos do 13º, dispostas no Portal do Servidor.
Sabe-se que a situação financeira do Estado realmente não é das melhores, principalmente pelo congelamento dos gastos previstos por dois anos devido a renegociação a dívida pública, feita por Raimundo Colombo. No entanto, o descontrole e a falta de transparência nas isenções fiscais, de em média R$ 6 bilhões, permitidas no passado deixam dúvidas sobre as prioridades reais dos governos. Tanto que deputados estaduais estão buscando assinaturas para formar uma Comissão Parlamentar de Inquérito acerca das isenções na Assembleia Legislativa.
Um dos vários questionamentos que podemos fazer é: como vão ficar os salários dos trabalhadores em empresas públicas vinculadas à Secretaria de Agricultura e da Pesca que, conforme o ACT 2018/2019, começarão a receber em junho reajuste do INPC referente a 2018? Em cálculo do Dieese/SC, no ano passado, o impacto na folha resultante do reajuste de 1,69% nos salários seria de no máximo 0,07%, enquanto a folha de pessoal das empresas representa menos de 6% do total.
Se há uma crise nas finanças, como o governador Carlos Moisés permitiu que o teto nos salários de 900 servidores, aumentasse, crescendo gastos em R$ 6 milhões mensais ou R$ 72 milhões anuais na folha?
O governo que se elegeu prometendo fazer uma nova política está, mais uma vez, agindo como as velhas raposas ao colocar os que menos ganham a pagar a conta.